O concreto pode absorver mais dióxido de carbono do que era estimado
O concreto absorve dióxido de carbono com o tempo, de forma que seu rastro de carbono pode ser menor do que se pensava.
Muitos cientistas atualmente pensam que ao menos 5% do rastro de carbono da humanidade venha da indústria de concreto, tanto pela energia usada, como pela emissão de dióxido de carbono (CO2) como subproduto da fabricação de cimento, um dos principais componentes do concreto.
Entretanto, vários estudos mostram que pequenas quantidades de CO2 são reabsorvidas pelo concreto, posteriormente, até décadas depois do concreto ser colocado, quando os elementos do material se combinam com o CO2 para formar calcita.
Um estudo [Potential for Carbon Dioxide Absorption in Concrete] que será publicado na edição de junho de 2009 de Journal of Environmental Engineering, sugere que a reabsorção pode ir além da formação de calcita, aumentando a quantidade total de CO2 removido da atmosfera, diminuindo o rastro de carbono geral do concreto.
Embora de modo preliminar, a pesquisa da professora de engenharia civil e ambiental Liv Haselbach da Universidade do Estado de Washington reenfatiza descobertas observadas inicialmente a quase meio século – que compostos químicos com base me carbono podem se formar no concreto, além da calcita – agora sob a luz dos correntes esforços para mitigar o aquecimento global.
“Mesmo que esses compostos químicos neutralizem apenas 5% do subproduto de CO2 da fabricação de cimento, em escala global os números são significativos”, argumenta Haselbach. “Concreto é o material de construção mais empregado em todo o mundo”.
Os pesquisadores sabem há décadas que o concreto absorve CO2 para formar calcita (carbonato de cálcio, CaCO3) durante sua vida e até mais, se o concreto for reciclado para novas construções – e, porque o concreto é algo permeável, esse efeito se estende além das superfícies expostas.
Embora tais mudanças possam ser uma preocupação com relação à armação do concreto, onde uma mudança no nível de acidez pode danificar o metal ao longo das décadas, o CaCO3 é, na verdade, mais denso do que alguns materiais que ele substitui e pode aumentar a resistência.
A análise cuidadosa de Haselbach em amostras de concreto parece mostrar que outros compostos, além da calcita, podem estar se formando. Embora esses compostos continuem não identificados, ela está otimista acerca de seu potencial.
“Compreender a complexa química da absorção de dióxido de carbono no concreto pode nos auxiliar a desenvolver métodos para acelerar esse processo em materiais tais como o concreto reciclado ou pavimentação. Talvez isso possa nos ajudar a conseguir um rastro de carbono próximo do zero, ao menos para as reações químicas, ao longo do ciclo de vida de tais produtos”.
Isso é o que move o atual trabalho de Haselbach, financiado pela NSF, no qual ela atualmente está procurando avaliar o rastro de carbono do ciclo de vida de várias aplicações de concreto, novas e tradicionais, e procurando maneiras para melhorá-las.
Bruce Hamilton, diretor do programa de sustentabilidade ambiental da NSF, acrescenta: “Este trabalho é parte do elenco de estudos financiados pela NSF nessa área vital. Pesquisas relacionadas com mudanças climáticas são uma prioridade”.
* Informe do The National Science Foundation, traduzido pelo ScienceBlogs Brasil ‘Chi vó, non pó‘
Nota do EcoDebate: o artigo “Potential for Carbon Dioxide Absorption in Concrete” apenas está disponível para assinantes da revista Journal of Environmental Engineering.
[EcoDebate, 23/05/2009]
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