Receita do pré-sal tem sabor acre-doce, artigo de Carol Salsa
Mapa da Petrobras mostra região onde estão as reservas de petróleo da camada pré-sal Foto: Divulgação Petrobras
Vislumbramos ao largo mudanças que acontecerão na nova descoberta do pré-sal.
[EcoDebate] A ampliação do papel econômico e fronteiras geopolíticas no cenário internacional e o retrocesso em outras tecnologias induzindo uma menor porcentagem de energia mais limpa na matriz energética brasileira. Este é o sabor acre-doce. A mídia fala na integração de países da América do Sul, nomeadamente, Argentina, Uruguai, Venezuela e Colômbia que formariam uma cadeia de produção de componentes ligados a uma gigantesca indústria naval.
Outras fontes enfatizam que a Petrobrás terá que encomendar 200 navios. O governo federal diz que quer prioridade na produção de petróleo. Se por um lado o pré-sal representa uma renda petrolífera que gerará um fundo social cujo projeto de lei tramita no Congresso Nacional, garantindo benefícios sociais e econômicos a todos os brasileiros, por outro, retardará o desenvolvimento em energias renováveis.
No compasso ditado pelo pré-sal, noticia-se que a exploração de petróleo gerará 240 mil empregos até 2016. Uma agenda para o treinamento dos profissionais está prevista em 29 redes temáticas e mais de 500 pesquisadores, alinhada ao pacote de incentivos que o governo está preparando para a indústria nacional. Com isto, cria-se fora da Petrobrás, laboratórios de alto nível, capacitação de análise e interpretação em ciência básica e aplicada tendo impactos sobre a Petrobrás, sobre a engenharia nacional, sobre o desenvolvimento dos projetos e pesquisa em geral de todo o país. A previsão do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social indicado para elaborar a política industrial para a cadeia produtiva do pré-sal é a de que 2/3 dos equipamentos a serem empregados na exploração sejam produzidos no Brasil no período de três anos.
O pré-sal está fazendo deslanchar a indústria brasileira sediada no porto de Suape, em Ipojuca, no litoral sul de Pernambuco. Lá está o maior estaleiro do Hemisfério Sul – o Atlântico Sul-EAS. O estaleiro está prestes a entregar o seu primeiro navio de transporte de petróleo, um gigante de mais de 21 mil toneladas de aço com previsão de lançamento em janeiro de 2010. A embarcação, a primeira também do Programa de Modernização e Expansão da Frota ( Promef) da Transpetro, subsidiária da Petrobrás no setor de logística e transporte de combustíveis teve sua quilha batizada em cerimônia que marca o momento de colocação da primeira peça da embarcação no dique seco, onde os últimos ajustes são feitos em terra antes do lançamento ao mar. Outros sete navios foram encomendados pela Transpetro ao estaleiro, impulsionando não apenas a indústria naval como também a economia de Ipojuca e região. O EAS – Estaleiro Atlântico Sul é tido como peça fundamental no renascimento da indústria naval brasileira que vem na esteira do crescimento do Polo Industrial Nordestino e das demandas criadas pela futura exploração das camadas de pré-sal nesta região.
O Promef tem se destacado entre as obras do PAC com a possibilidade de gerar 40 mil empregos diretos e outros 160 indiretos. O programa pretende entregar 49 navios sendo 26 na primeira fase com investimentos de US$ 2,5 bilhões.
Só o EAS deverá entregar 10 navios do tipo Suezmax e cinco Aframax, cada um com capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo. O Suezmax é a maior classe de navio que pode passar no Estreito do Canal do Suez. Cada em custa cerca de US$ 120 milhões.
O índice de nacionalização tem que estar de acordo com o nível de preço internacional. A exigência é um alto índice de nacionalização dos equipamentos que serão utilizados na exploração do pré-sal que já começa a movimentar os produtores instalados no País em busca de parcerias estrangeiras para o fornecimento de tecnologia. Assim, grandes empresas internacionais já estendem seus braços para trabalharem com as companhias nacionais para abocanharem uma fatia de investimento da Petrobrás que gira em torno de R$ 26 bilhões.
Emyr Barbare, vice-presidente da Confab Equipamentos disse que no mínimo o índice de nacionalização estará entre 66% mas poderá chegar a 80%. Acrescentou que os convites para compras de equipamento devem chegar ao mercado entre 2010 e 2011. O objetivo do pré-sal é promover uma grande indústria naval, petrolífera e um grande pólo petroquímico.
Fonte: Marco Aurélio Garcia
Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM.
EcoDebate, 03/10/2009
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