Cadeia do CCS (Carbon Capture and Storage): captura, transporte e armazenamento-uma parte da solução, artigo de Carol Salsa
Visão geral dos diferentes métodos de estocagem de CO2 em formações geológicas profundas: 1) armazenamento em reservatórios de petróleo e gás vazios; 2) uso de CO2 para otimizar a extração de petróleo e gás; 3) formações salinas no mar (a) e no continente (b); 4) uso de CO2 para otimizar a extração de metano ou gás em camadas de carvão (arte: IPCC, no Ciência Hoje On-line)
[EcoDebate] A cadeia do CCS (Carbon Capture and Storage) é formada pela captura, transporte e armazenamento de dióxido de carbono, uma das tecnologias mais promissoras para a redução de emissões de CO2, a partir de vastas estruturas de combustíveis fósseis.
O CCS envolve a captura do CO2 produzido quando os combustíveis fósseis são queimados, seu transporte para uma localização adequada e sua injeção no subsolo para evitar que escape para a atmosfera. Jazidas de petróleo e de gás natural esgotadas, jazidas de carvão sem atividade de extração e aqüíferos são algumas das formações geológicas apropriadas ao uso desta técnica.
A injeção de CO2 no subsolo foi implantada em várias localizações de todo o mundo particularmente nos setores de gás e do petróleo. Na Europa, o projeto Sleipner, conduzido pela Statoil na Noruega já armazenou cerca de 10 milhões de toneladas de CO2 sob o Mar do Norte (desde 1996). Outros projetos de grande escala no mundo são o In Salah, gerido pela BP e pela Statoil na Argélia, e o Weyburn, no Canadá.
Embora os componentes individuais da cadeia da CCS desfrutem de uma perfeita articulação operacional, o desafio reside em combinar estes elementos numa tecnologia totalmente integrada e comercialmente viável.
Inúmeras tecnologias de CCS estão sendo desenvolvidas com o objetivo de utilização no setor de energia. A meta européia é ter em operação 12 fábricas-piloto de CCS com a necessária capacidade até 2015 e tornar a tecnologia viável até 2020.
A Europa vem promovendo a utilização mais eficiente da energia e a preocupação de energia limpa a partir de fontes renováveis como o sol e o vento com vista ao alcance das reduções em perspectiva.
Em 26 de junho de 2009, em Bruxelas, o Secretário-Geral da Comissão Européia Sr. Jordi Ayet Puigarnau enviou ao Secretário-Geral/Alto Representante Sr. Javier Solana ambos do Conselho da União Européia o documento “Demonstração da captura e armazenagem geológica de carbono (CCS) em países em desenvolvimento de economia emergente: financiamento do Projeto UE/China para centrais a carvão com emissões quase nulas”.
O documento apresenta o plano da Comissão Européia para estabelecer um regime de investimento para o co-financiamento da construção e exploração de uma central elétrica de demonstração das tecnologias de captura e armazenagem de carbono (CCS) na China.
O documento combate as emissões de gases de efeito estufa, uma certeza de que os combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás – continuarão a desempenhar um papel central na produção de energia durante os primeiros cinqüenta anos do século XXI.
Esta necessidade é tanto mais premente quanto mais próximo do ano 2050 quando é previsto que a procura global de energia duplique. Na Europa, a produção de energia a partir de combustíveis fósseis é responsável por cerca de um terço das atuais emissões de CO2.
As formações geológicas de armazenamento têm de ser gerenciadas com segurança para evitar a fuga do CO2 injetado, o que pode ser alcançado através da seleção dos locais mais adequados e da implementação de proposta legislativa que pretende encorajar a utilização segura da CCS, apresentada pela Comissão Européia em Janeiro de 2008.
O crescimento atual e futuro da procura de energia a nível mundial, particularmente com base em combustíveis fósseis, obrigam a CCS a assumir um papel crucial na sustentabilidade econômica. Com o rápido desenvolvimento de economias emergentes, como a China e a Índia, que está sendo acompanhado por fortes aumentos na sua procura de energia e nas suas emissões de CO2. A China constrói em média duas centrais de energia de grande dimensão e alimentadas a carvão por semana, cada uma das quais produzindo emissões de CO2 de dimensão equivalente à de dois milhões de automóveis, conforme as últimas estimativas.
A CCS proporciona uma forma de lidar com estas emissões, razão pela qual a União Européia está colaborando com a China visando o desenvolvimento da CSS e de outras tecnologias limpas. A cooperação no âmbito das Emissões Quase Nulas do Carvão (NZEC – Near Zero Emissions Coal), ou seja, a investigação, desenvolvimento e implementação de tecnologias CCS e de carvão limpo, constitui um elemento central da Parceria UE-China para as Alterações Climáticas, estabelecidas em 2005. O principal objetivo visa demonstrar a viabilidade da tecnologia NZEC na China e na UE. No âmbito dessa iniciativa, será construída na China uma unidade de demonstração de emissões quase nulas até 2020, projeto cuja fase inicial se encontra já em curso.
Os desafios à implantação e disseminação das CCS nos países em desenvolvimento são apresentados na segunda fonte referendada a seguir.
Legislação sobre CCS
O Pólo de Excelência em Florestas – CI Florestas, no Brasil, veiculou artigo intitulado
“ Estado australiano aprova legislação sobre Captura e Armazenamento de Carbono”, em 17/11/2008, onde tece comentários sobre a Lei de Seqüestro Geológico de Gases de Efeito Estufa.
Com 80% da geração elétrica sendo produzida a partir do carvão, a Austrália já deixou claro em diversos relatórios que a tecnologia do CCS será fundamental para o país reduzir as emissões de GEE.
Com uma das maiores reservas de carvão lignito do mundo em território, Victoria, cidade australiana , autoriza o uso de captura e armazenamento de carbono para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
“A nova Lei de Seqüestro Geológico de Gases do Efeito Estufa dará a segurança legal e regimental necessária para incentivar os investimentos nesta e em outras tecnologias de energia limpa”, disse o Ministro de Recursos e Energia da Austrália, Peter Batchelor.
Fontes:
http://www.ciflorestas.com.br/conteudo.php?id=261
http://register.consilium.europa.eu/pdf/pt/09/st11/st11448.pt09.pdf
Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM.
EcoDebate, 24/10/2009
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