A revolta da natureza contra o ‘bicho homem'(II), artigo de Jorge Barros
HISTÓRIAS DO TIÃO JANJÃO: NO TEMPO EM QUE OS BICHOS FALAVAM
“O homem aprendeu a voar como um pássaro, a nadar como um peixe, mas o que ele precisa, exatamente, é aprender a viver como homem”. Miguel Unamuno
[EcoDebate] O subtítulo acima além de ser a continuação do artigo A Revolta da natureza contra o bicho homem I, é também uma resposta ao comentário hedonista feito por Renato Machado no programa “Bom Dia Brasil”, sobre a tragédia de Angra dos Reis, ao entrevistar os parentes das vítimas, quando em alto e bom som disse em defesa estritu sensu do bicho homem: “a pior dor e a dor da perda”. Imediatamente viajei no tempo e no espaço, indo até as décadas de 50/60, na rádio Nacional, via meu radinho rabo quente movido a válvula, com o inusitado programa denominado: “Histórias do Tião Janjão: No tempo em que os bichos falavam”, que era recorde nacional de audiência das crianças e adultos. Eu era tão envolvido com esse interessante e curioso programa que cheguei acreditar por algum tempo, com meus doze anos, que um dia os outros bichos ou espécies também falaram, é mole?
Em um exercício de imaginação contemplei, agora, o “Tio Renato Machado”, como arremedo de Tião Janjão, entrevistando no programa Bom Dia Brasil, como “DIREITO DE RESPOSTA”, todas as espécies em extinção provocada pela ação danosa ao meio ambiente pelo bicho homem, à semelhança da entrevista acima. E foram convidados para essa inusitada entrevista a senhora Minhoca e o senhor Elefante como representantes de todas as espécies, ou seja, um que vive debaixo da terra e outro em cima respectivamente, certo?
Entrevista coma comadre Minhoca: – E aí minhoca, como você observa o atual quadro socioambiental de sustentabilidade do planeta Terra? – Bem: o bicho homem precisa ser urgentemente reeducado e até severamente disciplinado para compreender que quando ele se mata, ele morre sozinho ou no máximo mata a sua família conforme aquela entrevista que você fez ontem aqui com os parentes dos bichos que morreram e que vocês humanos chamam de tragédia, mas para nós seres integrados ao ecossistema e a natureza, conhecemos como regeneração ou acomodação da natureza e a ciência de vocês chama de resilência. Mas, quando ele me extingue com outras espécies do ecossistema, e é o que ele vem fazendo com o uso indiscriminado das pesticidas e outros produtos na agricultura, ele além de morrer por intoxicação, que é um problema dele, mas ele destrói também todas as espécies e a natureza em geral, e isto ele não tem o direito de nos exterminar e nos deixar órfãs. Já perdi muitos dos meus parentes e amigos e amigas de subsolo e solo também (aqui lágrimas e choro de balde por parte da minhoca) por causa desse único bicho degradador chamado homem. Hoje há uma revolução em curso no subsolo da Terra com constantes reuniões de todos os seres vivos para descobrirmos como nos livrar para sempre desse indesejável ser degradador e já contamos também com o apoio das demais espécies que vivem acima do solo, cujo representante indicado por eles é o compadre Elefante, pois o bicho homem atualmente está para todas as espécies e para o próprio ecossistema como um dia a Saúva esteve para o Brasil, ou seja, ou “acabamos com ele ou ele acaba com as vidas que ainda restam no planeta Terra! E para isto estamos integrados, coesos e dispostos a usar todos os recursos que a natureza colocou à nossa disposição, tais como chuvas intensas, enchentes, pedras rolando, maremotos, terremotos, vulcões, furacões e etc., contra tudo aquilo que o bicho homem construiu em áreas e lugares que ele pensa ser só dele e de mais ninguém. Nenhuma espécie no planeta Terra suporta mais esse egocentrismo doentio e descarado do bicho homem e ele terá que pagar com o preço de sua própria vida para a sobrevivência dos demais e da própria natureza, e isto é fato, não é compadre Elefante?
Entrevista com o compadre Elefante: – Bom dia Renato Machado e telespectadores! – Estou aqui em nome de todas as espécies não extintas por essa hoje nociva e marginal criatura ao ecossistema que é o bicho homem, e que habitam sobre a terra, como muito bem disse a comadre Minhoca. Fui indicado não por ser fisicamente o maior ou por estar também em extinção desde que o bicho homem descobriu o poder do lucro com a comercialização do meu marfim para seu asqueroso enriquecimento, mas sim por pertencer a uma região, cujo habitat foi o berço e maternidade do bicho homem, e que esta se encontra também em extinção. Refiro-me ao continente africano. Se ele não soube respeitar, amar, valorizar e preservar o que lhe deu a vida e a beleza da vida, transformando tudo aquilo em um caos e destruição, pergunto: – Essa espécie merece continuar vivendo?
Na mesma hora o programa Bom Dia Brasil saiu do ar. No dia seguinte os jornais publicaram que a entrevista em questão constrangeu a emissora por ter esta recebida milhares de protestos do mundo inteiro, inclusive com interferência da ONU. Mais tarde fui entender a razão: É que a CIA, orquestrada pelos Republicanos de Bush filho e Dick Chenney (os Falcões), descobriu imediatamente que todas as espécies do planeta Terra, pior do que qualquer ataque da Al Kaeda de Bin Laden, já haviam planejado transformar da ficção para a realidade um mega projeto planetário democrático com seis bilhões de atores, inclusive eu, denominado: Planeta dos Bichos.
Colaboração de Jorge Barros, Educador, gestor socioambiental e apicultor, para o EcoDebate, 09/01/2010
jorgemarcosbarros{at}gmail.com
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