Estudo do Inpe aponta impactos do aquecimento global e do desmatamento na Amazônia sobre o clima brasileiro
Dados preliminares do projeto Mudanças Climáticas Impactantes no Brasil (Dangerous Climate Change in Brazil, em inglês), uma colaboração entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Met Office Hadley Centre, do Reino Unido, indicam que o aquecimento global e desmatamentos podem causar grande impacto na floresta amazônica, e também afetar o clima local e regional.
Além disso, reforçando conclusões de estudos anteriores, a pesquisa aponta que o desmatamento em grande escala poderá tornar o clima mais quente e seco. Se mais de 40% da extensão original da floresta amazônica for desmatada, isto pode significar a diminuição drástica da chuva na Amazônia Oriental. Segundo os pesquisadores, 40% de desmatamento, ou aquecimento global entre 3°C e 4°C, representaria o ‘tipping point’, ou melhor, o ponto a partir do qual parte da floresta corre o risco de entrar em colapso.
O projeto foi apresentado, nesta quarta-feira (9/12), durante um side-event do Met Office na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), em Copenhague.
O estudo foi desenvolvido a partir de modelos climáticos do INPE e do Hadley Centre, que indicam um aquecimento maior nas regiões tropicais amazônicas em relação ao aumento médio de temperatura projetado para as áreas continentais do planeta. Outro resultado importante é a tendência de tropicalização do clima em parte do Brasil, com duas estações ao ano. Neste cenário, a primavera pode se tornar tão ou mais quente que o verão em algumas regiões hoje de clima subtropical.
Esses impactos são extremamente importantes porque reduções de precipitação nas bacias levarão à diminuição da geração de energia hidroelétrica. Os modelos mostram que concentrações mais baixas de CO2 na atmosfera causam menor aquecimento e, portanto, menos impactos nas chuvas e nos regimes de temperatura e de extremos de clima. Talvez para o Brasil a melhor opção de mitigação dos efeitos do aquecimento global seja reduzir o desmatamento tanto quanto possível”, declara o pesquisador José Marengo, do INPE.
Também é importante ressaltar que os próprios impactos do desmatamento são maiores em condições de seca. Sendo assim, reduzir o desmatamento ajudaria a manter a floresta mais resistente num clima sob mudanças. Pelo INPE, participam do projeto os pesquisadores Carlos Nobre, José Marengo, Gilvan Sampaio e Luiz Salazar.
Modelos climáticos
Enquanto o modelo climático global do Hadley Centre é usado para projetar mudanças do clima em todo o mundo, o modelo climático regional do INPE fornece maiores detalhes sobre o Brasil para níveis diferentes de aquecimento global. No Brasil, o INPE vem utilizando desde os anos 80 modelos climáticos globais para estudar os impactos dos desmatamentos da Amazônia no clima. Da mesma forma, seus modelos regionais têm sido utilizados para avaliar os efeitos do desmatamento da Amazônia no clima de todo o Brasil.
Informaçõe do Inpe, publicadas pelo EcoDebate, 11/12/2009
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