EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Publicidade de alimentos para crianças pode ser regulamentada no próximo semestre

A regulamentação da publicidade de alimentos e bebidas no Brasil, principalmente os destinados ao público infantil, pode sair no próximo semestre. A proposta em estudo abrange a publicidade de alimentos ricos em gordura, gordura trans, açúcar e sódio.

“A previsão é que se faça uma audiência pública agora no segundo semestre e depois disso, seja publicada a regulamentação”, disse Ana Paula Dutra Massera, chefe da unidade de monitoramento e fiscalização de propaganda e publicidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A agência está analisando mais de 250 sugestões recebidas durante os 140 dias em que a norma foi submetida à consulta pública (nº 71/06). As contribuições serão sistematizadas, reapresentadas na audiência pública prevista para o segundo semestre e, posteriormente, encaminhadas para a diretoria colegiada da agência.

Entre as medidas em estudo, segundo Ana Paula, estão a proibição da propaganda em escolas e materiais escolares e do uso de personagens conhecidos do universo infantil na publicidade. Também está sendo avaliada a veiculação de frases de advertência, alertando sobre os riscos envolvidos no consumo do produtos.

“A propaganda é uma das pontas de um tripé que está contribuindo para o aumento da obesidade e da alimentação inadequada”, disse ela à Agência Brasil, após participar de uma mesa redonda em São Paulo para discutir a publicidade de alimentos dirigida ao público infantil.

A proposta de regulamentação não é bem aceita pelas associações publicitárias. Para Rafael Sampaio, vice-presidente da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), regulamentar a publicidade de alimentos e bebidas destinados às crianças, no Brasil, vai “engessar e impedir a criatividade” do meio publicitário.

“Somos contra qualquer tipo de regulamentação oficial, principalmente as não previstas na Constituição. Acreditamos firmemente na auto-regulação que consideramos um processo mais adequado”, disse ele.

Sampaio admite que de fato ocorre uma associação entre a publicidade e a obesidade infantil, mas defende que a relação entre ambas não significativa.

“Se a gente pensar num conjunto de fatores que contribua [para a obesidade], a propaganda talvez seja numa escala de relevância, uma das menos importantes”. Para ele, um dos maiores problemas envolvidos no pr está na falta de consciência das pessoas.

Para o nutrólogo e professor de pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), José Augusto Taddei, no entanto, a relação entre obesidade infantil e publicidade de alimentos “é muito clara”.

“Existem trabalhos pontuais que demonstram, por exemplo, que uma em cada três crianças de seis meses come macarrão instantâneo. É um alimento que está pronto para consumo, mas é um macarrão frito, cheio de gordura. Uma criança que começa com seis meses de idade a se alimentar assim, provavelmente vai ter doença cardiovascular mais precocemente”, disse ele.

De acordo com o professor, não é proibido comer esse tipo de alimento, mas os excessos devem ser excessos. “Tudo pode ser comido. O que não se pode é trocar a alimentação tradicional e saudável por um hábito alimentar que faz mal à saúde”, afirmou.

Matéria de Elaine Patricia Cruz, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 11/03/2009.

Nota do EcoDebate: Outras matérias, desta edição, sobre a publicidade de alimentos para crianças:

Entidades querem regulamentação da publicidade de alimentos para crianças

Família está vulnerável ao ‘assédio consumista’, dizem especialistas

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta que envie um e-mail para newsletter_ecodebate-subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.