Belo Monte: Marina e o Monstro, artigo de Rodolfo Salm
[Correio da Cidadania] Recentemente, Marina Silva causou-me novamente grande decepção ao afirmar publicamente que “não há como fugir do aproveitamento energético do rio Xingu”, em referência à construção da hidrelétrica de Belo Monte, ou “Belo Monstro”, como o projeto também é conhecido em Altamira. Numa versão mais detalhada da notícia divulgada no site Amazônia, ela teria dito que não há como o Brasil fugir da “exploração sustentável” do Xingu, “já que precisa apresentar ao mundo metas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa”. Sendo preciso, porém, que “a construção de hidrelétricas preveja um programa de desenvolvimento sustentável que dê governança sustentável” ao empreendimento.
É surpreendente que ela siga argumentando nessa linha enquanto o seu programa de desenvolvimento sustentável para o asfaltamento da rodovia Cuiabá-Santarém não tenha sido sequer implementado e que, com o processo de asfaltamento, os desmatamentos já estejam explodindo na região, o que já acontecia quando ela estava no governo. Naquela época, quando, em momentos de desaceleração da economia, eram registradas quedas nas taxas de desmatamento, ela atribuía o fato ao “aumento da fiscalização”, mas quando as taxas cresciam culpava o aquecimento da economia. Justamente como segue fazendo o seu sucessor.
A idéia da construção de hidrelétricas na Amazônia como alternativa às termelétricas e como forma de reduzir a emissão de gases do efeito estufa é outro equívoco da ex-ministra. É mais fácil visualizar os gases expelidos pela combustão de carvão ou derivados de petróleo, mas o apodrecimento da matéria orgânica causado pelas grandes inundações das barragens gera gases muito mais danosos para o aquecimento global.
Estudos do professor Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, e de outros cientistas respeitados de todo o mundo, mostram, por exemplo, que as hidrelétricas na Amazônia podem chegar a contribuir tanto ou mais para o efeito estufa do que termelétricas de potência equivalente. Tendo conhecimento de que o gás metano, oriundo em abundância do tipo de putrefação causado pelos lagos artificiais, contribui bem mais para o efeito estufa do que dióxido de carbono, Marina Silva não poderia propalar a mentira maior dos barrageiros, de que a energia oriunda da hidroeletricidade seria “limpa”.
Sem ainda nem mesmo ter começado oficialmente sua campanha, ao jogar a toalha para a questão de Belo Monte ela já traiu os índios e ribeirinhos que pretendia representar, e que seguem organizando-se e manifestando-se contra a barragem. Talvez não pudesse ser diferente, uma vez que, para concorrer à presidência, ela teve que se filiar ao Partido Verde, do filho de José Sarney, cujo grupo é responsável pela articulação política para viabilizar a barragem.
Como definiu o jornalista Carlos Tautz, no Blog do Noblat, Marina é uma candidata-factóide que “terminou seu ministeriado concordando com causas que inicialmente rejeitava com veemência – como a convivência entre soja transgênica e não-transgênica, a transposição do São Francisco e as usinas no rio Madeira – e, a rigor, só ganhou a projeção que tem por ser herdeira simbólica de Chico e não por defender uma alternativa ecologicamente viável para o país em seu todo”. E “como ministra do Meio Ambiente, Marina nunca admitiu o óbvio: as usinas Jirau e Santo Antônio, que estão barrando o rio Madeira (RO) – e Belo Monte, no Pará, também por analogia -, são inviáveis do ponto de vista legal e ecológico, e dispensáveis do ponto de vista energético”. Eu diria mais, acho que ela traiu Chico Mendes ao dar seu nome a um instituto criado para facilitar no IBAMA o trâmite do tipo de obras que o líder seringueiro, mártir da preservação da Amazônia, condenava.
