Relatório afirma que a proteção climática é insuficiente entre países do G8
Carros numa rodovia em Atlanta, nos Estados Unidos. Foto da AP
Estudo encomendado pela ONG ambientalista WWF e pela seguradora Allianz faz uma comparação entre as nações do G8 e as principais potências emergentes, entre elas o Brasil.
Nenhum dos países do G8 adotou até o momento medidas suficientes contra as mudanças climáticas, critica o relatório da consultoria Ecofys divulgado nesta quarta-feira (01/07) em Berlim. A análise foi encomendada pela seção alemã da ONG ambientalista WWF e pela seguradora Allianz.
Na avaliação, foram considerados os avanços conquistados desde 1990, a atual situação da proteção climática em cada país e as medidas políticas planejadas. Além das nações do G8, foram avaliados também os principais países emergentes: China, Índia, Brasil, México e África do Sul.
A uma semana da cúpula do G8 na italiana Áquila, o WWF e a Allianz exortaram as nações industrializadas a investir 2 bilhões de dólares ainda em 2009 em medidas emergenciais para impedir o aquecimento do planeta.
G8
O documento afirma que, na comparação entre os países do G8, a Alemanha é líder na adoção de medidas para combater o aquecimento global. Logo a seguir vêm o Reino Unido e a França. O G8 é composto ainda por Estados Unidos, Itália, Canadá, Japão e Rússia.
Alemanha, Reino Unido e França já alcançaram as metas de redução de emissões definidas no Protocolo de Kyoto, mas, segundo o relatório, os resultados obtidos e as medidas planejadas a longo prazo não são suficiente para manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC.
O relatório critica a Alemanha por não ter ainda apresentado uma estratégia convincente para chegar, em 2050, a uma geração de energia que utilize pouco carvão. O Reino Unido é elogiado por ter sido o único país a ancorar a proteção climática na sua legislação.
Já os Estados Unidos, afirma o documento, fizeram mais pela proteção climática nos seis primeiros meses de 2009 do que nas três décadas anteriores.
Emergentes
Os cinco países emergentes avaliados já apresentaram ou vão apresentar planos de proteção climática, apesar de não terem metas obrigatórias estipuladas no Protocolo de Kyoto, diz o relatório.
A África do Sul pretende reduzir em 30% suas emissões até 2050, e o México, em 50%. China e Índia são elogiadas por investir fortemente em energias renováveis e, segundo o relatório, possuem metas ambiciosas para elevar a eficiência energética. Ainda assim, nos dois países asiáticos as emissões crescem em ritmo acelerado, diz o documento.
O Brasil é elogiado por seu engajamento no combate ao desmatamento, principal fonte de emissões de gases do efeito estufa no país.
Confira um resumo da análise para os países do G8, seguindo a ordem deles no ranking do relatório.
Alemanha – As metas definidas em Kyoto foram alcançadas, ainda que para isso tenha contribuído o desmantelamento da indústria da antiga Alemanha Oriental. Pontos positivos são, principalmente, o uso cada vez maior de energias renováveis e a meta de reduzir as emissões de CO2 em 40% até 2020. A Alemanha, porém, tem desempenhado cada vez menos um papel de liderança no contexto internacional.
Reino Unido – As metas definidas em Kyoto também foram alcançadas e há o comprometimento de reduzir as emissões de CO2 em 80% até 2050. Ponto positivo é a substituição do carvão pelo gás na geração de energia. O país apresenta, porém, piora no uso de energias renováveis.
França – Os baixos níveis de emissão de gases estufa são obtidos principalmente pelo amplo uso de energia nuclear, o que é criticado pelo WWF. As emissões de CO2 também diminuem em ritmo lento.
Itália – Os níveis per capita de emissão de CO2 são baixos devido à estrutura econômica do país. Mas as emissões estão subindo e estão muito acima dos níveis estipulados em Kyoto. Falta para o país uma política climática eficaz.
Japão – Os baixos níveis de emissões de gases estufa são obtidos principalmente por meio do alto grau de eficiência da indústria, além do uso de energia nuclear. Ainda assim, as emissões de CO2 estão acima dos níveis de 1990 e, dessa forma, muito além dos limites definidos em Kyoto. As metas de redução de emissões para 2020 são insuficientes.
Rússia – Os níveis de emissões relativamente baixos em comparação a 1990 estão relacionados com a reestruturação da indústria no início dos anos 1990. As emissões de CO2 sobem continuamente desde 1999 e pouco é feito contra isso.
Estados Unidos – As emissões per capita de CO2 são maiores do que em qualquer outro país do G8 e continuam subindo. Mas, após anos de marasmo, o novo governo está finalmente adotando esforços em favor da proteção do clima.
Canadá – As emissões de CO2 sobem continuamente e estão muito acima da meta de Kyoto. Não há objetivos apropriadas de proteção climática.
AS/dpa/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer
Matéria da Agência Deutsche Welle, DW-WORLD.DE, publicada pelo EcoDebate, 03/07/2009.
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