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Guarani Kaiowá ocupam terra tradicional à espera de demarcação em Mato Grosso do Sul

Coronel Sapucaia (MS) – Dentro de barracões de lona à beira de rodovia, índios da comunidade do Kurussu Ambá chegam a dormir no chão pela falta de espaço e de colchões Foto: Valter Campanato/ABr
Coronel Sapucaia (MS) – Dentro de barracões de lona à beira de rodovia, índios da comunidade do Kurussu Ambá chegam a dormir no chão pela falta de espaço e de colchões Foto: Valter Campanato/ABr

Cerca de 280 indígenas da etnia Guarani Kaiowá – entre eles, 30 crianças – ocuparam nesta madrugada uma área próxima ao município de Coronel Sapucaia no sul de Mato Grosso do Sul. Desde 2005, os indígenas vivem na beira da Rodovia MS-289 (que liga Amambai a Coronel Sapucaia).

De acordo com o líder Guarani Kaiowá Avakuarici, “o governo sabe da situação dos índios” e a comunidade espera que a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público tomem uma posição sobre a demarcação da área. “Estamos reivindicando a presença dos antropólogos”, disse Avakuarici afirmando que “os índios não sairão mais da área”.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), trata-se da “retomada” da terra tradicional Kurussu Ambá, onde em 2007 a rezadeira Julite Lopes, 70 anos, teria sido assassinada por seguranças particulares da Fazenda Madama. O conflito pela terra também teria resultado nas mortes dos indígenas Osvaldo Lopes (maio de 2009) e Ortiz Lopes (janeiro 2007).

Os Guarani Kaiowá são os índios brasileiros que mais sofrem com mortes violentas. No ano passado, ocorreram 42 assassinatos e 34 casos de suicídio entre os indígenas. O Cimi afirma que boa parte dessas mortes foram consequência da diminuição de terras e da concentração de índios em áreas limitadas, o que força o convívio entre famílias inimigas e potencializa as tensões

O Cimi espera que a Funai conclua o trabalho de identificação da área para futura demarcação. “O prazo para conclusão do laudo de identificação já passou”, cobrou o coordenador regional do Cimi, Egon Heck. Segundo ele, fazer a ocupação “foi a única alternativa para trazer resultados para o reconhecimento”.

Egon Heck afirma que a ocupação é uma espécie de pressão pela demarcação e que os indígenas “esperam e acreditam que o governo federal e o Ministério Público garantam o direito à terra tradicional”.

Em setembro deste ano, a Agência Brasil publicou uma série de matérias denunciando a situção dos índios Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul.

Reportagem de Gilberto Costa, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 26/11/2009

Nota do EcoDebate: como informação complementar sugerimos que leiam, também, as matérias:

Os crimes de ódio contra indígenas no MS não param, por Henrique Cortez

Kaiowá Guarani: um genocídio silencioso?

Dossiê EcoDebate: Demarcação de terras indígenas no Mato Grosso do Sul

Situação do povo Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul

Cimi denuncia incêndio de moradias de Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul

Retomada da esperança com os estudos antropológicos para identificação de terras indígenas no MS. Entrevista com Egon Heck

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