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Simpósio Internacional vai discutir efeitos das mudanças climáticas sobre populações vulneráveis

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A preocupação com os efeitos das mudanças climáticas sobre as populações mais vulneráveis, como quilombolas, indígenas, ribeirinhos e os que estão nas periferias das grandes cidades, é o tema do Simpósio Internacional Mudanças Climáticas e Justiça Social, que acontece em Brasília até quarta-feira (10).

Promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com organizações da sociedade civil, pastorais sociais, cientistas e representantes dessas comunidades, o simpósio vai discutir projetos e sugestões de precaução para evitar que mais pessoas sejam atingidas em desastres naturais como as recentes cheias do Nordeste.

“Nós nos preocupamos muito com as populações autóctones, as populações indígenas, os ribeirinhos, os quilombolas, os pequenos agricultores. Aqueles que já estão ali e que tiram seu sustento numa relação harmoniosa com a floresta. Essas pessoas sofrem muito com a invasão de grandes grupos que não apenas depredam o meio ambiente, mas também provocam grandes e graves conflitos”, explicou hoje (8), no primeiro dia de simpósio, o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa.

Um exemplo da vulnerabilidade desses grupos são as comunidades tradicionais do Maranhão, que foram atingidas pelas enchentes do estado recentemente. De acordo com o representante da Cáritas – entidade ligada à Igreja Católica – no estado, Jaime Conrado, os quilombolas maranhenses não só sofreram com a cheia dos rios, já que ficam quase sempre às margens de algum deles, como ainda sofrem com a falta de ajuda humanitária.

“O que nós estamos tentando fazer é chamar a atenção da mídia para a situação dessas pessoas. Porque muitas vezes a sociedade se comove com os atingidos nas cidades, mas as populações rurais são as que sofrem mais. Além disso, eles vivem do que plantam. Se o governo não fizer alguma coisa agora, não sei como será até o próximo inverno”, afirma.

Ainda segundo Conrado, a população do Maranhão sempre sofreu com as cheias, mas este ano as coisas se complicaram porque choveu três vezes mais que o habitual.

De acordo com o professor do departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) Tércio Ambrizzi, um dos efeitos do aquecimento global é a intensificação de características comuns a uma região.

“O que nós queremos é alertar os governos para o que já se pode prever. Então, se nós sabemos que num lugar costuma chover 10 mililitros e que a previsão é que vá chover 12 mililitros ou 15 mililitros, o governo precisa se antecipar e retirar as populações das encostas, por exemplo”, explicou o professor.

A falta de comunicação entre a sociedade, os governos e os acadêmicos, segundo ele, também tem sido um dos entraves para se conseguir evitar tragédias naturais.

Edição: Lílian Beraldo

Matéria de Mariana Jungmann, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 09/06/2009.

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