Falta de projeto urbanístico leva a perda ambiental
Arborização em estância turística não tem aproveitamento adequado – As áreas verdes da estância turística de Águas de São Pedro (interior de São Paulo) não são aproveitadas de forma adequada, de acordo com pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq), da USP de Piracicaba. O estudo aponta que a subutilização de parques e espaços livres e a falta de um projeto urbanístico levam a perdas ambientais e a queda da qualidade de vida e do potencial turístico da cidade. Estes problemas reforçam a necessidade da criação de um plano de gestão ambiental para o município.
A cidade de Águas de São Pedro, fundada em 1941, tem como principal apelo turístico a presença de fontes de águas medicinais, além de outros atributos ecológicos O trabalho da engenheira agrônoma Silvana Bortoleto foi realizado em três etapas. De início, foram entrevistados 330 moradores afim de obter o perfil comportamental, revelando qual a visão da população local com relação à arborização urbana e meio ambiente na cidade. Silvana aponta que a população que reside na estância é recente e boa parte chegou à procura de aspectos urbanos desejáveis e melhor qualidade de vida.
“Desta primeira etapa, destaca-se o fato de a maior parte dos entrevistados terem apontado os problemas ambientais como fatores preocupantes, principalmente relacionados à bacia d’água do rio Piracicaba e a necessidade de melhorias nos parques, nas praças e na arborização da estância”, ressalta. Em seguida, a pesquisadora fez a contextualização histórica da formação da estância, da definição do plano urbanístico e da situação atual de parques, praças, áreas de proteção permanente (APPs) e outros espaços livres.
Os principais resultados da análise do quadro atual mostraram que a cidade possui duas praças, mas apenas uma é utilizada pela população. “Recentemente uma outra praça foi reinaugurada, com equipamentos novos e vem sendo muito utilizada pela população local”, comenta Silvana. A pesquisadora afirma que há uma lacuna entre o que se projetou inicialmente para a cidade e o que é verificado atualmente. “A cidade não está utilizando os espaços livres, mesmo após 68 anos de sua fundação, acarretando perdas ambientais e de qualidade de vida. O município está perdendo suas características originais”, alerta.
Parques
Na terceira etapa do trabalho, fez-se o uso de videografia aérea multiespectral de alta resolução, técnica que permitiu obter a área dos espaços livres e de cobertura das copas. Com relação aos parques da cidade, um deles é privado e outros três são de domínio público. Destes, um atrai alto número de freqüentadores e os outros dois são subutilizados. No que se refere aos espaços livres, encontram-se na cidade duas áreas para atrações públicas, mas que são pouco ocupados.
Além dessas áreas, o município possui mais cinco espaços livres, configurando um projeto de urbanização de uma cidade jardim, mas que ainda não receberam tratamento paisagístico e a maioria se encontra em estado de abandono. “Um desses espaços é propício para a implantação de um parque destinado à recreação infantil, tão desejado pela população”, salienta a pesquisadora. Por fim, com relação às áreas de preservação permanente, estas se encontram em estado precário e abandonadas, necessitando de intervenções urgentes tanto no uso e ocupação do solo, como em ações de reflorestamento e de tratamento de esgoto.
“O estudo evidenciou a necessidade da criação de um plano de gestão, baseado na opinião pública e principalmente em fatores técnicos, de modo urgente”, aponta Silvana. “Não há secretaria do meio ambiente e de pessoal responsável, o que reforça a necessidade de um planejamento contínuo, que englobe concepção, implantação, manutenção e gestão de todo o meio urbano, uma vez que somente a concepção de um bom projeto urbanístico não garante qualidade ambiental e qualidade de vida aos habitantes de uma cidade”.
A agrônoma sugere intervenções para aumentar as atrações turísticas. “Ações devem ser direcionadas no sentido de construção de parques, reformulações nos espaços livres, plantios de árvores nas áreas indicadas, reflorestamento das áreas de preservação permanente, tratamento de esgoto, projetos de reciclagem do lixo, projetos visando a eliminação de poluição sonora, do ar, das águas e visual, entre outras”, conclui.
A pesquisa de Silvana foi desenvolvida no programa de pós-graduação em Fitotecnia da ESALQ. O estudo foi orientado pela professora Ana Maria Liner Pereira Lima, do departamento de Produção vegetal (LPV) da Escola.
(Com informações da Assessoria de Comunicação da Esalq)
Mais informações: (19) 3447-8613 / 3429-4485
[EcoDebate, 06/04/2009]
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