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Comunidade peruana enfrenta dilema entre desemprego ou poluição em metalúrgica

La Oroya, Peru. Foto LivingInPeru
La Oroya, Peru.

LA OROYA, PERU – Milhares de trabalhadores estão exigindo que o governo peruano salve seus empregos numa usina de fundição atualmente fechada nos Andes, mesmo que isso represente o adiamento da limpeza da fábrica que transformou a cidade em que moram num dos lugares mais poluídos da Terra.

“Não queremos que a fábrica feche, ela deve permanecer aberta, mas também não queremos a poluição,” disse Monica Ayala, de 40 anos, que vive na frente da usina de fundição e diz que seus três filhos tossem fuligem preta. Reportagem de Terry Wade, da Agência Reuters.

Membros do sindicato da fábrica da Doe Run Peru em La Oroya afirmam que vão bloquear as estradas da região central do Peru a partir de segunda-feira, a menos que o presidente Alan García tome ações de forma decisiva para pôr fim a uma crise que dura meses na fundição de metais mais diversificada do mundo.

O futuro da metalúrgica e dos aproximadamente 20 mil empregos ligados a ela depende de uma briga entre García e Ira Rennert, o bilionário de Nova York dono da fábrica, por causa de uma litigiosa operação de limpeza ambiental.

A controvérsia poderá favorecer candidatos de oposição, tanto de esquerda como de direita, antes da eleição de 2011 no Peru, à qual Garcia não pode concorrer.

A Doe Run, que diz ter gasto 307 milhões de dólares limpando a fábrica e talvez precise gastar outros 150 milhões de dólares, culpa o governo por fazer a sua parte do trabalho ambiental muito lentamente.

O presidente, cuja popularidade está abaixo de 30 por cento e enfrenta uma forte desaceleração econômica, provocaria a ira dos ambientalistas caso permitisse mais adiamentos na limpeza da fábrica, pela qual reclamaram durante anos.

As operações na Doe Run Peru começaram a degringolar no fim do ano passado depois que os preços dos metais caíram à metade durante a crise econômica global e os bancos cancelaram suas linhas de crédito. Seus fornos foram fechados em junho e no mês passado ela pediu proteção ao crédito.

Trabalhadores e muitos moradores de La Oroya querem que García estenda o prazo determinado para que a empresa conclua a limpeza da fábrica. Isso ajudaria a Doe Run a reobter acesso a financiamento.

“Pedimos por uma ampliação razoável,” disse Nazario Flores, advogado do Comitê de Defesa de la Oroya. “Se a fábrica parar de forma permanente, haverá o caos aqui.”

A fábrica abriu em 1922 e foi comprada do governo peruano pela Doe Run em 1997. A metalúrgica tem sido a principal fonte de poluição na cidade apontada como uma das dez mais contaminadas da Terra, de acordo com a organização ambiental Blacksmith Institute.

Muitos moradores têm altos níveis de chumbo e arsênico no sangue.

Reportagem da Agência Reuters, publicada no Estadao.com.br .

EcoDebate, 28/08/2009

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