Pontos de Cultura são implantados em terras indígenas
[EcoDebate] A Rede Povos da Floresta, Ministério da Cultura, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Associação de Cultura e Meio Ambiente (ACMA) estão implantando 30 Pontos de Cultura Indígena em aldeias do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Roraima. Esses pontos são centros de produção e difusão cultural coordenados pelos próprios indígenas, que decidirão sua forma e funcionamento.
O Acre ficou com 16 pontos de cultura. Neles, haverá computadores, antenas de internet e placas solares para energia. “As outras atividades ficam por conta da comunidade, que poderá usá-los para guardar artesanatos, produções audiovisuais ou fazer as suas reuniões”, afirmou Ailton Krenak, coordenador da Rede Povos da Floresta.
A construção desses pontos visa fortalecer a cultura indígena através das diversas atividades culturais a serem desenvolvidas pela comunidade e melhorar a comunicação e a vigilância das suas terras. O projeto em curso prevê a criação de 150 pontos de cultura em todo o país. Os 30 primeiros serão implantados nesta região e estão divididos em três pólos, com 10 pontos em cada.
Rodas de Conversa – Para discutir com os indígenas gestores das aldeias, estão sendo realizadas rodas de conversas. Nos dias 03, 04 e 05 de junho aconteceu a discussão referente ao segundo pólo na Comissão Pró-Índio do Acre. Nesses três dias abordou-se como seriam cada um dos 10 pontos de cultura deste pólo, que compreende os estados do Acre (7 pontos), Rondônia (3) e Mato Grosso (1). Após este evento, os realizadores do projeto se dirigiram ao município de Marechal Thaumaturgo para debater mais nove pontos no Acre e um no Amazonas, e à São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, para tratar do terceiro pólo.
Participaram desta primeira roda de conversa indígenas das etnias Kaxinawá e Yawanawá, do Acre; Jabuti, de Rondônia; e Suruí da divisa de Mato Grosso com Rondônia. O evento contou, também, com Almir Von Held e Nelmo Roque, representantes da Funai, e Ana Maria, do Ministério da Cultura, além da equipe do Rede Povos da Floresta.
Nilson Sabóia Kaxinawá é um dos gestores do ponto de cultura da Aldeia São Vicente. Ele conta que este projeto terá uma grande importância na sua aldeia. “Vai servir de ferramenta de trabalho para a comunidade fazer articulação política e vamos usá-la para várias atividades culturais”, afirmou.
Celso Suruí veio da Terra Indígena 7 de Setembro, na fronteira de Rondônia e Mato Grosso. Para ele, os pontos de cultura só trarão benefícios à comunidade. “Quando nós recebermos esse ponto de cultura, estaremos pretendendo utilizar como ferramenta para a gente fazer filmagens, retratos de alguns trabalhos importantes que podem trazer benefícios para nós”.
A Comissão Pró-Índio do Acre é parceira dos realizadores do projeto e abrigará um dos Pontos de Cultura. A instituição vai coordenar o segundo pólo e todas as atividades que acontecerão nos seus 10 pontos. Ao lado dos gestores indígenas, vai dinamizar os pontos e difundir o que for produzido para as demais terras indígenas e ao público em geral.
Todos os equipamentos dos 30 pontos de cultura indígena serão instalados nos meses de agosto e setembro. Após a instalação, os gestores serão capacitados em práticas digitais, formação e edição de vídeos.
Rede Povos da Floresta – Criada em 2003, é formada por indígenas e ambientalistas que buscam integrar comunidades tradicionais, como extrativistas, indígenas, ribeirinhas etc., ao sistema de comunicação digital, formando uma rede entre esses povos. A meta é fortalecer a cultura e a fiscalização das áreas naturais. A Rede é inspirada na Aliança dos Povos da Floresta, movimento da década de 1980 que uniu em um mesmo ideal seringueiros e índios. Ailton Krenak foi um dos fundadores da Aliança e hoje coordena a Rede Povos da Floresta.
Texto de Leandro Chaves, Comissão Pró-Índio do Acre, CPI/AC
[EcoDebate, 11/06/2009]
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