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Um raio X dos efeitos das más condições de trabalho para a saúde

Campo de cultivo de flores na cidade de Holambra: trabalhadores apontaram desgaste pelo excesso de horas trabalhadas (Fotos: Antoninho Perri)
Campo de cultivo de flores na cidade de Holambra: trabalhadores apontaram desgaste pelo excesso de horas trabalhadas (Fotos: Antoninho Perri)

Pesquisadores do Departamento de Enfermagem da Unicamp investigam várias profissões para nortear políticas públicas

A Finlândia introduziu no mundo as discussões sobre a capacidade para o trabalho e a melhoria das suas condições, tornando-se referência sobretudo para as nações europeias e asiáticas. A espinha dorsal desse ideário se sustenta em medidas de promoção à saúde, que são usufruídas naquele país pelos trabalhadores com idade acima de 45 anos, graças a incentivos para conceder-lhes uma vida mais longa e produtiva, implementados mediante propostas de pesquisadores do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional (Fioh). À luz da lógica, para os países em desenvolvimento como o Brasil, estas medidas deveriam iniciar em torno dos 35 anos, já que aqui o trabalho muitas vezes começa antes e sem as condições adequadas. Este tema tem suscitado o interesse de pesquisadores da Unicamp. O grupo de pesquisa Saúde e Trabalho, do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), reúne no momento 21 projetos de pós-graduação, entre dissertações e teses, e 30 de iniciação científica, sinalizando para a importância do diagnóstico e das ações preventivas.

O termo “saúde do trabalhador” refere-se a um campo do saber que visa compreender as relações entre trabalho e processo saúde-doença. Baseadas neste conceito, tais pesquisas, coordenadas pela professora Maria Inês Monteiro, docente do Departamento de Enfermagem, estão trazendo como elemento inovador a proposta de chamar os autores das investigações para um contexto mais próximo da sua realidade, mais ligado à família e à região em que residem.

Os pesquisadores fazem uma verdadeira imersão nas ocupações abrangidas pelo grupo, que tem como objeto de estudo as condições de trabalho. Pelo menos nove investigações, concluídas ou em andamento, abordam a problemática dos trabalhadores que atuam no mercado de hortifrútis (motoristas de caminhão, proprietários de bancas e carregadores), feirantes, trabalhadores de flores de Holambra (SP) e de Andradas (MG), taxistas, profissionais que trabalham com o processamento de aves e professores de escolas públicas (leia textos).

Essa linha de pesquisa – em capacidade para o trabalho – está inserida em projeto universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e no Programa de Pesquisa em Políticas Públicas da Fundação de Amparo ao Ensino e à Pesquisa (Fapesp). O Grupo de Pesquisa do Departamento de Enfermagem da FCM, criado há dez anos, tem como finalidades dar todo suporte a um banco de dados em andamento sobre as condições de trabalho e também se tornar um paradigma internacional em qualidade de vida no trabalho, perpassando obviamente a rota da saúde do trabalhador. Este banco de dados, abastecido pelas pesquisas da equipe, informa Inês, é o maior em termos numéricos e em diversidade de áreas nacionalmente, reunindo empresas públicas, privadas, escolas e comunidade. Comporta cerca de seis mil registros de pessoas oriundas de empresas de diferentes portes.

As pequenas e microempresas têm grande interferência na dinâmica da saúde do trabalhador, garante a coordenadora do projeto, uma vez que as condições de trabalho oferecidas a ele nem sempre são adequadas, seja pelo acesso às informações, pelo modo como o trabalho se organiza ou mesmo pelo acesso à promoção à saúde no trabalho. Na década de 90, por exemplo, havia 2,7 bilhões de trabalhadores no mundo, sendo 1 bilhão em micro e pequenas empresas. Ainda segundo dados de 2002 do Sebrae, no Brasil estas empresas empregavam 44% dos trabalhadores formais, além de aproximadamente 13 milhões de pessoas – proprietários e trabalhadores informais.

Também dos novos postos de trabalho criados nos últimos sete anos, 96% estavam nas empresas com até 100 empregados. Em 1997, essas empresas eram responsáveis por 29% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e, em 2000, por 12,4% do total das exportações. As micro e pequenas empresas – formais e informais – respondem, portanto, por 60 milhões de pessoas (trabalhadores e empreendedores), o que na opinião de Inês é um valor significativo e de expressivo impacto na produtividade do Brasil.