É curioso ver Marina Silva em campanha na TV falando da malária e da hepatite que quase levaram a sua vida, esquecendo-se que muitos que hoje estão saudáveis em Altamira padecerão destes mesmos males com a construção desta barragem, o que tornaria o ambiente da nossa cidade mais insalubre. Desde sempre fui admirador de Marina. Escrevo estas críticas com a vaga esperança de que elas, aliadas ao protesto de muitas outras pessoas, ainda a façam rever suas posições em uma campanha acirrada, na qual o desenvolvimento e a conservação da Amazônia serão temas importantes. Não é porque nenhum dos outros pré-candidatos represente esperanças justificadas de políticas de preservação que vamos ser condescendentes com a sua declaração precoce e infeliz sobre a suposta inevitabilidade do barramento do Xingu, que certamente traria a sua destruição.
Por conta dela, fica o alerta aos nossos leitores: a não ser que ela mude claramente de opinião, o que eu temo ser muito difícil, não vale a pena nutrir falsas expectativas quanto à possibilidade de a ex-seringueira e ex-seguidora de Chico Mendes “salvar-nos” da destruição da Amazônia. O conto do ex-operário de esquerda que seria o antagonista do modelo de desenvolvimento dos ditadores militares já nos custou mais de vinte anos de espera vã. E a Floresta Amazônica não pode esperar muito mais.
Marina Silva é uma boa pessoa. Mas é politicamente frouxa: enquanto era ministra, lavou as mãos nas discussões sobre hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau, no Madeira, delegando o assunto ao Ministério de Minas e Energia. Nunca comprou briga com cachorro grande. No caso do licenciamento das usinas do rio Madeira, Marina mostrou-se insensível (e silenciosa) aos argumentos técnicos sobre impactos na biodiversidade, nos peixes etc. Quando ela orquestrou as mudanças no IBAMA para instalar um setor de licenciamento mais “independente”, tirando os técnicos mais críticos do licenciamento das usinas, as entidades pediram audiência com ela, sendo efetivamente blindada por alguns grupos ambientalistas que organizaram uma reunião com a ministra para publicamente elogiarem as mudanças no IBAMA. Desde então, quando perguntada sobre o rio Madeira, ela coloca como “êxito” o fato de que o MMA (ou o governo Lula) conseguiu diminuir o tamanho dos reservatórios, sendo que ela sequer participou das decisões sobre o desenho de engenharia das usinas.
Na verdade, apesar de a disputa no nosso sistema presidencialista ser bastante focada em poucas pessoas, nenhuma delas poderia de fato “salvar-nos da destruição da Amazônia”. Marina Silva não compraria brigas de porte para questionar empreiteiros, que inclusive lhe dariam sustentação em uma campanha eleitoral viável. O que poderia nos salvar, quem sabe, são idéias. E, infelizmente, Marina Silva vive repetindo uma idéia que nem ela nem ninguém conseguem definir: “desenvolvimento sustentável”, termo que salpica a cada duas frases proferidas ou, em certos casos, até duas vezes por frase. Sendo que há uma dezena de definições diferentes para o termo e nenhuma delas questiona o dogma de progresso e o mito do crescimento econômico. É preciso estudar as questões ambientais. “Biodiversidade” deve vir antes de “desenvolvimento sustentável”. E deve ser reconhecida como um valor em si, de importância fundamental para toda a humanidade, e não algo que deve se pagar para ter o direito de existir.
Rodolfo Salm, PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, é professor da Universidade Federal do Pará.
Artigo enviado pelo Autor e originalmente publicado no Correio da Cidadania, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.
EcoDebate, 02/12/2009
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Sabedoria / Estratégia / Eficiência
A Equipe BR do AGUAPÉ tem a expor o que segue com respeito ao Aquecimento Global.
Os Paises Desenvolvidos, em sua maioria podem / devem dar suas contribuições, através da utilização de Tecnologias mais LIMPAS.
Já os Demais Países, inclusive o Brasil, podem / devem utilizar outra ESTRATÉGIA, muito mais EFICIENTE & muito menos HONEROSA – Com a Implementação de imenso número de PEQUENAS BARRAGENS podemos Implementar muitas PEQUENAS HIDRELÉTRICAS, como também, podemos Implementar a Produção do AGUAPÉ no Brasil, em Grande ESCALA que promoverá a DESPOLUIÇÃO das nossas ÁGUAS, em todo Território Brasileiro, Potencializando os nossos RECURSOS HÍDRICOS e tornando o Brasil IMBATÍVEL na Produção de BIOMASSA, em Grande ESCALA. Esse AGUAPÉ poderá ser empregado em diversos fins.
