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Pesquisas apontam alternativas para o desmatamento do Cerrado

Vegetação do Cerrado
Vegetação do Cerrado, em foto de arquivo

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama, quase metade da cobertura original do Cerrado brasileiro foi desmatada. Os números divulgados no Dia do Cerrado, na sexta-feira (11), apontam que uma área de vegetação nativa superior ao estado do Mato Grosso já cedeu lugar para plantações de soja, pecuária e exploração de madeira. Para evitar a abertura de novas áreas, a pesquisa agropecuária aponta alternativas viáveis que podem ser adotadas na região para associar a conservação do Cerrado à produção.

Uma delas é a integração lavoura-pecuária, estudada há mais de 20 anos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa. Segundo o pesquisador da Embrapa Cerrados Lourival Vilela, esse sistema permite a intensificação do uso das áreas já abertas pela pecuária e lavouras de grãos. A rotação entre áreas de pasto e de lavoura resulta em ganhos de produtividade. Isso é especialmente interessante para os pastos, que hoje estão, em sua maioria, degradados principalmente devido à deficiência de nutrientes. O pesquisador explica que atualmente a taxa de lotação média no Cerrado é de uma cabeça de gado por hectare. “Caso esse número seja aumentado para 1,4 cabeça, 11 milhões de hectares poderão ser alocados para outros usos”, avalia.

Além dos benefícios ambientais, a integração entre a lavoura e a pecuária proporciona vantagens aos produtores. Entre elas, Vilela enumera a melhora na qualidade química, física e biológica do solo; a quebra no ciclo de pragas e doenças nas lavouras; e a diminuição dos riscos de produção e de preço, pois há diversificação de atividades, uma vez que o produtor pode investir em diversas alternativas simultaneamente. Há também ganhos de produtividade. Enquanto cada hectare de pasto formado pelo sistema proporciona de 15 a 40 arrobas (em equivalente carcaça) por ano, a mesma área no sistema tradicional produz de 3 a 4 arrobas. Devido a esses ganhos, a tecnologia já começa a ser adotada por produtores da região.

Para o pesquisador Djalma Martinhão, o aumento da produtividade nas lavouras tradicionais, proporcionado pela pesquisa agropecuária, também pode ser uma receita para diminuir o desmatamento. De acordo com ele, esse resultado pode ser conquistado a partir do uso do plantio direto, da rotação de culturas e da correção da acidez do solo por meio de calcário e gesso. Segundo dados de pesquisas recentes conduzidas pela Embrapa Cerrados, por exemplo, enquanto os fertilizantes em lavoura em cultivo convencional têm uma eficiência de uso de 57%, os que são aplicados no plantio direto registram eficiência de 77%. “Com isso poderíamos aumentar a produção total de soja e milho em 9 milhões de toneladas e pouparmos a abertura de 3 milhões de hectares”, afirma Djalma.

* Texto de Clarissa Lima Paes, da Embrapa Cerrados, publicado pelo EcoDebate, 12/09/2009

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