Políticas
Carregador na Central de  Abastecimento de Campinas: estudo demonstra que trabalhadores são vítimas de doençasApós a conclusão de uma série de projetos, Inês, que é enfermeira na Unicamp há 28 anos e que tem uma formação também nas áreas sociológica, epidemiológica e nas questões referentes ao trabalho, além de sua proximidade com a área de ciências humanas, defende que ao menos quatro medidas seriam necessárias para melhorar as condições de trabalho. Em primeiro lugar, implementar políticas públicas da saúde do trabalhador. Em segundo lugar, garantir informações e condições adequadas de trabalho, desde o ingresso do trabalhador no mercado formal ou informal. Em terceiro, incentivar a educação formal, conciliando-a com os horários de trabalho. E, por fim, proporcionar o acesso à formação permanente a todos os trabalhadores.

A legislação trabalhista brasileira, vigente no país desde 1978, é baseada em normas regulamentadoras, as NR, que vão sendo atualizadas pelo Ministério do Trabalho conforme a necessidade e que estabelecem as atividades mínimas que têm que ser concedidas em diferentes áreas. Ela representou importantes avanços na esfera das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipa), do programa de prevenção de riscos ambientais, do programa de controle médico de saúde ocupacional, ergonomia e trabalhador de saúde. Inês reconhece, porém, que mesmo com os avanços representados pelas NR, ainda faltam garantias do governo em relação ao atendimento dos trabalhadores em micro e pequenas empresas. Nas grandes empresas, já se concede inclusive serviço de saúde do trabalhador na própria instituição. A ideia, explica, é que o Estado consiga dar suporte à população que trabalha, pensando em sua saúde como um todo e olhar para a especificidade do seu trabalho.

Inês enfatiza que o grupo de pesquisa Saúde e Trabalho tem estimulado um olhar para a problemática da produção justa e sustentável, para os aspectos de saúde do trabalhador e para a disseminação das informações resultantes dos projetos e da formação profissional, começando pelos alunos do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC Jr.), passando pelos bolsistas-trabalho (SAE-Unicamp), alunos de graduação, de pós-graduação, bolsistas de iniciação científica (Pibic-CNPq e SAE-Unicamp), e mestrandos e doutorandos que desenvolvem estudos nos locais que utilizam como campos de estágio. “Fazemos o diagnóstico junto com a comunidade que estudamos. Os dados são analisados. Eles ficam com uma síntese para ser utilizada durante o planejamento das ações. Outros alunos dão continuidade à pesquisa, ao ampliar os projetos de intervenção. O intuito é o benefício que a proposta traz, buscando identificar os principais problemas e auxiliar na mudança da realidade, como forma de inserção dos alunos e docentes da Universidade e de retribuição à sociedade.”

O que já foi investigado

Mercado de hortifrútis
A professora Maria Inês Monteiro, coordenadora dos estudos: 21 projetos de pós-graduação, entre dissertações e teses, e 30 de iniciação científica Um projeto da Fapesp sobre as bases para a implementação de um serviço público em micro e pequenas empresas no mercado de hortifrutigranjeiros e de flores, coordenado por Inês, recolheu o depoimento de 1.006 trabalhadores de todas a frentes de trabalho da Central de Abastecimento de Campinas (Ceasa-Campinas). Um deles foi a de carregadores. A pesquisa mostrou, em linhas gerais, que a média de idade deles era elevada; transportavam os produtos da Central com carrinho manual, que tinha peso em torno de 500 quilos a cada viagem; levantavam muito cedo (por volta das 3 horas), em geral não se alimentavam; e muitos trabalhavam adoecidos, por serem autônomos.

A análise dos dados teve colaboração do sanitarista Heleno Rodrigues Correa Filho, do Departamento de Medicina Preventiva e Social, coordenador do grupo de pesquisa Epidemiologia e Trabalho. Inês revela que os dados foram produzidos para a pesquisa da Universidade e para a Ceasa ao mesmo tempo, a fim de orientar o seu planejamento e as medidas a serem tomadas.

Na Ceasa, foram investigados os motoristas de caminhão que faziam rota curta (no Estado de São Paulo) e rota longa (Nordeste e Sul), na dissertação de mestrado de Valéria Masson, cujo pai é motorista de táxi. Os principais problemas enfrentados por eles, segundo a pesquisa, foram, entre outros, lesões musculoesqueléticas, várias horas de viagem, poucas horas de sono e uso de medicamentos para se manterem acordados. A autora do estudo também enumerou a exposição a produtos químicos como agrotóxicos e produtos para o amadurecimento das frutas, exposição excessiva a combustíveis, estresse, logística de prazos para venda e entrega das mercadorias e trabalho heterogêneo, mesclando diferentes culturas, classes sociais e ambientes.

Já Ângela Ferreira, que é psicóloga, se interessou por entender a trajetória profissional dos proprietários em termos de saúde – donos dos boxes ou das “pedras” (estruturas abertas, semelhantes a galpões) –, que, de acordo com ela, em sua maioria estava envolvida literalmente em todas as etapas do trabalho, sofrendo muito desgaste.

