Londres e Cairu, baixo carbono, artigo de Eduardo Athayde
[EcoDebate] As articulações internacionais que precedem a Cúpula do Clima, da ONU, em dezembro, na Dinamarca, precipitam iniciativas de várias partes do mundo para adequar economias (e investimentos) às novas tendências de baixo carbono que dominarão as próximas décadas. Hoje, enquanto cada tonelada de CO2 emitida causa estragos da ordem de 85 dólares à economia, os benefícios econômicos para um caminho de baixo carbono podem chegar a 2,5 trilhões de dólares por ano.
Atento, o governo inglês surpreendeu a todos com o lançamento do ousado Plano de Transição de Baixo Carbono, afirmando que o país será o primeiro no mundo a estabelecer “orçamentos de carbono”, cortando 34% das emissões até 2020 e zerando as emissões do setor elétrico até 2050. Para isso, a Inglaterra inicia as ações nos seus 386 municípios,com a reforma de sete milhões de residências, capacitando 1,5 milhão delas para produzir sua própria energia, investindo em carros que poluem 40% menos e criando 1,2 milhão de empregos.
“Para o Reino Unido, combater as mudanças climáticas e fazer a transição para uma economia de baixo carbono faz sentido para a economia e a segurança do país e do Planeta”, afirmou Ed Miliband, ministro inglês das Mudanças Climáticas, durante o lançamento do plano.
Longe da badalação internacional mas afetado pela mesma crise climática, o charmoso Cairu, localizado na costa da Bahia e chamado de Principado de Cairu por ser o único município arquipélago dos 5.564 municípios do Brasil e abrigar paraísos como Biopeba, Garapuá e Morro de São Paulo, prepara-se para a economia baixo carbono com o plano Cairu 2030, apoiado pelo BID e alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU – anterior ao dos ingleses.
“Se os municípios ingleses podem, Cairu também pode”, afirma Isaias Ribeiro,secretário de Desenvolvimento Sustentável de Cairu, parceiro de Ed Miliband no oficio e nas idéias. Não só pode como deve, este é o novo formato do mundo globalizado interessado preservar ambientes e culturas locais. Cairu, que na linguagem indígena quer dizer terra do sol, completa 400 anos em 2010 pensando alto. Está investindo no seu parque tecnológico, articulando a instalação de nuvem digital e propiciando conectividade à internet, com banda larga, para atrair empresas interessadas em instalar centros de inteligência, pesquisa e tecnologia em áreas de preservação cultural e ambiental, uma nova tendência entre empresas interessadas nos lucros – e no bem estar – propiciados pela sustentabilidade.
A Universidade Federal da Bahia, que abriga o Centro de Tecnologias Limpas (Teclim), um centro de referência local comparável a qualquer outro do mundo, já instalou o Campus Avançado Ufba Cairu. As tecnologias limpas, novas vedetes de um mundo em descarbonização, terão que ser usadas como ferramentas tanto por ingleses quanto cairuenses na construção de uma economia de baixo carbono. Uma prática crescente entre municípios ao redor do globo.
Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil. E-mail:eduardo{at}uma.org.br
EcoDebate, 13/08/2009
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