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Aceleração da liberação de metano no Ártico pode ter consequências dramáticas no clima do planeta

 

 

Aceleração da liberação de metano no Ártico pode ter consequências dramáticas no clima do planeta

Ártico libera metano mais rapidamente, diz estudo – Cientistas da universidade do Alasca, em Fairbanks, nos Estados Unidos, afirmaram ter descoberto o que parece ser um aumento dramático na liberação de gás metano do fundo do Oceano Ártico.

O metano é um dos gases que provocam o efeito estufa e é 20 vezes mais potente que o CO2 em seu efeito de aprisionar o calor na atmosfera.

O resultado foi obtido através da medição de fluxos de gases no norte da Rússia.

“A liberação de metano da Plataforma Oriental da Sibéria parece continuar a estar mais acentuada do que deveria”, afirmou o cientista Igor Semitelov, que liderou o grupo de pesquisadores. O professor Semiletov vem estudando a liberação de metano da região há décadas e deve publicar suas novas conclusões em breve. Reportagem da BBC Brasil.

Depósito de gases

A plataforma siberiana atua como um enorme depósito de gases como o carbônico e o metano, muitas vezes armazenados como hidratos gasosos, mas está cada vez mais exposta ao aquecimento.

Agora, ela estaria liberando uma quantidade maior de metano no mar e na atmosfera do que anteriormente.

Até recentemente, esta região de permafrost (solo de rochas e gelo) era considerada estável, mas agora cientistas acreditam que a liberação de um gás do efeito estufa tão poderoso pode acelerar o aquecimento global.

Maiores concentrações de metano na atmosfera estão contribuindo para a elevação das temperaturas na Terra. Elas, por sua vez, devem levar a um maior derretimento do permafrost que, dessa forma, liberaria ainda mais metano na atmosfera, realimentando o ciclo.

Os cientistas dizem que na pior das hipóteses, essa retroalimentação pode chegar a um ponto tal, em que bilhões de toneladas de metano seriam despejadas na atmosfera repentinamente, coisa que já aconteceu pelo menos uma vez na história do planeta.

Alguns postulam que liberações repentinas, associadas a picos nas temperaturas globais, podem ter sido fatores importantes na extinção em massa de espécies.

Aquecimento

Estudos da agência americana para oceanos e atmosfera (Noaa, na sigla em inglês) indicam que a temperatura da região na primavera no período de 2000 a 2007 ficou em média 4 graus centígrados acima da registrada de 1970 a 1999.

Segundo os pesquisadores da Universidade do Alasca, essa é o maior aumento de temperatura registrado em qualquer região do planeta.

O derretimento de permafrost das últimas décadas liberou parte da grande reserva de gases produzida pela matéria orgânica de animais e plantas mortas. O hidrato de metano fica abaixo dessa camada.

Acreditava-se, entretanto, que grande parte deste gás fosse absorvida pelo mar, antes de chegar à atmosfera.

Os resultados compilados pelo professor Semiletov a pedido da organização ambientalistas WWF, indicam que o metano liberado do fundo do mar está atingindo a atmosfera sem se dissolver no oceano.

Por isso, segundo os especialistas, a concentração do gás na atmosfera da região é cem vezes maior do que o normal, chegando a ser até mil vezes maior em alguns casos.

‘Sem alarme’

Mesmo assim, os especialistas dizem que não há motivos para alarme e destacam que são necessários mais estudos para determinar as causas exatas para a liberação do metano.

“É importante entender a velocidade e a forma como o gás está sendo liberado”, afirmou o cientista .

Algumas estimativas indicam que até 1,6 trilhão de toneladas de carbono – praticamente o dobro do que se encontra na atmosfera – estejam presas sob o permafrost.

Cientistas temem que a liberação dos gases poderiam ter efeitos catastróficos no planeta.

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EcoDebate, 08/01/2010

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