A mágica reciclagem sul-coreana, artigo de Ana Echevenguá
[EcoDebate] O lixo e a limpeza urbana, no Brasil, movimentam anualmente cerca de R$ 17 bilhões. Dados fornecidos por João Carlos David, presidente da ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. A coleta de resíduos domiciliares, segundo ele, passou de 140,9 mil toneladas/dia em 2007 para 149,1 mil toneladas/dia em 2008 (e mais de 20 mil toneladas diárias de lixo não são coletadas).
Um filão deste mercado bilionário irá para as mãos dos sul-coreanos. A empresa Forcebel – da Coréia do Sul – vai instalar uma usina de reciclagem de resíduos urbanos na Grande Florianópolis-SC, cuja produção de lixo corresponde a mil toneladas/dia.
O Prefeito da Palhoça, Ronério Heiderscheidt, abriu as portas de sua cidade e firmou acordo de cooperação com o governo da Coréia do Sul para a implantação do Complexo Industrial de Reciclagem de Lixo, com investimento de R$ 22 milhões (valor da máquina coreana produzida pela Forcebel*). Disponibilizou ainda uma área de 54 mil metros quadrados, na região de Tapuia, para sediar o projeto. Assim, Palhoça será o primeiro município do ocidente a utilizar essa tal tecnologia sul-coreana.
Segundo Ronério, “além do beneficio ao meio ambiente, essa usina vai gerar emprego e renda e dar dignidade para aquelas famílias que dependem do lixo para sobreviver”**. Sem catadores de lixo nas ruas, a coleta será feita somente por caminhões e, após a separação mecânica dos resíduos, todo o material resultante das operações da região poderá ser reaproveitado para novos componentes*** e/ou ser vendido pela associação de catadores vinculada ao projeto. Com isso, o fluxo do trânsito e a renda das pessoas envolvidas sofrerão impacto positivo imediato. E a Prefeitura poderá conquistar a certificação do ISO 14001.
O presidente da Forcebel – Na Kyung Duk – afirma que a Coréia do Sul recicla até 90% do seu lixo.
Se isso for verdade, os aterros sanitários estão com os dias contados e os empresários do lixo fadados à falência? Parece que não… há fortes indícios de que a CAVO (do Grupo Camargo Correa, responsável pelo lixo da Grande Curitiba) está implantando um aterro sanitário na Palhoça. Assim como os coreanos, a CAVO quer encher os bolsos com o dinheiro do lixo da Grande Florianópolis.
Por essas e outras; e por saber das fraudes e falácias dos projetos de reciclagem implantados no Brasil, as ‘boas-novas’ da Forcebel devem ser recebidas com muita, muita cautela…
* -http://www.juridicobrasil.com.br/portal/index.php?tipo=2&cod=2&id_noticia=253776
** – http://istepo.com/index.php/Main/visNoticias/1515
*** – http://www.reciclaveis.com.br/noticias/00907/0090710coreanos.htm
Ana Echevenguá, advogada ambientalista, coordenadora do programa Eco&Ação, presidente do Instituto Eco&Ação e da Academia Livre das Água, e-mail: ana{at}ecoeacao.com.br, website: www.ecoeacao.com.br.
EcoDebate, 18/08/2009
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta que envie um e-mail para newsletter_ecodebate-subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
Fechado para comentários.