Selênio em excesso pode tornar o câncer de próstata mais agressivo
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Nos últimos anos cresceu o consumo de antioxidantes, dentre os quais o selênio, em razão da crença de que os antioxidantes que podem ajudar as pessoas vivem mais tempo, com uma vida saudável e com menor incidência de câncer. Recentes pesquisas concluíram que, na realidade, os complexos multivitamínicos não previnem doenças .
Agora, uma nova pesquisa [Plasma Selenium, Manganese Superoxide Dismutase, and Intermediate- or High-Risk Prostate Cancer] conclui que maiores níveis de selênio no sangue podem piorar câncer de próstata em alguns homens. O estudo foi realizado por pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute da Universidade da Califórnia, em São Francisco.
Um risco mais elevado de desenvolvimento de câncer de próstata mais agressivo foi observado em homens com uma certa variante genética, encontrada em cerca de 75 por cento dos doentes com câncer da próstata. Nestes pacientes, com um elevado nível de selênio no sangue, foi associado um risco duas vezes maior de resultados piores do que os homens com a menor quantidade de selênio.
Em contrapartida, 25% dos homens com uma variante diferente do mesmo gene e que tinham altos níveis de selênio apresentaram um risco 40% menor risco de desenvolver o câncer de próstata mais agressivo. As variantes são ligeiramente diferentes nas formas de um gene que instrui células na produção de superóxido dismutase (SOD2), uma enzima com função antioxidante.
O estudo, publicado no Journal of Clinical Oncology, indica que o consumo de selênio pode ser um grande risco para os pacientes de câncer de próstata. Os dados mostraram que as variações do gene responsável pelo SOD2 podem alterar drasticamente os efeitos do selênio sobre o risco de câncer de próstata agressivo.
Pequenas quantidades de selênio são essenciais para a saúde: 40 a 70 microgramas é a ingestão diária recomendada. Nos últimos anos, suplemento de selênio tem sido vendidos e promovidos como um meio de prevenção de câncer de próstata, em grande parte com base em estudos empíricos que encontraram maior risco de incidência e mortalidade por câncer de próstata em são, naturalmente, de baixo índice de selênio.
No entanto, as pesquisas realizadas para confirmação dos benefícios do selênio foram contraditórias.
Um estudo do SELECT (Selenium and Vitamin E Cancer Prevention Trial), promovido pelo US National Cancer Institute, que envolveu 35.000 homens, foi interrompido quando, após mais de cinco anos, mostrou que os suplementos não afetavam a incidência do câncer de próstata.
Os diversos suplementos, certamente, não são ‘milagrosos’ como muitos pensam e, ao mesmo tempo, o seu consumo, sem orientação e acompanhamento médico, pode ser um risco à saúde.
O estudo “Plasma Selenium, Manganese Superoxide Dismutase, and Intermediate- or High-Risk Prostate Cancer“, publicado no Journal of Clinical Oncology, 10.1200/JCO.2008.18.8938, apenas está disponível para assinantes ou por acesso pago.
Para maiores informações, transcrevemos, abaixo , o abstract:
Plasma Selenium, Manganese Superoxide Dismutase, and Intermediate- or High-Risk Prostate Cancer
June M. Chan,* William K. Oh, Wanling Xie, Meredith M. Regan, Meir J. Stampfer, Irena B. King, Miyako Abe, and Philip W. Kantoff
From the Departments of Epidemiology and Biostatistics and Urology, University of California, San Francisco, San Francisco, CA; Lank Center for Genitourinary Oncology, and Departments of Biostatistics and Computational Biology and Medical Oncology, Dana-Farber Cancer Institute; Harvard Medical School; Channing Laboratory, Brigham and Women’s Hospital and Harvard School of Public Health, Boston, MA; and Fred Hutchinson Cancer Research Center, Seattle, WA.
* To whom correspondence should be addressed. E-mail: june.chan{at}ucsf.edu
Purpose:
In vitro, in vivo, and epidemiologic studies support a role for selenium in reducing the risk of prostate cancer. Our group previously demonstrated a strong interaction between plasma selenium and the manganese superoxide dismutase (SOD2) gene and incident prostate cancer risk. We now hypothesized that SOD2 modifies the association between selenium level and risk of aggressive prostate cancer at diagnosis.
Patients and Methods:
We assessed SOD2 variants and plasma selenium in 489 patients with localized/locally advanced prostate cancer from an ongoing retrospective cohort. Cross-sectional associations with aggressive prostate cancer (ie, stage T2b-3, prostate-specific antigen > 10 ng/mL, or biopsy Gleason score ? 7) were evaluated using the {chi}2 test, Cochran-Armitage test for trend, and estimations of relative risk (RR) and 95% CIs.
Results:
SOD2 genotype alone was not associated with disease aggressiveness, whereas higher versus lower selenium levels were associated with a slightly increased likelihood of presenting with aggressive disease (RR = 1.35; 95% CI, 0.99 to 1.84). There was evidence of an interaction between SOD2 and selenium levels such that among men with the AA genotype, higher selenium levels were associated with a reduced risk of presenting with aggressive disease (RR = 0.60; 95% CI, 0.32 to 1.12), whereas among men with a V allele, higher selenium levels were associated with an increased risk of aggressive disease (for VV or VA men, RR = 1.82; 95% CI, 1.27 to 2.61; P for interaction = .007).
Conclusion:
These data suggest that the relationship between circulating selenium levels at diagnosis and prognostic risk of prostate cancer is modified by SOD2 genotype and indicate caution against broad use of selenium supplementation for men with prostate cancer.
[EcoDebate, 29/06/2009]
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