Dna. Zilda Arns ‘In Memoriam’: Festança no Céu, ‘Chororô’ aqui, artigo de Américo Canhoto
Fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, é uma das vítimas brasileiras do terremoto que atingiu ontem (12) Porto Príncipe, capital do Haiti Foto: Valter Campanato/Arquivo ABr
FESTANÇA NO CÉU: QUEM QUISER PARTICIPAR – ESTEJA Á VONTADE.
[EcoDebate] Se nesse mundão de Deus, houver um lugar chamado céu; lá a festança vai durar vários dias para comemorar a chegada de uma alma especial – com certeza quem puder acessar; vai se deliciar com o letreiro em dourado, azul e rosa: BEM VINDA ZILDA ARNS – esperamos acrescentar a ele a energia de nossas “sodades”.
Morreu aqui, nasceu lá – Mas, para nós que aqui ficamos; sobra o sentimento de perda irreparável – Dona Zilda pela sua grandeza ela torna-se uma pessoa insubstituível a curto e médio prazo. É bom chorar; pois, ela vai fazer muita falta nos turbulentos dias que virão. Se nós somos todos filhos de Deus e participantes da Humanidade – O que nos diferencia? – Há almas tão pequenas que se mudam para o plano espiritual, e que de tão apequenadas pelo próprio ego ninguém percebe sua partida; pois deixam um vazio ínfimo; viviam apenas para si mesmas – o que fez com que passem pela vida sem vivê-la de fato; mas quando as almas agigantadas se vão; fica um enorme vazio na consciência da humanidade proporcional á estatura espiritual de quem mudou de CEP.
Certamente ela não era um “anjo que Deus colocou aqui” como gostamos de usar na forma de desculpa e justificativa para nossa conduta de viver normal; ela apenas viveu a vida como é possível a todos vivermos; de forma plena. Claro que o “berço” deve ter influenciado; pois parece que é “mal” da família Arns viver para servir de forma cristã. Ela não nasceu diferente nem marcada pela santidade; apenas tornou-se uma pessoa diferente da maioria. Pode-se dizer que seu jeito de viver foi anormal, pois não precisava se esforçar para amar, compreender, sorrir, acolher – mas, para nós, os normais, o viver se resume á preocupação com nossos interesses de cada momento e dos que denominamos: nossos amores.
Ela teve uma boa e até invejável morte – sim que morte mais satisfatória do que a de quem se encontra em pleno trabalho, fazendo aquilo que gosta com muita força e prazer.
Nada de pêsames – nossas congratulações á sua família; especialmente á sua mãe – talvez o segredo da sua forma de viver tenha advindo não do DNA; mas do vício de sentir a energia do prazer de servir, amar, sorrir, viver de forma disciplinada e coerente – Ah! – Se todos os pais mostrassem ás crianças o prazer de ajudar, de um sorriso, de um abraço, de compreender o outro; de colocar os interesses coletivos acima dos seus – garanto que nunca precisaríamos nos preocupar com maconha, crack, cigarro, álcool, prevaricações e desmandos.
Apenas quem vive e convive com o ser humano aprendendo a compreender para servir; pode aquilatar o valor dessa alma que elegi há muito tempo como uma das maiores médicas de todos os tempos a atuar em nosso país. Milhares de brasileiros devem a continuidade de sua vida á sua dedicação simples, amorosa, efetiva. Sim efetiva; até por que sua obra vai continuar a todo vapor; sua presença mesmo que não vista por olhos de quem não quer ver, continuará sendo sentida por todos os voluntários da Pastoral e de outras.
Sou um admirador da sua forma de espiritualidade prática e eficiente – meio que um São Paulo de saias – não viveu á sombra de sua obra nem se aproveitou dela para amealhar nada – e não viajava na maionese da teoria do amor ao planeta e ao próximo; ia lá e fazia: realizava, amava – e – pronto. Como cristã que sempre foi seguia Jesus ao pé da letra: “Pelos frutos se conhece a árvore”.
Li que alguém disse no seu velório que ela já estaria naquele momento no céu; constrangido; peço desculpas para discordar – Ela sempre esteve no céu a cada minuto de sua vida – pois, como diz Wagner Borges, um amigo meu: “céu e inferno são portáteis” – estão onde estivermos.
Em nome de muitos brasileiros rogamos á Dona Zilda, que certamente será convidada pelos maiores da espiritualidade a habitar mundos mais evoluídos e menos egoístas:
Volte logo! – Vai fazer muita falta!
Enquanto isso; nós que aqui ficamos vamos também tentar seguir seu exemplo de viver de forma anormal: simples e disciplinada e amorosa e objetiva.
VALEU DONA ZILDA!
Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.
* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 18/01/2010
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