Segundo Ângela, notou-se que este comércio passava de pai para filho, com os jovens imprimindo um novo ritmo ao trabalho. Curiosamente, em fase posterior, os mais velhos continuavam acompanhando os familiares nos negócios. Durante as entrevistas com os proprietários mais antigos, foi possível compreender a trajetória da agricultura familiar no Estado de São Paulo, desde a década de 20. A pesquisa apontou ainda que os proprietários e os carregadores eram os trabalhadores que mais adoeciam na Ceasa.

Feiras
Filha de feirantes, Simone Mondin estudou, na iniciação científica, as condições de trabalho e estilo de vida dos feirantes em Campinas, o que de certa forma a levou a compreender a vida da sua própria família. As conclusões foram que estes trabalhadores começavam o dia bem cedo (por volta das 4 horas); em geral trabalhavam seis dias por semana (um dia dedicado a compras); possuíam idade média de 47,8 anos; 56% tinham salários entre R$ 700,00 e R$ 1.500,00; não usufruíam infraestrutura no local de trabalho como sanitários e recinto para realizar refeições; ficavam expostos ora à chuva e ora ao sol; tinham que conviver com a rotina de montar e desmontar as barracas, limpar o local depois da feira e pensar inclusive como apresentar melhor os produtos que comercializam. O estudo deixou claro que os feirantes gostam muito do que fazem e que os familiares os ajudam mesmo no período de férias. As feiras atuais, de acordo com Inês, diminuíram muito e, entre outros motivos, devido ao crescimento dos supermercados.

Flores
Como desdobramento do projeto Fapesp, Maria Cristina Stolf Welle estudou no mestrado os trabalhadores de flores em Holambra, SP, por residir nesta cidade e porque sua família também atuava no ramo da produção de flores. Avaliou fadiga e capacidade para o trabalho em empresas de pequeno e médio porte. Os trabalhadores mencionaram desgaste pelo excesso de horas trabalhadas, movimentos repetitivos e posição cansativa. Estes profissionais entrevistados eram jovens com idade até 40 anos, em geral com baixa escolaridade. As mulheres tinham maior percepção da fadiga do que os homens.

Para observar se as condições dos trabalhadores de flores eram as mesmas, Giuliana Bin, Flávia Nemézio e Stênio Trevisan Manzolli identificaram, na iniciação científica, os riscos entre trabalhadores de flores na cidade mineira de Andradas. Os alunos verificaram também outras peculiaridades: grande migração de outros Estados brasileiros, longas jornadas de trabalho e horário de almoço maior para as mulheres (uma hora além do horário normal), sob alegação de que elas tinham que preparar a refeição em casa. Homens e mulheres ganhavam salário mínimo.

Taxistas
Taxista na região central de Campinas: pesquisa em SP revela que 54% dos entrevistados trabalhavam 14 horas/diaLuciana Tiemi tem o pai taxista e procurou avaliar na sua iniciação científica, com bolsa CNPq, as condições de trabalho e estilo de vida de motoristas de táxi na cidade de São Paulo, em bairros da zona oeste. Verificou que cerca de 70% dos motoristas de táxi tinham 40 anos ou mais, todos eram do sexo masculino na amostra colhida e 54% dos motoristas trabalhavam 14 horas ou mais sem parar. Reclamavam de sua grande exposição à violência e não tinham infraestrutura como banheiro, local para fazer refeições ou para descansar entre uma corrida e outra. Um dos taxistas entrevistados tinha mais de 70 anos e trabalhava como motorista há 54 anos. A maioria apresentava sobrepeso e obesidade e pouco mais da metade apenas conseguia tempo para realizar algum tipo de atividade física.

Processamento de aves
No mestrado, Eliane Goes escolheu estudar uma indústria de grande porte no processamento de aves do interior do Paraná, como subprojeto do edital universal do CNPq. A entrevista foi realizada com 1.567 trabalhadores. Eles tinham média de idade de 29 anos, baixa escolaridade, presença de dor e 46,5% referiam lesões musculoesqueléticas. Uma das problemáticas foi que os trabalhadores eram jovens e dispunham de baixa capacidade para o trabalho. Apresentavam problemas de deslocamento até o local do trabalho (demorando horas para fazer o percurso até a empresa e depois para retornar para casa), permaneciam muito tempo em pé, realizavam movimentos repetitivos e tarefas monótonas de corte das aves.

