Organização coletiva promove segurança alimentar e nutricional em acampamentos e pré-assentamentos da Bahia
Parceria entre movimentos sociais e governo organiza 8,4mil famílias em sistemas coletivos de produção de alimentos. Os produtos desse trabalho serão exibidos em feira de economia solidária
Durante o ano de 2008, das 30mil famílias acampadas na Bahia apenas uma ínfima parcela chegou a ser assentada. Essa demora no processo de Reforma Agrária desgasta o processo de organização coletiva e gera insegurança alimentar nos acampamentos. O Projeto de Segurança Alimentar e Nutricional em Acampamentos e Pré-Assentamentos da Reforma Agrária no Estado da Bahia (PSAN) vem contribuindo para reverter essa situação.
Desde maio de 2008 são 84 agentes de mobilização e 8,4 mil famílias envolvidos num processo de formação em agroecologia e segurança alimentar e nutricional. Coordenado pelo Grupo Gestor do PSAN, esse processo de formação resultou na organização de diversos sistemas coletivos de produção em núcleos familiares.
O processo de formação começou com o curso de formação de agentes, que são militantes dos movimentos e entidades de luta pela terra. Este curso abordou temas como políticas de segurança alimentar, história de luta pela terra, produção agroecológica, educação popular, equidade de gênero e geração, diagnóstico participativo e elaboração de projetos produtivos.
Com base nestes conhecimentos, cada agente realizou diagnósticos socioeconômicos e ambientais nos acampamentos e nas famílias. Este diagnóstico foi importante para o desenvolvimento da organização coletiva e o planejamento do processo de produção. Cada agente organizou núcleos de 100 famílias para a realização de oficinas de agroecologia que resultaram na elaboração de diversos projetos: criação de pequenos animais, hortas, implantação de lavouras, criação de abelha, viveiros de mudas, canteiros de ervas medicinais e banco de sementes. Durante estas oficinas as famílias resgataram técnicas fundamentais para a segurança e soberania alimentar, como o uso de sementes crioulas, o aproveitamento de plantas nativas, a adubação orgânica e práticas de reflorestamento. O resultado desse trabalho será exibido dias 06 e 07 de agosto na Feira de Sabores e Saberes do PSAN. No dia 08 de agosto, o Seminário de Avaliação encerra esse segundo convenio do projeto.
Os movimentos e entidades parceiras do projeto integram o Grupo Gestor do PSAN, onde contribuem no monitoramento, avaliação e planejamento das ações. Com isso, o projeto também contribui para o fortalecimento e articulação da sociedade civil organizada na luta pela Reforma Agrária e no processo de construção da Política de Segurança Alimentar e Nutricional no Estado da Bahia. Para a lavradora Janaína, do MST, o Projeto dá possibilidade ao acampado desenvolver experiências para quando ele tiver assentado. “A gente não entra na terra de mão vazia, já entra com uma sementinha”, disse.
Com um investimento total de R$3,1mi, o PSAN é uma parceria entre Cáritas Brasileira – Regional Nordeste 3 (Bahia/Sergipe), Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES) e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). As ações nas áreas são desenvolvidas pelos movimentos e entidades de luta pela terra: Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Bahia (FETAG), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Pastoral Rural de Paulo Afonso, Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e Movimento Estadual dos Trabalhadores Assentados e Quilombolas (CETA).
Feira de Sabores e Saberes – Cerca de 200 acampados e pré-assentados realizam dias 06 e 07 de agosto, na Praça Municipal de Salvador, a Feira de Sabores e Saberes do PSAN. Eles são representantes das 8,4mil famílias beneficiadas pelo Projeto de Segurança Alimentar e Nutricional em Acampamentos e Pré-Assentamentos da Reforma Agrária no Estado da Bahia, o PSAN. Além de promover a troca de produtos das áreas de Reforma Agrária, a feira proporciona um momento de intercâmbio de experiências e incentiva o engajamento dos acampados e pré-assentados no movimento de Economia Solidária.
O encerramento do evento acontece no sábado (08/08) com o Seminário de Avaliação do PSAN. Os envolvidos no projeto se reúnem para lançar um olhar crítico sobre as ações desenvolvidas e o papel que têm desempenhado ao longo do processo de implantação dos sistemas coletivos de produção. A feira também vai promover oficinas gratuitas com temáticas ligadas à agroecologia, convivência com o semi-árido e agricultura familiar. Durante o seminário serão lançados a Revista Alimento: Direito ou Mercadoria? e a pré-edição do vídeo do PSAN. O Seminário de Avaliação serve de subsidio para planejar a continuidade e sustentabilidade do projeto, tendo em vista a construção da Política de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado da Bahia.
Informações da Sedes / Cáritas, publicadas pelo EcoDebate, 01/08/2009
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