Meta-análise conclui que os ecossistemas podem se recuperar em uma geração
A maioria dos ecossistemas poluídos ou danificados pelo homem ao redor do mundo pode se recuperar em uma geração se as sociedades se envolverem na sua limpeza e restauração.
A conclusão, bastante diferente da literatura catastrofista que tem tomado conta das pesquisas ambientais, é resultado de uma meta-análise [Rapid Recovery of Damaged Ecosystems] de 240 pesquisas independentes feitas por cientistas de todo o mundo. Da Redação do Site Inovação Tecnológica, com informações complementares do EcoDebate.
Recuperação ambiental
Os pesquisadores descobriram que os ecossistemas florestais se recuperam em média em 42 anos, enquanto os fundos oceânicos podem se recuperar em menos de 10 anos.
Quando examinados pelo tipo de agressão sofrida, os ecossistemas que passaram por múltiplos distúrbios interconectados recuperaram-se em média em 56 anos. Distúrbios menos graves, como invasão de espécies não-nativas, mineração, derramamento de óleo e pesca por arrastão, recuperaram-se em apenas 5 anos.
O estudo relata também que a maioria dos ecossistemas leva mais tempo para se recuperar dos danos causados pelo homem do que pelos distúrbios naturais, como tufões e furacões.
“Não estamos em um mundo sem esperanças”
“Os danos causados a esses ecossistemas são extremamente sérios,” diz o pesquisador Oswald Schmitz, autor do estudo, juntamente com sua colega Holly Jones. “Mas a mensagem é que, se as sociedades escolherem se tornar sustentáveis, os ecossistemas irão se recuperar. Não estamos em um mundo sem esperanças.”
A pesquisa concentrou-se em sete tipos de ecossistemas e nos principais danos ao meio ambiente causados pelo homem, incluindo agricultura, desmatamento, espécies invasoras, exploração madeireira, mineração, derramamento de óleo, pesca acima dos limites, geração de energia e pesca por arrastão. As principais fontes naturais de danos ao meio ambiente também foram consideradas, incluindo, ciclones e furacões.
A análise das pesquisas independentes encontrou 83 estudos que demonstraram a recuperação de todas as variáveis ambientais consideradas; 90 estudos relataram uma mistura de variáveis recuperadas e não-recuperada e 67 relataram que nenhuma variável havia sido recuperada.
Segundo Schmitz, 15% de todos os ecossistemas incluídos na análise superaram a recuperação e 54% dos estudos afirmavam não ter havido pesquisa em tempo suficiente para avaliar a recuperação e chegar a conclusões definitivas.
Bandeira dos ativistas ambientais
Os pesquisadores alertam para a necessidade de se desenvolverem critérios específicos para decidir quando um ecossistema está recuperado de um determinado dano, porque alguns pesquisadores desconsideram que o ecossistema estudado já incorporava danos anteriores no início do estudo, não devidos ao fenômeno que está sendo estudado.
Eles afirmam também que os dados dessas centenas de pesquisas refutam as especulações de que levará séculos ou milênios para que os ecossistemas degradados se recuperem. E defendem que a restauração dos ambientes degradados torne-se uma bandeira dos ativistas ambientais, podendo eventualmente levar a resultados muito melhores do que as especulações afirmam ser possível.
“Nós reconhecemos que a humanidade já explorou e continuará a explorar ativamente a natureza para atender às suas próprias necessidades. A mensagem de nosso estudo é que a recuperação é possível e que ela pode ser rápida para a maioria dos ecossistemas, dando muito esperança para uma transição para um gerenciamento sustentável dos ecossistemas globais,” conclui Jones.
O artigo “Rapid Recovery of Damaged Ecosystems”, de Holly P. Jones e Oswald J. Schmitz, publicado na PLoS ONE
May 27, 2009, Vol.: 4(5): e5653, DOI: 10.1371/journal.pone.0005653, está disponível para acesso integral no formato HTML. Para acessar o artigo clique aqui.
Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract:
Rapid Recovery of Damaged Ecosystems
Holly P. Jones*, Oswald J. Schmitz
School of Forestry and Environmental Studies, Yale University, New Haven, Connecticut, United States of America
Abstract
Background
Recent reports on the state of the global environment provide evidence that humankind is inflicting great damage to the very ecosystems that support human livelihoods. The reports further predict that ecosystems will take centuries to recover from damages if they recover at all. Accordingly, there is despair that we are passing on a legacy of irreparable damage to future generations which is entirely inconsistent with principles of sustainability.
Methodology/Principal Findings
We tested the prediction of irreparable harm using a synthesis of recovery times compiled from 240 independent studies reported in the scientific literature. We provide startling evidence that most ecosystems globally can, given human will, recover from very major perturbations on timescales of decades to half-centuries.
Significance/Conclusions
Accordingly, we find much hope that humankind can transition to more sustainable use of ecosystems.
Citation: Jones HP, Schmitz OJ (2009) Rapid Recovery of Damaged Ecosystems. PLoS ONE 4(5): e5653. doi:10.1371/journal.pone.0005653
Editor: Geoffrey Clayton Trussell, Northeastern University, United States of America
Received: January 5, 2009; Accepted: April 21, 2009; Published: May 27, 2009
Funding: HPJ received funding from the Leopold Schepp Foundation and OJS received funding from Yale School of Forestry and Environmental Studies. The funders had no role in study design, data collection and analysis, decision to publish, or preparation of the manuscript.
Competing interests: The authors have declared that no competing interests exist.
* E-mail: holly.jones{at}yale.edu
* Matéria indicada por Edinilson Takara, leitor e colaborador do EcoDebate.
[EcoDebate, 30/06/2009]
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