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Síndrome do Ovário Policístico (SOP) atinge uma em cada 15 mulheres em idade reprodutiva

Síndrome do Ovário Policístico (SOP) atinge uma em cada 15 mulheres em idade reprodutiva
Infográfico do Correio Braziliense. Para acessar o infográfico no tamanho original clique aqui.

Cistos em excesso - Síndrome hormonal que altera o ciclo da menstruação pode atingir mulheres de qualquer idade e, se não tratada, provocar doenças como o câncer, além de levar à infertilidade.

Irregularidades no ciclo menstrual, acne, aumento do peso e de gordura abdominal, dificuldade de ovulação, aparecimento de pelos nos seios e na face (hirsutismo) são disfunções comuns em mulheres acometidas pela síndrome do ovário policístico (SOP). Dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) revelam que o problema atinge uma em cada 15 mulheres em idade reprodutiva, pode comprometer a fertilidade e está relacionado a riscos de desenvolvimento do câncer de endométrio (tumor na parede interna do útero), de ataque cardíaco e de diabete.

Especialistas definem a SOP como um conjunto de sintomas que provocam, na maioria das vítimas, ciclos anovulatórios, associados à produção excessiva de androgênios – hormônios sexuais dominantes nos homens. Considerada um mal comum, a síndrome dos ovários policísticos pode se manifestar de diferentes formas. O endocrinologista André Neves Mascarenhas explica que a causa ainda não foi descoberta, mas estudos recentes sugerem que ela está relacionada a uma disfunção hormonal que leva ao aumento da produção da insulina, já que o organismo torna-se resistente a ela. Isso ocorre, provavelmente, devido a um defeito genético herdado. Mais de 50% das mulheres com ovários policísticos são resistentes à insulina. “Na verdade, a SOP é uma doença endócrina complexa, que ainda não tem cura, mas os sintomas podem ser minimizados”, aponta o médico. Reportagem de Márcia Neri, no Correio Braziliense.

O problema é que os níveis altos de insulina desencandeiam transtornos mais comprometedores do que os fatores estéticos. “Os hormônios masculinos acabam provocando o aumento da pelificação nas mamas e no rosto, a acne e irregularidades menstruais. Mas nada impede da mulher ser vítima de ovários policísticos e não apresentar sintomas tão comuns. Temos verificado, no entanto, que pacientes com o problema ficam mais suscetíveis à obesidade, têm risco maior de desenvolver diabete, pressão alta, anormalidades no colesterol e doenças do coração”, conta Mascarenhas.

Sintomas parecidos
Não existe uma época específica para a ocorrência dos múltiplos e pequenos cistos no ovário. Qualquer mulher em idade reprodutiva pode desenvolvê-los. O diagnóstico depende de uma conversa detalhada entre médico e paciente, além de exames que descartem outras doenças que têm manifestações parecidas às da síndrome. A hiperprolactinemia (aumento da prolactina) e as alterações da glândula suprarrenal, por exemplo, produzem sintomas similares aos da SOP.

“O exame de ultrassom pélvico representou um avanço no diagnóstico. No entanto, para confirmá-lo, é preciso que os múltiplos cistos no ovário estejam associados a outros fatores, como hirsutismo, irregularidade menstrual com dificuldade em ovular, alterações nos hormônios masculinos ou aumento dos ovários”, afirma o ginecologista Petrus Sanchez. “É importante, ainda, que a paciente não esteja tomando anticoncepcionais na ocasião do exame, pois eles podem mascarar os índices de hormônios produzidos naturalmente”, lembra.

A assistente de comunicação Karine Meira, 21 anos, decobriu que tinha ovários policísticos ainda na adolescência. O ciclo menstrual estava totalmente irregular, e ela chegou a ficar quatro meses sem menstruar, além de apresentar os indesejáveis pêlos no rosto. Alerta aos sintomas, Karine foi atrás de informações na internet e suspeitou que pudesse ser portadora da SOP. “Procurei um ginecologista, e o diagnóstico foi comprovado por um exame de ultrassonografia que não deixou dúvidas. Fiquei preocupada, principalmente com a questão da infertilidade”, revela.

Karine conta que não chegou a ter problemas com a acne, mas confessa que os pelos na face a incomodavam mais do que a ausência da menstruação. A indicação médica foi um anticoncepcional que resolveu a questão da irregularidade menstrual e amenizou a ocorrência dos pelos no queixo e nas laterais do rosto.

Câncer
A síndrome dos ovários policísticos pode trazer outras implicações para a vida da mulher. “São problemas relacionados com as alterações resultantes da anovulação, como infertilidade, hemorragias uterinas, além da exposição contínua do endométrio (revestimento interno uterino) ao estrogênio. Essa exposição, sem a ação adequada da progesterona, pode propiciar o aparecimento de câncer de endométrio, cujo risco é três vezes maior em mulheres com SOP”, alerta Petrus Sanchez.

O tratamento é individualizado, pois depende da fase da vida da mulher e das manifestações que a incomodam mais. No entanto, dieta e exercícios são indicados para todas as pacientes. O ciclo menstrual é restabelecido com a ajuda de hormônios suplementares, como a pílula de progesterona ou a que combina progesterona e estrogênio. Para aquelas que, mesmo usando os anticoncepcionais, permanecem com hirsutismo, são indicados medicamentos antiandrogênios. Ainda que o diabete não tenha se manifestado, alguns médicos já optam por receitar drogas que tratam a resistência à insulina, pois elas podem diminuir o nível de testosterona, restabelecer o ciclo menstrual e impedir a infertilidade. A cirurgia é usada muito raramente.

EcoDebate, 08/01/2010

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