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Artigo

A verdadeira população mundial, artigo de Maurício Gomide Martins

[EcoDebate] Nos propomos, aqui, a apresentar a verdadeira dimensão da população mundial, fato desconhecido pela imensa maioria do povo.

Quando consultamos os relatórios estatísticos sobre as populações no mundo, ficamos sabendo que existem, hipoteticamente, 12.000 elefantes, 2.000 tigres indianos, 600.000 cangurus, etc. Se formos conferir esses dados, vamos contar os animais um a um. Contando, por exemplo, os tigres indianos, vamos achar os 2.000 exemplares e proclamar que existem no mundo 2.000 tigres indianos. Significa que 1 tigre é 1 tigre, representa 1 tigre, que executa ações de 1 tigre. O valor numérico 2.000 registra a existência natural e efetiva de 2.000 tigres.

Quando verificamos os dados oficiais sobre a população de humanos, somos informados de que existem 6.700.000.000 (seis bilhões e setecentos milhões) de pessoas. Mas isso não é verdade; é uma meio-verdade. É uma informação verdadeira quanto à representatividade natural, numérica, existencial. Mas, potencialmente, isto é, suas ações individuais, culturais e civilizacionais, correspondem a uma população, sob o impulso literário da hipérbole, de 670.000.000.000.000 (seiscentos e setenta trilhões). (A rigor e friamente, após os devidos cálculos, encontramos 750.000.000.000 setecentos e cinqüenta bilhões, o que já é um absurdo).

Vamos abrir um parêntese aqui para algumas considerações que ajudarão a compreender melhor essa informação. Desde os tempos imemoriais, o homem é um escravocrata. Sempre quis que outro exercesse esforços musculares em seu próprio benefício, poupando seu suor e lhe dando o prazer do conforto. Sabemos pela História que todos os povos procuraram usufruir os esforços alheios, ou pelo uso da força muscular de seu semelhante (escravidão), ou dos animais domesticados (uma forma disfarçada de escravidão), ou do uso das forças da natureza (que não deixa de ser uma forma de uso da servidão, mas de caráter intelectual). Essa última forma é apropriadamente chamada de tecnologia e considerada natural e não antiética.

Até o início do século XVIII, as invenções humanas não prejudicavam significativamente a Natureza porque apresentavam resultados comedidos e sempre no uso de produtos orgânicos, que se reciclam naturalmente. Em 1705, no entanto, um inglês chamado Thomas Newcomen inventou uma geringonça mecânica que produzia força motriz pela pressão do vapor de água. Outro inglês, James Watt, em meados do mesmo século aperfeiçoou tal invenção e lhe deu condições de uso prático, acendendo assim o estopim da destruição do mundo pela criação do primeiro motor a vapor.

O ano de 1764 assinala o início – há menos de 300 anos – da trilha equivocada e suicida da civilização atual. Com a invenção do motor, tornou-se possível acelerar os movimentos de transformação material dos recursos do planeta. Surgiram as primeiras fábricas e se iniciou a era industrial. Em seguida, com as descobertas científicas, a tecnologia avançou e produziu o motor de explosão, o motor elétrico, o motor nuclear. Em outras palavras: criaram-se milhões de escravos, sempre a serviço dos donos do poder econômico, cujos representantes são os políticos.

Sem falar em geladeira, televisor, ventilador, lavadora de roupa e outros, damos um exemplo concreto: eu tenho um automóvel com potência de 60 HP, que equivalem a 450 homens. Logo, tenho 450 escravos. Não nos esqueçamos que somente dos EE.UU. saem para a Europa 1.000 vôos diários pela manhã. À tarde os aviões fazem o retorno. No mundo, são 60.000 decolagens. Tais máquinas são alimentadas com petróleo. Na Natureza, não existe milagre. Tudo que se cria, não se cria; transforma-se. No caso, transformamos o combustível em movimento. Para meu conforto; para não despender esforço com a locomoção. Além disso, produz-se rapidez e eu ganho tempo. Tempo…

Falei, em linhas gerais sobre a população numérica. Mas, na verdade, temos que considerar o fator tempo nessa equação. Enquanto as ações da atual civilização se processam a 2.000 k por hora, a Natureza tem ritmo próprio equivalente a 1 cm por dia. Se levarmos em conta tal ritmo civilizatório, a população mundial efetiva passa a ser de trilhões, como sugerimos acima. Em outras palavras: as ações humanas degradam o planeta num percentual superior à sua capacidade de regeneração, advinda esta principalmente pela radiação solar. Isso significa simplesmente que o mundo tem gente demais.

Não precisamos matar ninguém; basta matar os motores.

“Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

* Colaboração de Maurício Gomide Martins para o EcoDebate, 21/11/2009

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2 thoughts on “A verdadeira população mundial, artigo de Maurício Gomide Martins

  • Mauricio Martins refresca as idéias de todos nós. Muito mais importante que disseminar a ideia de Reciclar, é disseminar a ideia de Repensar as necessidades de consumo. Ou seja, Reduzir o consumo almejado. Sustentável é ser feliz hoje, com baixo consumo, para outros poderem ser felizes amanhã.

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