Operação do Ibama desmonta serrarias ilegais na Mata Atlântica pernambucana
Agentes de fiscalização do Ibama fecharam na quinta-feira, dia 30/04, 16 serrarias irregulares e uma fábrica de vassouras que operavam na região da zona da mata sul de Pernambuco, nos municípios de Ribeirão, Gameleira, Catende, Água Preta e Palmares. Essas empresas, sem Cadastro Técnico Federal ou licença ambiental, consumiam madeira nativa, também extraída ilegalmente na região. O total de multas chegou a R$ 900 mil reais e seus responsáveis deverão responder por crime ambiental, ficando sujeitos a penas que podem chegar a 3 anos de prisão. A ação foi realizada em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal e a Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de PE – CPRH.
Durante a operação, batizada de “Sucupira” em referência a uma das essências mais consumidas pelas serrarias, foram apreendidas 460 toras de madeira. As serrarias foram lacradas e embargadas e os motores das serras, retirados. Também foram apreendidas cerca de 300 bases para montagem de rodos e vassouras, que serão doados às oficinas da penitenciária de Itamaracá. A madeira será doada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, para recuperação de edifícios históricos.
A operação é a conclusão de um ciclo de investigações dos setores de inteligência do Ibama. Desde o início do ano, agentes fiscalizam pontos de desmate, levantam dados e checam informações. Os resultados apontaram que essas pequenas e médias empresas são as principais responsáveis pela destruição dos últimos fragmentos de Mata Atlântica do estado de PE. Estima-se que PE mantenha apenas 2,5% de sua cobertura original do bioma, número bastante inferior à média do país, que ainda conserva parcos 7%. Por se tratar de um dos biomas mais ameaçados do mundo e, ao mesmo tempo, entre os de maior biodiversidade, qualquer agressão à Mata Atlântica representa um grave problema ambiental.
O cenário é bastante complicado pois essas infrações ambientais vêm acompanhadas também de outros crimes. Em toda a região é possível encontrar relatos de ameças de pistoleiros que invadem propriedades para roubar madeira e oferecer às serrarias. Há casos de espancamento contra assentados rurais que ousaram resistir aos desmatadores no município de Ribeirão. A polícia de Gameleira foi recebida a tiros durante uma vistoria em área de mata. E vários proprietários de engenho, também em Gameleira, já foram ameaçados de morte.
A “Operação Sucupira” registrou com o auxílio de um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal diversos pontos de desmatamento. No sobrevoo foram mapeados a situação dos fragmentos, áreas invadidas e estoques de madeira ocultos. As imagens vão subsidiar novas ações na área, bem como servirão para orientar a reconstituição de corredores ecológicos para recompor a floresta.
O Ibama orienta os consumidores de madeira para que verifiquem sempre a situação de regularidade da empresa antes de fazer sua compra. Todo consumidor tem o direito de exigir do produtor ou comerciante de madeira o Cadastro Técnico Federal, a emissão de um Documento de Origem Florestal (DOF) e uma nota fiscal para cada compra. A recusa em fornecer tais documentos deve ser denunciada. O telefone do Ibama em Recife é (81) 3441-5033.
Airton De Grande, Ascom/Ibama/PE
[EcoDebate, 05/05/2009]
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