A meta da Operação Boi Pirata II é retirar 15 mil cabeças de gado da Amazônia
Com a chegada de mais agentes ambientais federais do Paraná e Mato Grosso, entre eles vários especialistas em queimadas, e mais o efetivo de policiais da Força Nacional de Segurança Pública, a Operação Boi Pirata II pretende retirar 15 mil cabeças de gado do interior da Floresta Nacional do Jamanxim, na Amazônia paraense.
Dados recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe informam que, apenas neste ano, o Pará desmatou 300 km², grande parte dessa área é destinada à criação de gado. A pecuária dentro da Flona do Jamanxim é a principal causa do desmatamento daquela Unidade de Conservação – UC. Além disso, para alimentar o gado é necessária a plantação de pasto. E para isso é preciso queimar a mata, o que torna inviável a sua regeneração.
Conforme determinação do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, todo o gado criado em Unidades de Conservação ou em terras da União deverá ser retirado imediatamente. O pecuarista que não cumprir os prazos estabelecidos pelos agentes ambientais federais do Ibama para a retirada dos rebanhos terá o plantel confiscado e doado aos projetos sociais do Governo Federal.
Queimadas
Hoje, os helicópteros do Ibama tentaram sobrevoar o município de Novo Progresso, mas o volume de fumaça derivado das grandes queimadas não permitiu que as aeronaves levantassem vôo. Contudo, à tarde, os fiscais sobrevoaram a região e fizeram levantamento das áreas queimadas. Assim, será possível identificar os posseiros para multá-los e embargar as áreas afetadas.
A presidente do sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras de Novo Progresso, Ivonete Alves Moura, juntamente com assentados do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Terra Nossa, localizado às margens da BR 163, no km 1009, esteve na base operativa do Ibama para falar de sua preocupação em relação às queimadas. Na área do assentamento, há posseiros que não têm documentos que legitimem sua posse e fazem queimadas constantes. “Temos medo que, por causa do clima seco, o fogo chegue até o assentamento. Afinal, são 310 famílias de trabalhadores que se sustentam do que produzem. Além disso, nossa preocupação também é que, por causa da queimada de outros, a gente leve a culpa e sofra penalidades do Ibama”, disse.
A surpresa
O ministro Minc afirmou em Novo Progresso/PA que a Operação Boi Pirata II não vai parar, mesmo tendo havido a tentativa de um juiz do estado em prender o coordenador da operação, e da pressão política e econômica para manter o desmatamento na região. Segundo o coordenador da operação, Leslie Tavares, a chegada da Força Nacional de Segurança Pública a Novo Progresso dará a segurança necessária para os agentes do Ibama continuarem desempenhando seu trabalho com tranquilidade, até que se consiga atingir a meta de 15 mil cabeças de gado fora da Amazônia. “É isso o que a sociedade brasileira quer, pois ela repudia o desmatamento ilegal.”, afirmou.
O trabalho não para
Durante o último fim de semana (14 a 16/08), as equipes de trabalho da Operação Boi Pirata II lavraram seis autos de infração e aplicaram mais R$ 2 milhões em multas. Até o momento, foram apreendidos quatro tratores, sendo dois de esteira, 14 armas, três caminhões, 18 motosserras, mil litros de óleo diesel, munição, uma serraria móvel, houve embargo e apreensão de equipamentos de uma serraria fixa, a detenção de 17 pessoas, foram estourados oito acampamentos de grupos que faziam desmatamento e queimadas visando à criação de gado, além de lavrados 38 autos de infração, que resultaram em mais de R$ 26 milhões em multas.
Texto de Badaró Ferrari, Ibama, publicado pelo EcoDebate, 19/08/2009
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