Anvisa vai reavaliar permissões para uso de 14 agrotóxicos no país
Imagem: Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está reavaliando a liberação e condições de uso de 14 tipos de agrotóxicos utilizados no Brasil. A maior parte deles já foi proibida em países da União Européia e África, além dos Estados Unidos e China. Os agrotóxicos estiveram presentes em nivel elevado nas amostras de 17 tipos de alimentos analisadas pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (Para), da Anvisa.
A reavaliação não vai significar necessariamente que os produtos terão seu uso proibido. A Anvisa poderá manter a atual permissão, porém com critérios mais rigorosos de liberação como já aconteceu anteriormente com o veneno conhecido como chumbinho.
“O aldicarb, que é o tal do chumbinho, a gente reavaliou e estabeleceu um programa severíssimo de controle. Ele só pode ser utilizado em quatro estados, com seis mil produtores cadastrados. Porque o produto era desviado e um monte de gente se contaminava nas cidades grandes”, disse o gerente geral de toxicologia da Anvisa, Luís Cláudio Meireles.
Para Meireles, o fato dos produtos que estão sendo reavaliados agora terem sido proibidos em outros países é um indicativo de que eles têm grandes chances de serem, também, banidos do Brasil. “É um bom indicativo. Até porque o Brasil é signatário de acordos internacionais, são produtos que estão em listas de controle internacional… E dificilmente os países proíbem por questões agronômicas exclusivamente. Geralmente os produtos são banidos por causam danos à saúde e ao meio ambiente. E eu acho que nós não somos muito diferentes dos outros seres humanos do planeta”, afirmou.
A principal preocupação das autoridades de saúde com o uso de agrotóxicos é com os trabalhadores rurais. No Brasil, o clima quente propicia maior absorção das substâncias, e a carga de trabalho dos trabalhadores do campo é mais alta que em outros países. Além disso, eles, geralmente, não utilizam proteção na hora de aplicar os produtos, e muitas vezes sequer lêem os rótulos.
A professora de toxicologia da Universidade de Brasília, Eloísa Caldas, afirmou que os trabalhadores rurais estão mais expostos aos efeitos danosos dos agrotóxicos do que a população que consome os produtos. “Nenhum dos pesticidas utilizados no Brasil têm efeito cumulativo. E algum efeito pode ser causado no organismo somente se for consumida uma quantidade excessiva do produto durante um período longo de tempo”, disse.
Na opinião de Eloísa Caldas, não basta apenas alertar à população sobre as hortaliças e os legumes com quantidades de resíduos de agrotóxicos acima do permitido, mas que ela seja orientada sobre a melhor maneira de como consumir os produtos contaminados. “A população em geral não deve deixar de comer pimentão nem nenhuma outra coisa. As pessoas precisam apenas lavar os produtos bem lavados, com água e sabão e podem ingerir sem medo”, afirma a professora, fazendo menção ao pimentão, tomate e morango onde foram detectados resíduos de agrotóxicos acima do permitido pela Anvisa.
“Os riscos que as presenças dessas quantidades de resíduos significam são muito menores que os riscos que uma pessoa corre se deixar de se alimentar corretamente. Uma dieta pobre em nutrientes que estão contidos nessas frutas e legumes que contém resíduos de pesticidas, isso sim causa câncer”, disse ainda Eloísa Caldas.
A professora também ressaltou que os produtos não precisam ser cozidos ou ingeridos sem casca para evitar uma possível contaminação de agrotóxicos. Segundo ela, a lavagem é suficiente.
Matéria de Mariana Jungmann, da Agência Brasil.
[EcoDebate, 17/04/2009]
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Será que só lavar os alimentos é suficiente?
Estes venenos naõ penetram nos alimentos?
E como se dá a interação de vários agrotóxicos num mesmo alimento?
E onde vão parar os resíduos destes agrotóxicos usados na agricultura? Quais seus efeitos no meio ambiente?
E os trabalhadores não lêem os rótulos pq são irresponsáveis ou pq os rótulos são de difícil compreensão?
É uma temeridade “aliviar a barra” dos agrotóxicos como fez esta Professora.
Eu já aboli vários desses alimentos e consumo-os na forma orgânica. Ela esqueceu de dar esta opção…
Isso é muito bonito: “Brasil, meu Brasil brasileiro… Meu mulato inzoneiro…”
Agora, o que não é bonito:
“Tal” agrotóxico: PROIBIDO na União Européia, China, África, Estados Unidos.
Periculosidade: Letal.
Entra em cena a Doutora da UNB: “Olha aqui, gente. Comam isso e aquilo, mas sabendo que há veneno. E veneno não se deve comer muito. Coma pouco veneno. Cuidado!”
Entra em cena o Gerente de Toxicologia da “nossa” Anvisa:
“Tal Letal já foi avaliado. Agora vamos reavaliar”.
Posso entrar em cena? Tudo bem, entro em cena com a pergunta: “Ainda cabe reavaliação de algo PROIBIDO nos países da UE, China, EUA…?”. Só mais uma: “Será que podemos beliscar (somente beliscar)veneno?”
Eu não caio nessa. Antes de beliscar, lembro sempre de minha mãe dizer: “vai comendo, vai!Um dia você vai ver!”
– desde a revolução verde muita coisa aconteceu na agricultura brasilerira: aumentou a produtividade das lavouras, melhoramanto genético, etc. E toda essa empolgação daquele momento acabaram esquesendo do mais importante, a preservação da saúde humana. Agora temos que correr a trás do prejuizo. E muito pouco se faz para evitar os danos que os agrotóxicos podem causar ao homem e ao meio ambiente. Acontece que algumas empresas multi-nacionais de defensivos agricolas dominam o mecado, e não querem perder essa fatia, nem que custe a vida de milhares de seres humanos, animais e vegetais.
Por tudo isso, o que a pesquisa faz para desenvolver produtos(agrotóxicos) menos agressivos ou mesmo que não agridem ninguem, que venha substituir de fato os pesticidas que se encontra facilmente no mercado? Visto que nunca se falou tanto em saúde humana e meio ambiente como agora.