Percepção Ambiental: Ferramenta imprescindível na sensibilidade e conscientização ambiental, artigo de Carol Salsa
Imagem: Stockxpert
“Todo processo de percepção inclui apreensão da realidade através dos sentidos, cognição, avaliação e conduta. As três primeiras fases têm como produto um modelo pessoal da realidade que influencia diretamente na conduta do indivíduo”. ( Berdague, et al.)
[EcoDebate] A avaliação da percepção ambiental para Okamoto (2003), é a visão individual do ambiente, acerca do contexto que o leva a reagir de forma diferente com o meio a sua volta. Como se percebe o meio ambiente nas escolas, nas administrações públicas, nas universidades, nas lideranças comunitárias e na sociedade como um todo?
Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente frente às ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são, portanto, resultados das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivíduo, segundo Faggionato, 2002.
A percepção ambiental se faz necessário para a compreensão da realidade homem e ambiente. As metodologias geralmente empregadas contemplam a aplicação de questionários, memorial fotográfico e mapas mentais. A escolaridade pode ser um facilitador na compreensão de aspectos quanto à qualidade de vida das populações. Uma estatística nos dará o retrato exato do entendimento do meio ambiente frente às posturas da sociedade face aos limites impostos pelo meio ambiente: se inferior ou superior aos limites conhecidos pela ciência.
A falta de informações ambientais às populações carentes dá margem ao surgimento de não conformidades para com a natureza: ausência de coleta seletiva, indiferença ao aproveitamento de matéria ou a reciclagem, o desperdício, entre outras manifestações.
Para fixação dos conteúdos programáticos ambientais é necessário o conhecimento dos aspectos mais elementares de educação ambiental que já há algum tempo começa a fazer parte dos currículos escolares na educação infantil e formal.
O distanciamento entre a educação ambiental e o indivíduo foi em grande parte devido a um período de alienação provocada por uma economia equivocada quanto à demanda e o consumo. Uma prática considerada salutar é desenvolver o tema ambiental em conversas em família, quando reunida. Comentários que dizem respeito ao dia-a-dia das pessoas e o que e como elas percebem o ambiente, e que propostas fariam para uma melhor qualidade de vida.
Nota-se que há uma curiosidade de pessoas de todas as idades em relação ao meio ambiente. Uma criança certa vez disse: o meio ambiente passa por meio da minha casa.
É uma manifestação do entendimento e da sensibilidade das novas gerações.
O conhecimento da legislação é um passo mais a frente. No entanto, não deve ser relegado a uma segunda instância, popularmente falando “dando um chega pra lá” para depois conhecer o que lhe diz respeito. A cidadania tem que ser exercida de forma plena e consciente. A Constituição Federal é pródiga no assunto para um começo de conversa. Deveres e direitos devem ser realçados para que o homem possa viver em equilíbrio com a natureza e com os seus semelhantes.
Ações preventivas e corretivas podem sugerir mudanças de comportamento com exemplos oriundos dos cidadãos que tiveram a informação como um meio privilegiado de conhecimento. A cidadania faz com que ele compartilhe com os demais aquilo que percebeu e aprendeu com a natureza, consolidando a cidadania ambiental tão necessária nos dias de hoje.
As mudanças climáticas antecedem também mudanças necessárias nas agendas das diferentes atividades humanas em relação à produtividade na agricultura, indústria, comércio e serviços. Não consumir supérfluos, pode ser uma proposta. Mais do que nunca o brasileiro sabe o que pesa no seu salário. A internalização de um novo paradigma parece ter cada vez mais sentido como uma forma de percepção do ser humano em relação a uma natureza degradada, poluída com menos possibilidade de repor os serviços ambientais prestados anteriormente.
Assim caminha a humanidade !
Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM.
EcoDebate, 13/10/2009
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O artigo da Carol chama a atenção para um detalhe importante: a falta de educação ambiental formal.
Muitas prefeituras alegam ser impossível fazer a compostagem do lixo porque os usuários não fazem coleta seletiva.
Somente com uma boa educação ambiental desde o 1º grau esse quadro vai se modificar.