Economia Ambiental e Sociedade, artigo de Carol Salsa
[EcoDebate] Hoje em dia fixou-se patente, como conseqüência de uma crescente conscientização ecológica, a necessidade de ter em conta as múltiplas relações entre a economia e o meio ambiente. O novo paradigma que se reformula está baseado na sustentabilidade global do desenvolvimento, através do uso de uma economia ecológica. Esta nova estrutura econômica permitirá manter um equilíbrio econômico-ecológico a nível mundial e obter assim mesmo um maior conhecimento da realidade.
É necessário mas não é devido que as contas nacionais incorporem o uso de bens naturais, e as perdas resultantes do esgotamento e degradação do capital natural. Já na Agenda 21 da Conferência Rio-92 sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, afirmou-se que: “ um primeiro passo para a integração da sustentabilidade na gestão econômica é a determinação mais exata da função fundamental do meio natural como fonte de capital natural e como sumidouro dos produtos gerados pela produção de capital feito pelo homem e por outras atividades humanas”. Sem dúvida e em datas mais recentes, o crescimento econômico esteve centrado num incremento do Produto Nacional Bruto ( PNB), descuidando-se de aspectos sociais e ambientais.
Esta visão não considerou a dependência do subsistema econômico dos recursos naturais. A produção de bens e serviços necessita de inputs dos recursos ambientais e de seus efeitos sobre o meio ambiente. Estes efeitos são esgotamento dos recursos naturais e a produção de resíduos que se devolvem no meio natural. Devemos ter em conta que enquanto qualquer produto incluído no PNB fixa o uso de um bem natural como um recurso ou como depósito de resíduos, qualquer sistema de contabilidade que não tenha em conta o capital natural será incompleto e pode ser errôneo.
A destruição contínua de florestas, solos e águas, recursos básicos na economia de um país, representa uma perda no valor produtivo da economia que não se vê refletido nas contas nacionais. Por exemplo, quando uma floresta é desmatada e a madeira vendida, a região ou país parece que se faz mais rico, mesmo quando a depreciação do capital natural possa criar futuras perdas muito maiores que as ganâncias presentes. O sistema de contas nacionais das Nações Unidas, projetado de uma visão keynesiana, não reflete exatamente o valor dos recursos naturais. Este paradigma mostrou-se ecologicamente depredado, socialmente injusto e economicamente inviável, é dizer, insustentável. No marco da gestão integral dos recursos naturais, a economia é uma ferramenta fundamental na busca de soluções equilibradas aos dilemas que se formulam entre a conservação e o desenvolvimento. O desenvolvimento sustentável implica necessariamente na consideração da economia ambiental. A paisagem, a água ou a proteção da biodiversidade careceu de preços de mercado para comparar-se a outros recursos.
Sem dúvida, a sua valoração é essencial para a tomada de decisão na gestão do meio natural. As múltiplas riquezas da natureza têm um valor muito superior ao econômico. Representam ao mesmo tempo riquezas sociais, culturais, científicas e estéticas que são um patrimônio que temos a obrigação moral de empregar com cuidado e acerto, de forma que se possa transmitir de geração em geração. O objetivo é compartilhar a ação do homem com a necessária preservação dos recursos para evitar que a sua deterioração motive perdas irreversíveis.
Uma perspectiva ambiental deve partir da consideração do meio natural, tanto no seu aspecto de conservação como na de suporte de um desenvolvimento sustentável. O crescente interesse despertado por estudiosos do meio ambiente tem induzido a cenários inusitados, muitos relativos às inúmeras aplicações a bordo da Economia Ambiental.
Inauguración do I Seminario de Economía Ambiental e Sociedade
Créditos a J. Carlos del Álamo Jiménez
Santiago de Compostela, 8 de maio de 2000.
Por Carol Salsa, engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ – Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia; Especialista em Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG; Especialista em Educação Ambiental pela FUBRA- Fundação de Brasília; Analista Ambiental concursada da FEAM – Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais e Perita Ambiental da Promotoria – Comarca de Santa Luzia, Minas Gerais. Premiações de trabalhos pelo Prêmio Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente e pelo SEBRAE.
[EcoDebate, 26/02/2009]
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Parabéns pelo artigo. Gostaria de objetar apenas à afirmação de que “O sistema de contas nacionais das Nações Unidas, projetado de uma visão keynesiana, não reflete exatamente o valor dos recursos naturais”. Ocorre que não se trata apenas da visão keynesiana, a mesma lacuna se encontra na escola neo-clássica, hoje neo-liberal ortodoxa. Entre estas diferentes escolas,a keynesiana é mais aberta que a ortodoxa à determinação política sobre a economia, portanto mais acessível às preocupações ecológicas.