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Pesquisa indica que extrato bruto da alga pode auxiliar o combate a herpes

Imagem de Dictyota menstrualis (Foto: CDNN)
Imagem de Dictyota menstrualis (Foto: CDNN)

Os produtos naturais, devido à sua grande diversidade química, são importantes fontes de novas moléculas, usadas na produção de fragrâncias, pigmentos, inseticidas e, principalmente, fármacos. Dentre esses produtos, os organismos marinhos podem fornecer substâncias promissoras no combate a determinados vírus. Em relação ao vírus herpes tipo 1 (HSV-1), sabe-se que a alga brasileira Dictyota menstrualis contem uma molécula (DA-1) que apresenta grande potencial para inibir sua ação. Com base nessa potencialidade, a bióloga Tamara Fogel, em sua dissertação em biologia parasitária pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), avaliou a atividade antiviral e a toxicidade dessa molécula em comparação a atividade e a toxicidade do extrato bruto da alga da qual ela é retirada, verificando se há a possibilidade de uso desse extrato em vez do produto isolado.

“Os resultados mostraram que o extrato bruto da D. menstrualis apresenta atividade antiviral bastante significativa, que provavelmente não está associada somente à molécula DA-1 que ela contem”, destaca a pesquisadora. Ela explica que o método usado para isolar a DA-1 é de baixa eficiência, dispendioso e dificulta o emprego dessa molécula em grandes volumes. “A utilização do extrato bruto da alga, dessa forma, facilitaria muito o trabalho e tornaria possível e viável o desenvolvimento de fitoterápicos brasileiros contra o HSV-1”. As algas usadas na pesquisa de Tamara foram coletadas em Búzios (RJ).

A pesquisadora esclarece que os vírus apresentam uma íntima associação com a célula do hospedeiro, fazendo da terapia antiviral um tratamento potencialmente tóxico. “É preciso impedir a replicação do vírus e diminuir, ou até mesmo anular, os danos causados ao organismo, mas, ao mesmo tempo, é imprescindível que esse feito seja alcançado sem causar outros efeitos indesejáveis ao hospedeiro”, diz Tamara. “Não existe, até hoje, nenhum fármaco capaz de eliminar o HSV-1 do organismo infectado, mas alguns fitoterápicos e antivirais conseguem alterar de forma bem expressiva a produção de novas partículas, dando ao sistema imunológico condições de controlar e eliminar células infectadas”. Contudo, segundo ela, o principal problema dos fármacos atuais é a alta toxicidade, principalmente em casos de longa administração.

Um outro problema muito frequente, de acordo com Tamara, na pesquisa em antivirais é que o uso prolongado de medicamentos pode acarretar na seleção de partículas virais resistentes a esses fármacos. “O medicamento irá atuar sobre os vírus que são susceptíveis a ele, mas sempre existem algumas partículas que, por algum erro no processo de replicação, sofrem mutação e acabam sendo resistentes”, afirma a pesquisadora. No entanto, ela elucida que drogas antivirais que atuam na fixação ou penetração do vírus nas células hospedeiras têm menos chance de selecionar essas variantes resistentes. “Se existirem alterações nas proteínas envolvidas na ligação da partícula a célula hospedeira, dificilmente esses vírus conseguirão se ligar à célula e iniciar sua replicação, não causando, assim, danos ao organismo” diz a bióloga.

No caso de seu estudo, ela destaca que o extrato bruto da D. menstrualis demonstrou inibição de 98% na fase de adsorção do vírus, enquanto a molécula DA-1 isolada não apresentou atividade nessa fase. Tamara ainda acrescenta que os outros componentes do extrato aumentam sua eficiência, diminuindo a concentração necessária para sua utilização quando comparada a DA-1 isolada e tornando-o vantajoso quando se trata de produção de novos medicamentos”.

Além disso, a bióloga comenta que a prevalência do vírus na população mundial é bem alta: entre 65 a 90% da população adulta encontra-se infectada pelo HSV-1. “Esse fator dificulta bastante a produção de vacinas, pois o vírus já se encontra em latência no organismo de diversas pessoas. Testes de protótipos vacinais em pessoas soropositivas mostraram, até hoje, uma baixa eficácia”, afirma Tamara. “O desenvolvimento de novos antivirais é imprescindível para a substituição de atuais fármacos potencialmente tóxicos, bem como para aumentar as opções para combinações de drogas antivirais e para substituição de outras drogas com patentes internacionais ainda vigentes”.

Matéria de Renata Moehlecke, da Agência Fiocruz de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 06/05/2009.

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