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Problemas financeiros, ambientais e alta de matéria prima fecham usina da Brasil Ecodiesel no Ceará

Crateús (CE), 31 de Janeiro de 2007 - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a Usina de Biodiesel da Brasil Ecodiesel, acompanhadodo governador do Ceará, Cid Gomes, e do presidente da Brasil Ecodiesel, Nelson Cortês da Silveira. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Crateús (CE), 31 de Janeiro de 2007 – Presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a Usina de Biodiesel da Brasil Ecodiesel, acompanhadodo governador do Ceará, Cid Gomes, e do presidente da Brasil Ecodiesel, Nelson Cortês da Silveira. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Brasil Ecodiesel fecha usina no Ceará – A usina de biodiesel da Brasil Ecodiesel, em Crateús, no sertão central cearense, fechou suas portas por problemas financeiros e ambientais. Inaugurada, em janeiro de 2007, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a unidade estava parada havia seis meses. Tinha capacidade instalada de produção para 10 milhões de litros de óleo por mês, mas, desde sua inauguração apresentava problemas em adquirir matéria prima. Recentemente, suas ações na Bolsa despencaram.

De acordo com o prefeito de Crateús, Carlos Felipe Saraiva Beserra, a empresa teve seus problemas agravados com a queda do valor das ações na Bolsa de Valores. Começou operando com a ação avaliada em R$ 12 e agora estava em apenas R$ 0,80. Reportagem de Carmen Pompeu, no O Estado de S.Paulo.

O fechamento da unidade foi anunciado, na última sexta-feira, na Assembleia Legislativa do Ceará, pelo deputado Hermínio Resende. Segundo ele, a empresa estaria inclusive com as contas de água e luz atrasadas.

Amparada no programa do governo federal de desenvolvimento do biodiesel, a usina deveria incentivar a produção de mamona no sertão cearense. O governador Cid Gomes (PSB) destina R$ 200 para cada hectare plantado. Mas, apesar dos subsídios recebidos, a empresa sequer conseguia pagar o preço mínimo do quilo da baga do produto aos pequenos agricultores da região.

Começou a funcionar com 20 mil toneladas de mamona estocadas, quantidade suficiente para somente 80% da capacidade total de produção de um mês. Como o plantio de mamona não deslanchou no município, a unidade passou a adquirir, então, soja e dendê no Piauí e na Bahia.

Na opinião do presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce), José Maria Pimenta, o problema financeiro provocou o fechamento da usina. “Nenhuma empresa fecha se estiver dando lucro”, comentou.

Além da questão financeira e de aquisição de matéria prima, o prefeito Carlos Felipe Beserra disse que a usina também vinha sendo acusada de poluir o Rio Poti, responsável pelo abastecimento da região.

Mas, com relação a esse problema, o prefeito disse que teria uma conversa, na próxima semana, com o diretor da Ecodiesel, Ricardo Alonso, e o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adene), Antônio Balhmann, propondo a transferência da unidade para além das margens do rio.

Além da solução para o entrave ambiental, o prefeito também reivindica do governo cearense uma adutora e uma rede elétrica trifásica. Assim, na opinião dele, seria mais fácil para algum outro grupo adquirir a empresa e colocá-la para funcionar novamente, garantindo o emprego dos 520 funcionários, que acabaram demitidos.

Ele torce para que seja a Petrobrás. A estatal já mantém uma usina de biodiesel em Quixadá, também no sertão central cearense. Foi inaugurada em agosto do ano passado, pelo presidente Lula.

Representantes da Brasil Ecodiesel no Ceará foram procurados pelo Estado, mas não houve retorno. Reportagem publicada na edição do mês passado da revista Biodieselbr informa que a empresa tem produzido cada vez menos biodiesel em 2009. De janeiro a abril apenas 20 milhões de litros haviam saído de suas seis usinas. Juntas têm capacidade instalada de 745,2 milhões de litros por ano.

Analistas do setor avaliam que os efeitos da crise mundial, a falta de crédito à indústria e alta das matérias primas fazem com que a Brasil Ecodiesel enfrente períodos de dificuldades para operar suas indústrias em plena capacidade.

EcoDebate, 13/07/2009

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