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Artigo

Em 2010, Dê um presente para quem te ama : Pare de reclamar, artigo de Américo Canhoto

NA DÚVIDA É MELHOR CALAR!

[EcoDebate] 2010 é o ano da cura das nossas doenças físicas, mentais, sociais, políticas, religiosas, afetivas, ecológicas ou o ano da morte – ou vai ou vai. – tal e qual os anteriores; e os próximos…

Para tornar nossa vida mais agradável e a dos em torno; eu me arrisco a dar a idéia de criar uma meta: vamos acabar com a chatice da reclamação.

Seja na vida íntima, afetiva, familiar, política, financeira… – Suspeito que, reclamar esteja no nosso DNA; pois muitos de nós já nascemos reclamões; do tipo bebê que abre o bocão á menor contrariedade e tenta ganhar tudo no choro e na birra – Somos uma sociedade de reclamões que gostam de levar vantagem em tudo; adoramos privilégios e reclamamos dos direitos; pois eles têm que ser exercidos – Nós incorporamos como caricatura cultural a figura do ”anão zangado” ou do técnico de futebol que vive reclamando do juiz, da tabela, da imprensa, da sua falta de.

Reclamar com justeza e razão, é um direito que obrigatoriamente deve ser exercido; mas, reclamar demais pode ser doença; um transtorno mental que se manifesta por meio de uma insatisfação que parece eterna; estilo vício. Um chatonildo – aquela pessoa que nunca está feliz com nada – lembra muito o estado de espírito de um mal-humorado crônico. Neste manicômio cada vez mais globalizado; as lamentações constantes, no entanto, podem ser sinal de uma doença chamada Distimia – é um estado crônico de depressão, mas com sintomas mais brandos, porém constantes – Claro que esse quadro se estenderá pela sociedade neurótica em que vivemos que tende a se tornar dístimica e midiática; pois a Neurose agrava a Distimia que alimenta a neura e os crimes perante vida – como a Depressão que incapacita e, nada mais é, do que a birra de um reclamão ou distímico perante Deus e a lei de causa e efeito.

Cuidado ao conviver com um dístimico; pois ele só avista o lado negativo do mundo e não sente prazer em nada (dá para entender a epidemia de falta de libido e impotência?); daí que seu potencial para traidor da afetividade e dos relacionamentos é altíssimo; mas, se houver mesmo amor, as saliências que começam a aparecer na testa podem desaparecer com uma pequena cirurgia afetiva (perdão) – mas, para essa prática é preciso anestesiar com um código de ética o ego e o orgulho; daí, não descarte logo seu amor distímico; pois, se tratado; ele tem cura.

Há diferença entre uns e outros: Sim – Os reclamões cessam de reclamar diante das soluções – o distímico não.

O problema é grave e epidêmico; pois essa doença é contagiosa (educação e cultura são os principais vetores que a transmitem).

Mania de perseguição? Reclamação é uma ocorrência comum em quadros psiquiátricos ou dificuldades emocionais e está ligada ao mau humor e á auto-estima. Dica para quem está começando um relacionamento: se o seu amor toma remédios para dormir, acordar, ficar feliz, não se deprimir – caso não seja uma paixão daquelas bem cármicas; caia fora! – Se souber dar umas braçadas no mar das paixões: vá nadar em outra praia…

Na vida profissional caso tenha um funcionário sob seu comando que só reclama; fique de olho no seu desempenho; provavelmente ele não gosta do que faz, e daí; tudo que realiza é mal feito ou pouco confiável. Caso o reclamão seja seu colega de trabalho fique esperto; pois reclamará de você para os outros, e, pelas costas. Caso seja seu chefe; não se apresse; não rogue pragas – elas pegam (não se comprometa perante a lei de ação e reação); espere ele enfartar com a ajuda dos mais próximos; aguarde que ele tenha um peripaque e seja internado ou se aposente – mas, se é seu desejo estar chefe; prepare-se melhor para assumir o lugar dele.

Uma parte do comportamento do insatisfeito crônico é adquirida: herança de família; um dos muitos frutos de uma educação distorcida – “filho de peixe, peixinho é”.

A cura é complicada? – Não; ela é bem simples – Vacine-se! – Uma das mais eficazes vacinas; contra a doença da reclamação febril é a prática de um ensinamento de Jesus: “Só faça aos outros; o que gostaria de receber” – quando tiver o impulso de reclamar por reclamar, sem analisar sua parte no problema – pare, pense, reflita, avalie-se – para depois engolir em seco, morder a língua.

Quando a convivência com reclamões crônicos for impositiva; aprenda a fazer cara de paisagem; não retruque, nem alimente a discórdia; volte a ser criança deixe entrar por um ouvido e sair pelo outro; faça uma piada; um elogio (os reclamões são vidrados em elogios; mas, cuidado, eles são muito desconfiados, e o feitiço pode virar contra o feiticeiro – elogie um reclamão com muita moderação) – mas, se, não sentir-se preso por nenhum compromisso: caia fora; busque novos caminhos; pois, a porta do inferno vive sempre aberta para quem quiser entrar ou sair – já a do céu vive fechada para quem não tem o código de acesso e vive aberta para quem quiser dar umas voltinhas pelo tal de purgatório ou até mesmo do inferno – a chave tem a forma da inteligência que molda o livre arbítrio de cada um.

A vida acelerou de tal forma que nossa agressividade latente e a tendência para a violência brotará com tudo – a velha contenção: bater uma porta; xingar; engolir em seco; chorar; adoecer – nada disso vai segurar a barra – e os focos de perigo continuam os mesmos: família, trânsito, discussões nos butecos da vida e uma novidade: já chegou ao amiente de trabalho.

Mas, o problema mais complicado continua sendo na vida em família – Daí, mulheres reclamonas correm maior risco de agressão e de morte – melhor conhecerem a Lei Maria da Penha de cor e salteado para evitar danos maiores.

Homens reclamões correm o risco do desemprego permanente; do alcoolismo, das drogas, da prisão, do cemitério antes da hora.

Pelo andar da carruagem, até as crianças que se cuidem; pois, os reclamões de nascença podem ter vida curta…

Lançamos aos amigos um desafio para 2010; mas comecem aos poucos; pois é complicado – para os novatos melhor iniciar com metas bem curtas de segundos, minutos, horas.

Amigos em 2010 – além de reclamar menos; vamos tentar fazer um jejum de críticas, começando pelas reclamações indevidas…

Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.

* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 06/01/2010.

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