Pesquisa brasileira desenvolve novo tratamento para câncer no cérebro
Ácido gama-linolênico (AGL) provoca a destruição das células cancerígenas e preserva a integridade das células sadias diminuindo as chances de reincidência da doença
Estudo inédito realizado no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) aponta um novo tratamento para o glioma, câncer que atinge o cérebro.
O bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Juliano Andreoli Miyake, do Laboratório de Metabolismo da Célula Tumoral, realizou uma pesquisa bem sucedida com ratos. Foram implantadas células de glioma no cérebro dos animais, onde o tumor cresceu por 14 dias e em seguida bombas osmóticas, que infundem o ácido gama-linolênico (AGL) de forma constante, foram instaladas no dorso.
Na etapa seguinte os bichos foram separados em dois grupos: um recebeu liquor artificial, solução semelhante ao plasma sanguíneo presente nas cavidades cerebrais e medula espinhal, e o outro AGL. Observou-se a diminuição do tumor no grupo que recebeu o ácido. A explicação é simples: quando entra nas células cancerígenas, gera substâncias que as destroem, já as células comuns não sofrem dano, pois têm proteção natural.
Tratamento eficiente
Por meio de sua incorporação na célula como constituinte das membranas celulares, o ácido é capaz de fazer com que o tumor diminua de tamanho e tenha menos microvasos sanguíneos. Encontrar substâncias que sejam capazes de diminuir, ou de preferência destruir as células tumorais para o tratamento eficaz do glioma e melhorar a sobrevida e a qualidade de vida do paciente acometido por essa patologia é o objetivo da pesquisa do dentista Juliano que, orientado pela Doutora Alison Colquhoun, desenvolve sua tese desde 2003.
“Agora, seria interessante iniciar os estudos utilizando o AGL como tratamento do glioma em humanos e dessa forma verificar se os efeitos são os mesmos que o AGL causou nos ratos”, diz o pesquisador.
Hoje, o tratamento do câncer na glia, conjunto de células que envolve os neurônios, é feito com cirurgia ou radioterapia, tratamentos focais e localizados. Como esse tipo de tumor tem características migratórias e invasivas, o sucesso do tratamento é dificultado, pois as células que migram não são atingidas, o que pode ocasionar uma reincidência do tumor.
“Espero que o tratamento com o AGL traga benefícios na qualidade e na expectativa de vida do paciente, já que esse tumor não tem um tratamento que seja eficaz. O interessante é juntar a pesquisa básica com a aplicação clínica, afinal as pesquisas são feitas com essa finalidade”, afirma Juliano. No futuro, os pacientes que sofrem de glioma poderão se beneficiar do novo tratamento que pode servir para diminuir o tumor e a sua vascularização.
AGL
O ácido gama-linolênico é uma gordura retirada de óleos vegetais que, ao entrar nas células tumorais, passa a ser fonte energética. Essa metabolização de lípides gera radicais livres, elementos tóxicos. Contudo, as células tumorais possuem escassas enzimas responsáveis pela eliminação desses radicais, o que aumenta sua presença no meio intracelular, podendo causar quebra de DNA e morte celular.
Informe do CNPq, publicado pelo EcoDebate, 16/01/2010
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