91% das queimaduras em crianças ocorrem em casa
Levantamento em 84 unidades de emergência de 37 cidades mostrou que a principal causa das queimaduras são os líquidos e os alimentos quentes
Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostra que dos 1.040 atendimentos de emergência por queimaduras, a maioria, 285 (27,4%) foi em crianças de zero a nove anos. E dentro dessa faixa-etária, 91,6% (261 crianças) das queimaduras ocorreram dentro da residência das vítimas. O estudo faz parte do sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA). As informações foram coletadas em 84 unidades de urgência e emergência de 37 cidades brasileiras entre setembro e outubro de 2007.
“O fato das queimaduras ocorrerem, principalmente, em casa demonstra a importância de se fazer um trabalho de prevenção com a família, além de outras propostas de intervenção, como uma casa mais segura e uma atuação dentro da perspectiva da promoção de saúde que atue nos fatores determinantes e condicionantes desse agravo”, afirma a pediatra e Coordenadora Geral do Departamento de Doenças e Agravos não transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde, Deborah Malta.
Entre as principais causas de queimaduras em crianças estão as provocadas por contato com substâncias quentes (líquidos, alimentos ou água quente), responsáveis por 168 (58,9%) ocorrências. Em seguida, as queimaduras causadas por fogo ou chama (16,8%) e objetos quentes (13,7%). Para Deborah Malta, as queimaduras ocorrem, muitas vezes, por negligências. “É importante salientar que as queimaduras podem ser evitadas e prevenidas a partir de atitudes individuais dos pais ou responsáveis e de medidas coletivas e promotoras de saúde”, afirma. A coordenadora reforça que, com crianças, o cuidado deve ser redobrado e a presença de um adulto responsável é fundamental para prevenir acidentes.
Apesar de ser a quarta causa de atendimentos a crianças de zero a nove anos nas unidades de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS), o dado é relevante devido ao alto índice de crianças que se queimam, e dos cuidados que se deve ter em razão da gravidade das sequelas deixadas na vida delas. “As crianças são as mais vulneráveis e expostas aos riscos existentes na residência. Além disso, há outros aspectos relevantes como o comportamento e atitudes dos responsáveis por essas crianças e fatores sociais, culturais, econômicos, entre outros”, explica a coordenadora.
Dentro dessa mesma pesquisa do Ministério da Saúde, a segunda faixa-etária mais atingida pelas queimaduras foi a de 20 a 29 anos com 226 ocorrências (21,7%), seguida pelas pessoas entre 30 e 39 anos com 164 casos (15,8%).
Algumas dicas para evitar queimaduras em crianças:
– Nunca deixar uma panela com o cabo virado para fora, ao alcance das mãos das crianças;
– Colocar proteção nas tomadas elétricas;
– Sempre checar a temperatura da mamadeira ou da comida da criança;
– Nunca deixar crianças próximas de ferros de passar roupa;
– Evitar que crianças se aproximem de escapamentos de motos e carros;
– Não deixar produtos químicos como álcool líquido ao alcance de crianças.
Em caso de queimadura, os pais ou responsáveis devem manter a calma e procurar o serviço de saúde mais próximo.
ENTENDA O VIVA
Em agosto de 2006, o Ministério da Saúde implantou a Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) no Sistema Único de Saúde (SUS) para identificar e conhecer a magnitude e gravidade das violências atendidas nas unidades de urgência e emergência e serviços de referência de violências.
A VIVA possui dois componentes: a vigilância contínua, que notifica violência doméstica, sexual e outras violências em serviços de referência; e a vigilância pontual, feita por inquéritos hospitalares ou pesquisas periódicas, por amostragem, notificados em unidades de urgência e emergência. Foram realizadas duas pesquisas desse tipo no SUS, em 2006 e 2007. A partir de 2009, esse inquérito será bianual.
Entre 2006 e 2008, o Ministério da Saúde repassou cerca de 50 milhões de reais em recursos financeiros para programas de prevenção de violências e acidentes, além de implantar a VIVA (Vigilância de Violências), em que foi também desenvolvida e implantada as fichas de notificação com realização de treinamentos e todo apoio técnico necessário à estruturação dessa ação.
Na primeira fase de implantação dessa vigilância no país, os municípios foram selecionados a partir de critérios epidemiológicos que apontavam a elevada ocorrência de violências e acidentes. Outro aspecto da seleção foi a existência, nesses municípios, de ações integradas para enfrentar e prevenir a violência sexual, doméstica e a exploração sexual e a existência de Núcleos de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde.
* Do Portal Saúde, Ministério da Saúde.
[EcoDebate, 12/03/2009]
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