Professores
Outro subprojeto do edital universal do CNPq foi de autoria de Tatiana Giovanelli Vedovato. No mestrado, deu atenção às atividades dos professores tanto no ensino fundamental como no médio de escolas públicas de Campinas e de São José do Rio Pardo, depois de decidir saber mais sobre a profissão de sua mãe, que é professora do ensino fundamental. Em seus achados, observou que os professores demonstravam desgaste elevado, relatos de estresse frequentes no trabalho e carga horária pesada, incluindo as atividades extraclasse. Abordavam queixas sobre movimentos repetitivos na sala de aula e dificuldade para conseguir mudar os métodos de trabalho. Os salários variavam entre R$ 800,00 e R$ 1.500,00 para 54,7% dos entrevistados e até R$ 799 para 21%, apesar de 96% deles terem referido formação superior completa.

Curso de especialização capacita 34 profissionais

Por conta da sua vocação para a pesquisa e da sua liderança, a Unicamp foi escolhida pela Secretaria Municipal de Saúde de Campinas para sediar um curso de especialização em Saúde do Trabalhador Multiprofissional. Criado pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Campinas (Cerest), sob responsabilidade de Andréa Marques Tavares, o curso foi coordenado por Inês, da parte da Unicamp, e pela professora Márcia Hespanhol Bernardo, representando o Cerest. Trata-se de um convênio que se presta a viabilizar a iniciativa de capacitar profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) na área de abrangência do Cerest.

Trinta e quatro participantes, provenientes de dez diferentes profissões, concluíram a primeira edição do curso no ano passado, que teve duração de 18 meses, com o objetivo de qualificar melhor os profissionais da área pública que atuam nos centros, distrito e serviço de saúde do trabalhador de hospital público na área de saúde do trabalhador. O conteúdo programático incluiu o estudo de tópicos como o processo de trabalho, a epidemiologia, a bioestatística e a saúde do trabalhador. A monografia de conclusão de curso exigia do aluno uma reflexão do cotidiano de trabalho, com aplicação no seu próprio ambiente de atuação.

Ações preventivas atenuam problema

O médico Juhani Ilmarinen, a socióloga Kaija Tuomi e colaboradores, os primeiros profissionais a avaliar as condições de trabalho na Finlândia, na década de 80, fizeram um amplo estudo com trabalhadores do serviço público do país porque pretendiam entender o adoecimento e a idade de corte para a adoção de medidas preventivas à sua saúde. Os especialistas perceberam que os problemas decorrentes das condições de trabalho inadequadas ampliavam muito entre cinco e dez anos. Pelo pioneirismo de Juhani e Kaija, ganhou força a concepção de tentar manter a pessoa ativa e com saúde no trabalho bem como nas atividades da vida cotidiana. Mesmo depois da aposentadoria, este conceito finlandês prossegue incentivando que as pessoas continuem a desfrutar boas condições de vida.

Quando visita a Finlândia anualmente e busca as respostas que também motivaram os precursores a pensarem no trabalho sob uma nova ótica, Inês constata que, no Brasil, invariavelmente, as condições de trabalho não são ainda satisfatórias e que os trabalhadores de micro e pequenas empresas não têm sequer informações sobre os mecanismos que envolvem o seu processo de trabalho e os riscos e perigos aos quais estão expostos nas suas práticas diárias.

E a realidade pode demorar para evoluir? Inês é otimista e acredita que não. Utiliza a Coréia do Sul como exemplo emblemático. O país saiu de uma situação econômica caótica para uma mais confortável em dez anos de desenvolvimento. A solução, acredita, pode estar na educação. “Com ela, é possível as pessoas garantirem a construção de sua própria autonomia.” Na Finlândia, relata, as autoridades fazem o máximo para oferecer qualidade à saúde do trabalhador. Quando ele adoece, promovem o seu afastamento, como acontece em outros países, entretanto a política vigente é a de procurar preservá-lo com ações preventivas para que isso não ocorra ou aconteça menos. E, ao retornar, deve ser recebido com condições adequadas para continuar trabalhando.

Até por causa da complexidade do tema, Inês comenta que os projetos da Unicamp conseguiram construir parcerias bem-sucedidas. Com apoio da Fapesp, a Universidade de Massachussets, Umass, Lowell, EUA, e o Fioh, com sede em Helsinki, capital finlandesa, encurtaram as distâncias. Docentes das três instituições têm efetuado intercâmbio, com viagens periódicas para conhecer o andamento dos trabalhos em cada país. Inês, uma incansável pesquisadora do assunto, incentiva agora as produções que contemplem novas categorias de trabalhadores, para ampliar o conhecimento e as ações que, a exemplo da Finlândia, podem ser também modelos em capacidade para o trabalho no restante do mundo.

Reportagem de Isabel Gardenal, do Jornal da Unicamp, publicada pelo EcoDebate, 29/10/2009

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