Crise ambiental global: O jovem-sempre o jovem, cadê eles? artigo de Américo Canhoto
Ativistas do mundo todo foram às ruas no fim de semana. Foto AP/DW
[EcoDebate] Desde sempre a juventude foi a mola mestra nas necessárias transformações humanas; quando a inércia dos adultos se torna cúmplice do egoísmo da maioria e da estupidez dos detentores do poder.
Cerca de 300 manifestantes foram detidos neste sábado após confrontos de rua em Copenhague, onde ocorre a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-15). Segundo a polícia local, o grupo de jovens mascarados e vestidos de preto iniciou o tumulto ao quebrar vitrines no centro da cidade.
Os detidos, de acordo com a polícia, são integrantes dos chamados “Black blocs” (blocos negros, em tradução livre), considerados grupos violentos.
Os incidentes começaram pouco após a saída da manifestação de dezenas de milhares de pessoas, que se reuniram perto do Parlamento dinamarquês e seguiram rumo ao Bella Center, sede das negociações da COP-15. As estimativas sobre o número de participantes variaram de 25 mil, segundo a polícia, a cem mil, de acordo com os organizadores.
Os manifestantes – entre eles ambientalistas, sindicalistas, punks e vegetarianos – cobraram dos negociadores da COP-15 um acordo capaz de combater o problema do aquecimento global. A manifestação, apoiada por mais de 500 organizações de 67 países, saiu da praça do Parlamento às 14h (11 de Brasília), com direção à sede da COP-15, que termina no próximo dia 18.
Na vida contemporânea, a sociedade, a família e a escola deixaram de interagir com o jovem.
Principalmente com aquele que já busca definir seus anseios, e aspira diferenciar-se da maioria medrosa e preguiçosa. Também, e principalmente, com aquele jovem ainda desorientado que, por falta de melhores espelhos projetivos, quando cercado de adultos infantilizados, tenta se diferenciar deles a qualquer custo. Seja pela auto-mutilação ao espetar “badulaques” pelo corpo, pela agressão sonora e visual aos valores de seu grupo social, ou pela busca desenfreada do prazer através da relação sexual precoce e irresponsável. Ou ainda, através do uso do cigarro, da bebida e da droga; esses “perdidos entre adultos mais perdidos ainda” tentam revidar à falta de atenção de adultos; e não conseguem conexão nem junto à própria família consangüínea.
Esses jovens tentam, com o seu comportamento “marginal”, agredir os valores de pais neuróticos-competitivos e de mães histéricas-compulsivas. Esses jovens não percebem, mas assim agindo, estão oferecendo aos adultos, com a crise desencadeada por esse seu comportamento, a chance para que eles possam refazer seus destinos e alçar suas vidas a um patamar diferente de seu inexpressivo e até medíocre cotidiano. Sem ter consciência disso, sem atinar para o fato, ele, o jovem inconformado, funciona pela sua própria ainda pouca competência (não se deixou ainda contaminar pelos interesses escusos ou egoístas), como uma ferramenta contundente. Sem ter plena consciência do que faz, o jovem rebelde vinga-se também do cinismo social.
Neste caso em destaque na COP-15, talvez os jovens envolvidos nos chamados “distúrbios” tenham pouco o que fazer ou com o que se preocupar e pegaram carona na “onda verde”; mas, isso não importa; o que vale é que saíram em protesto (nada os redime das atitudes – porém se estivessem bem comportados seriam mais uma manada ou rebanho de ovelhas com nariz de palhaço, roupa de palhaço e postura de palhaço no sentido figurativo – pois, há palhaços de profissão muito atuantes).
De forma inconsciente o jovem sabe que é preciso rebelar-se, discordar para não perder a fé no mundo, no nosso futuro e em nós mesmos. É necessário que tenhamos um número cada vez maior de jovens rebeldes contra a hipocrisia social. Rebeldes sim, mas com inteligência, rebeldes criativos, corajosos, conhecedores das leis naturais de evolução, progressistas e empreendedores; pois, o conformismo diminui a criatividade. E, é preciso, aproveitar ao máximo a criatividade do jovem para o progresso coletivo; pois, a socialização crescente restringe a criatividade natural, atribuindo julgamentos de valor, do tipo: bom ou mau, certo ou errado, próprio ou impróprio. Julgamentos impostos de fora para dentro criando limitações. Porém, os jovens devem estar atentos para uma lei natural, a das experiências acumuladas: ninguém progride sem o concurso daqueles que já progrediram. Nem todos os adultos são totalmente hipócritas, nem totalmente aproveitadores…
Só temos a lamentar as várias gerações de jovens brasileiros perdidas; por não terem bandeiras éticas, nem valores a serem conquistados – agrupam-se em hordas de torcidas organizadas a se degladiar feito imbecis – baladeiros que inventam mixórdias para sentirem tesão de viver; coisas tão absurdas como misturar remédios com álcool; sopa de fita de vídeo cassete – a criatividade do brasileiro é ilimitada; mas hoje, para coisas tão inúteis quanto grotescas – pior; onde sempre foi o foco das transformações da sociedade brasileira: os diretórios acadêmicos; neles a politização foi eliminada pela politicagem precoce; a ponto de merecer uma séria investigação da PF e do Ministério Publico; pois a esperança de um mundo melhor e de uma sociedade mais justa; se não tiver a participação efetiva dos arroubos da mocidade é morta.
JOVENS BRASILEIROS CADÊ OCÊS?
Não ajudem a enterrar as esperanças de salvar um planeta em vias de extinção pelas pragas egoístas, oportunistas e orgulhosas que foram seus pais e antecessores.
Unam-se por uma causa justa; talvez a mais importante de todas às quais a juventude de todas as épocas já teve oportunidade de participar.
Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.
* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 14/12/2009
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