Nota de alerta sobre REDD na COP 15
As negociações sobre REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) começam a caminhar para definições que poderão ter grandes repercussões sobre a vida das populações tradicionais que vivem nas florestas no Brasil e em outros países. No caso do Brasil as negociações sobre REDD são cruciais já que grande parte das emissões do país é proveniente do desmatamento.
Vemos com muita preocupação a tendência à inclusão do reconhecimento do mercado de carbono na agenda das negociações de REDD. Para ser efetivo no combate aos desmatamentos e para contribuir para o reconhecimento dos direitos das populações tradicionais o REDD deve estar ancorado centralmente no debate sobre compromissos e financiamentos públicos e dos governos, ao invés de se transferir para a esfera privada, que já se revelou um fracasso para a vida no planeta, a gestão de tão importante mecanismo.
É muito preocupante o risco de inclusão do princípio da compensação, mesmo que atrelado a pequenas cotas e a baixos percentuais porque tal princípio, se incluído, eximiria os países do Norte de assumirem suas responsabilidades pelas emissões históricas e de cumprirem compromissos de redução de emissões compatíveis com estas responsabilidades. Somos também explicitamente contrários à inclusão dos níveis sub-nacionais entre os atores das negociações e financiamentos de REDD. O nível federal deve ser o agente negociador e receptor de fundos, sendo ele o responsável pela alocação dos recursos de acordo com as prioridades políticas nacionais.
Em outubro de 2009 50 organizações e movimentos sociais brasileiros subscreveram a Carta de Belém onde afirmam a necessidade de políticas e fundos públicos, voluntários e abrangentes, que reconheçam a contribuição que as populações tradicionais têm a dar no sentido da preservação e uso sustentável das florestas, e da convivência entre produção e preservação. Afirmando que a questão fundiária e o reconhecimento jurídico dos territórios dos povos e comunidades tradicionais são o principal desafio a ser enfrentado para um combate efetivo aos desmatamentos, a Carta de Belém rechaça os mecanismos de mercado e de compensação nas negociações de REDD.
15 de dezembro de 2009
FASE – Solidariedade e Educação
REBRIP – Rede Brasileira Pela Integração dos Povos
INESC – Instituto de Estudos Sócio-Econômicos
Colaboração de Ruben Siqueira, CPT/BA, a partir de informações do GT Racismo Ambiental.
EcoDebate, 17/12/2009
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