Cooperativismo e Desenvolvimento Sustentável, artigo de Jorge Barros
[EcoDebate] O relatório denominado “Nosso futuro Comum”, apresentado em 1987 por membros das Nações Unidas – ONU, conhecido também como relatório Brundtland, diagnosticou que os países do Norte em detrimento dos países do Sul estavam provocando um forte desequilibro denominado de “insustentabilidade” do planeta e que mais tarde, pós-ECO/92, ganhou o peso e a importância socioeconômico-ambiental de DESENVOLVIMENTO SUTENTÁVEL ou SUSTENTABILIDADE.
O conjunto de interpretações, marcos legais e ações adotadas, advindo desse documento e que irá desaguar agora, dez/09, em Copenhague, representa o ápice e a consagração de um movimento que eclodiu em 1844, portanto 165 anos antes, como contraponto ou movimento alternativo ao modelo econômico vigente na Inglaterra, no berço e no auge da Revolução Industrial, na cidade de Rochdale.
O modelo econômico da Revolução Industrial já estava fazendo as suas primeiras vítimas com suas mazelas e seqüelas socioeconômicas, bem como degradando o meio ambiente, quando eclodiu a maior revolução em nível de Inclusão Social, Geração de Trabalho com melhor Distribuição de Renda e Desenvolvimento Local Sustentável já vista na história, tão impactante quanto as revoluções protestante, francesa e a própria revolução industrial, e cuja bandeira é o COOPERATIVISMO, com seus valores, princípios e fundamentos focados na sustentabiliade, uma espécie síntese de Agenda 21, onde o social subordina o econômico, colocando-o em seu devido lugar, resgata e preserva o meio ambiente e a qualidade de vida. Esse espetacular movimento com seus valores, princípios e fundamentos foi criado por 28 tecelôes, seus ideólogos, que já anteviam, num arroubo profético e por inferência, essa catástrofe de ordem planetária.
A Revolução do Cooperativismo como um rastilho de pólvora incendiou preliminarmente toda a Europa, mas em pouco tempo e mais tarde igualmente os outros países e continentes, a ponto de hoje contabilizarmos um terço aproximadamente da população do planeta engajado direita e indiretamente nesse modelo socioeconômico alternativo ao capitalismo industrial, principalmente nos países da União Européia, berço da revolução industrial e, portanto, responsáveis direitos por essa catástrofe de escala mundial, mas que encontraram e encontram na força e no braço do cooperativismo, como princípio socioeconômico, o parceiro ideal para minimizar o nó górdio da insustentabilidade regional.
Duas objetivas perguntas e uma direta resposta sustentável de desenvolvimento e planejamento estratégico:
Pergunta Nº 1: Mas, o que existe de tão extraordinário no princípio socioeconômico do Cooperativismo que lhe confere o perfeito grau de SUSTENTABILIDADE ou BRAÇO OPERACIONAL DA AGENDA 21?
Pergunta Nº 2: A educação do cooperativismo, conforme preceituada em seus valores, princípios e fundamentos, é capaz de minimizar o gravíssimo problema de insustentabilidade do Planeta como preconiza o Relatório acima e a Agenda 21 em suas 4 seções e 40 capítulos e reverter o dantesco quadro de Aquecimento Global e Mudanças Climáticas?
Resposta: SIM. Por ser uma atividade de escala socioeconômica e não individual ou capitalista. Só o Cooperativismo é capaz de suprir, em escala planetária, a grave demanda apresentada no Relatório denominado “Nosso Futuro Comum” em nível de inclusão social, geração de trabalho com melhor distribuição de renda e desenvolvimento local sustentável. Os princípios e os valores que norteiam e implementam o COOPERATIVISMO carregam em seu bojo os processos da Mitigação, de Adaptação e de Transferência de Tecnologia, através de dois de seus sete princípios que é o PRINCÍPIO DA INTERCOOPERAÇÃO e o CUIDADO PELA COMUNIDADE, quebrando, em conequência, a coluna vertebral da INSUSTABILIDADE reinante e ERRADICANDO este nefasto, injusto e dantesco quadro de insustentabilidade em escala planetária, herança dos sistemas econômicos mercantilista e capitalista, sendo este último o principal guardião da revolução industrial, cujo senhor, o “deus lucro”, é o principal responsável por este patético e auto destrutivo estilo de vida, tanto em nível de produção como de consumo.
SEM COOPERATIVISMO O SISTEMA ECONÔMICO DO PLANETA E O PRÓPRIO PLANETA TERRA NÃO TÊM SALVAÇÃO. ESTA É UMA VERDADE INEXORÁVEL.
Em 1844, em Rochadalle, Inglaterra, berço da Revolução Industrial, século XVIII, 28 tecelãos, ideólogos do cooperativismo, agiram localmente, mas pensando por inferência globalmente, vaticinando com suas ações o que adviria no planeta terra oriundo desse maldito modelo econômico, e hoje 165 anos depois, eles provaram que este mundo insano carece planetariamente desse medicamento socioeconômico, cujo efeito colateral é zero e seu princípio ativo erradica a miséria, a pobreza, a exclusão social e preserva o meio ambiente.
Em seu paper “Como Gerar Oportunidades para os Pobres, apresentado no XXI Encontro denominado: ”Na crise global, o novo papel mundial dos BRICs (BRIMCs?) e as oportunidades do Brasil (Crise como oportunidade”, através do Plano de Ação), promovido em maio de 2009 pelo Instituto Nacional de Altos Estudos Estratégicos – INAE, o ilustre professor Roberto Cavalcanti de Albuquerque referendou no bojo da sua brilhante apresentação a proposta de criação de “pólos de cooperativismos e economia solidária”. Não obstante ele reconhecer a importância temporal e espacial dos vetores da Previdência e da Assistência Social como instrumentos de redução da pobreza no Brasil, mas é o vetor da geração de trabalho e renda, segundo ele, que irá efetivamente promover a genuína inclusão social e a cidadania plena, sustentabilidade necessária para o desenvolvimento local.
Agora é pegar ou largar e assumir as conseqüências.
Prof. Jorge Barros
Educador, gestor e consultor empresarial e
Especialista em planejamento estratégico e governança
Coordenador Pedagógico da Cooperativa Tupambae
jorgemarcosbarros{at}gmail.com
Colaboração de Jorge Barros para o EcoDebate, 09/12/2009
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