Pesquisa indica que a obrigatoriedade de biofortificação com ácido fólico pode ser desnecessária
[Por Henrique Cortez, do Ecodebate] A persistência metabólica dos níveis atuais de ácido fólico, encontrados na população da Irlanda, indica que a fortificação obrigatória de alimentos pode resultar em uma ‘overdose’ e, um risco potencial à saúde.
Um novo estudo [Persistent circulating unmetabolized folic acid in a setting of liberal voluntary folic acid fortification. Implications for further mandatory fortification?] , publicado no periódico BMC Public Health, descobriu que a maioria das mães e bebes já obtém suplementação suficiente de ácido fólico em alimentos enriquecidos voluntariamente.
Neste momento, as autoridades de saúde da Irlanda discutem a biofortificação obrigatória com ácido fólico e, em razão disto, os pesquisadores estudaram 50 amostras de sangue obtidas do sistema público de doação de sangue (Irish Blood Transfusion Service), bem como amostras de 20 mães e do cordão umbilical de 20 crianças do Coombe Women’s and Infants’ University Hospital, em Dublin.
De acordo com os pesquisadores: “Um estudo recente sugeriu que o consumo excessivo de ácido fólico pode aumentar o risco de câncer de próstata e de recorrência de carcinoma mais grave de adenoma. Temos de começar a explorar o quanto metabolização do ácido fólico está presente no povo irlandês, expostos ao a uma grande gama de alimentos ‘voluntariamente’ enriquecidos, e de prever o aumento dos níveis deve ser introduzido por uma política de fortificação obrigatória “.
O ácido fólico e outros micronutrientes foram adicionados, em uma base voluntária, em cereais matinais, pães e outros produtos, na República da Irlanda durante mais de 15 anos, para sanar o risco de ingestão inadequada ou insuficiente.
Neste estudo os pesquisadores descobriram que o ácido fólico não metabolizado esteve presente na maioria de sua amostra.
Segundo eles isto implica uma exposição constante de ambas as células normais e células tumorais em potencial para a pró-vitamina A entre os consumidores irlandeses. As consequências do aumento do consumo de ácido fólico ainda são desconhecidas, mas, de acordo com os investigadores, “este deve continuar a ser motivo de preocupação para os responsáveis pela elaboração de legislação nesta área”.
A questão também é importante no Brasil, não apenas porque o ácido fólico é um suplemento frequentemente prescrito, como também é amplamente presente na suplementação por automedicação, o que pode implicar em superdosagens.
O artigo “Persistent circulating unmetabolized folic acid in a setting of liberal voluntary folic acid fortification. Implications for further mandatory fortification?“, por Mary R Sweeney, Anthony Staines, Leslie Daly, Aisling Traynor, Sean Daly, Steve W Bailey, Patricia B Alverson, June E Ayling and John M Scott, publicado na BMC Public Health 2009, 9:295doi:10.1186/1471-2458-9-295, foi publicado como Open Access e está disponível para acesso no formato PDF.
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Para maiores informações publicamos, abaixo, o abstract:
Abstract (provisional)
Background
Ireland is an example of a country that has extensive voluntary fortification with folic acid. After a public consultation process, in 2006, the Food Safety Authority in Ireland FSAI [1] recommended mandatory fortification. However due to safety considerations this decision is now on hold. Before mandatory fortification goes ahead, existing levels of unmetabolised folic acid and their anticipated increase after fortification needs investigation because of the potential of folic acid to mask pernicious anaemia and possibly accelerate the growth of existing cancers. Aim: To examine the levels of circulatory unmetabolised folic acid in Irish adults (both fasted and un-fasted) and new-born infants (fasted) before the proposed implementation of mandatory folic acid fortification. A secondary aim was to predict the increase in circulatory unmetabolised folic acid levels after fortification.
Methods
Study 1. Setting: Irish Blood Transfusion Service (IBTS). Whole blood samples were collected from blood donors (n=50) attending for routine blood donation sessions (representing the general population). Subjects were not fasted prior to sampling. Study 2. Setting: Coombe Women’s and Infant’s University Hospital, Dublin. Whole blood samples were collected by venipuncture from mothers (n= 20), and from their infant’s umbilical-cords (n=20) immediately after caesarean section. All women had been fasted for at least 8 hours prior to the surgery. A questionnaire on habitual and recent dietary intakes of folic acid was administered by an interviewer to all subjects. The data collection period was February to April 2006. Serum samples were analysed for plasma folate, plasma folic acid and red cell folate.
Results
Blood Donor Group: Circulatory unmetabolised folic acid was present in 18 out of 20 mothers (fasted) (CI: 68.3%-99.8%) comprising 1.31% of total plasma folate, 17 out of 20 babies (fasted) (CI: 62.1%- 96.8%), and 49 out of 50 blood donors (unfasted) (CI: 88.0%-99.9%), comprising 2.25% of total plasma folate,
Conclusion
While the levels of circulatory unmetabolised folic acid reported are low, it is persistently present in women immediately after caesarean section who were fasting indicating that there would be a constant/habitual exposure of existing tumours to folic acid, with the potential for accelerated growth. Mandatory fortification might exacerbate this. This has implications for those with responsibility for drafting legislating in this area.
Fonte adicional: Como administrar o ácido fólico no período periconcepcional? de Marco Antonio Borges Lopes; Victor Bunduki; Marcelo Zugaib
EcoDebate, 24/08/2008, com informações de Graeme Baldwin, BioMed Central
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