O AGUAPÉ tem POTENCIALIDADE para SUBSTITUIR a Produção Mundial de Petróleo & Derivados
O AGUAPÉ, também, poderá ser utilizado na Produção do Biofertilizante, em Grande ESCALA – o INSUMO BÁSICO da Agricultura ORGÂNICA
Através da Agricultura ORGÂNICA podemos devolver / enterrar imensa Quantidade de Carbono ao SOLO, gerando Milhões de Empregos Dignos aos Cidadãos Brasileiros, reduzindo automaticamente Os atuais níveis da CRIMINALIDADE, induzindo O Desenvolvimento SOCIAL & Econômico do Brasil, de FATO, SUSTENTÁVEL .
No Brasil podemos substituir totalmente a EQUIVOCADA AGRICULTURA TRADICIONAL que destrói o Meio Ambiente & Biodiversidade pela Agricultura ORGÂNICA – a AGRICULTURA, de FATO, SUSTENTÁVEL.
O AGUAPÉ é Um Fantástico Recurso Natural que a Natureza disponibilzou para os nossos Produtores Rurais – apresenta Altíssima Produtividade, incomparável a qualquer outro Recurso Natural e pode atuar em todos os sentidos para promover a Correção de Grande Parte dos ERROS que a HUMANIDADE tem cometido ao longo do tempo.
Reduzir as Emissões de Gás Carbônico é muito pouco.
Reduzir o Desmatamento, também, é muito pouco.
A Mudança Climática é muito mais do que Emissões de Gases do Efeito Estufa.
Os Mares & Oceanos estão sendo utilizados como o “LIXÃO” da HUMANIDADE, pois tudo acaba lá – as MEDIDAS do CONAMA é Muito Importante para REVERTER esse ABSURDO – ao CONAMA os PARABÉNS da Equipe BR do AGUAPÉ pelo que faz (acesse matéria através do link que segue).
http://www.tratamentodeagua.com.br/R10/Noticia_Detalhe.aspx?codigo=17531
ALERTA, em nome da ÉTICA ! ! ! ! ! ! !
Na Manipulação do AGUAPÉ recomenda-se Muito Cuidado porque a INEXPERIÊNCIA pode levar o INDIVÍDUO à sua MORTE.
Seja Extremamente Cuidadoso ! ! ! ! ! ! !
NOTA: se acredita em Desenvolvimento SOCIAL & Econômico do Brasil, de FATO, SUSTENTÁVEL, faça a sua parte DIVULGANDO esse comentário da Equipe BR do AGUAPÉ.
Um Abraço Fraterno a VOCÊ & Membro / Colaborador (ou pretendente),
MISSAO TANIZAKI
Fiscal Federal Agropecuário
Bacharel em Química
missao.tanizaki@agricultura.gov.br (Com Problemas)
missao.tanizaki@gmail.com (NOVO)
Equipe BR do AGUAPÉ
TUDO POR UM BRASIL & MUNDO MELHOR
Parabenizo o Prof. Rodolfo Salm pela pertinência e lucidez de suas observações. Foi muito importante o senhor ter contraposto as expressões “desenvolvimento sustentável” e “biodiversidade” pois fica bem destacada a ambiguidade da primeira (de fato muito repetida no discurso de Marina Silva) e o significado unívoco da segunda.
Abs, Maristela Simonin
Não se espante, Prof. Rodolfo, com as atitudes e manifestações da Ex- muitas coisas, que foi apenas mais um dos instrumentos submissos desse “desgoverno” para “destravar” os processos de licenciamento e outros crimes ambientais. Ela tem na ficha a liberação dos transgênicos, a Lei de Florestas, Barra Grande, Campos Novos etc… E só deixou o cargo depois de estar completamente “fritada” para se agregar ao PV, com vistas à presidência. Que Deus, e o senso do povo, nos livrem de mais uma fraude eleitoreira.
Sulema Mendes de Budin, ambientalista e cidadã brasileira