Amazonas investe para alavancar produção de guaraná e diminuir o desmatamento no leste do estado
Guaraná (Paullinia cupana). Imagem da Wikipédia
De janeiro a dezembro deste ano, R$ 900 mil em mudas de guaraná devem ser investidos pelo governo do Amazonas nos municípios localizados na região do Baixo Amazonas. O objetivo é trazer novo ânimo à produção desse cultivo tradicional na região e, ainda, atender a uma crescente demanda comercial que busca o fruto para o uso em xaropes, refrigerantes, cosméticos e, também, para fabricação de outros produtos alimentícios feitos a partir do guaraná em pó e em bastão.
A região do Baixo Amazonas está localizada no leste do estado e é composta pelos municípios de Barreirinha, Parintins, Urucará, Nhamundá, Boa Vista do Ramos, Maués e São Sebastião Uatumã.
Segundo o secretário de Produção Rural do Amazonas, Eron Bezerra, a idéia é fortalecer o cultivo do guaraná no estado, sobretudo onde tradicionalmente já é realizado. Outra expectativa do governo, segundo o secretário, é alavancar a produção e diminuir o desmatamento.
Em entrevista à Agência Brasil, Bezerra ressaltou que a procura pelo guaraná tem se tornado cada vez maior. Segundo dados da Secretaria de Produção Rural do estado (Sepror), a maior parte das vendas é feita para indústrias brasileiras e européias.
“Estamos apostando pesado nessa idéia pois queremos expandir a produção. Por enquanto, temos que investir e estimular os produtores. Aparentemente, aumentar a produção e reduzir o desmatamento é uma contradição, mas não é”, defendeu.
“Isso é exatamente o que nós chamamos de produção com sustentabilidade. Não se trata de mágica. Usando-se tecnologia, colocando-se variedades, conseguiremos chegar à produção com sustentabilidade”, afirmou Bezerra.
As novas mudas de guaraná foram cultivadas em viveiros com tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa). Em grãos, o quilo do guaraná é comercializado por R$ 30. Já quando beneficiado (em pó), o quilo do produto chega a ser vendido por R$ 60. Na Europa, o quilo do guaraná orgânico (sem agrotóxicos) custa, em média, R$ 40.
“Hoje precisamos de sete hectares para produzir uma tonelada de guaraná em Maués, que é um dos maiores produtores de guaraná do Amazonas. Com a variedade elaborada pela Embrapa, precisamos apenas de um hectare para produzir a mesma tonelada. Conseqüentemente, aumentamos a produção e reduzimos o impacto ambiental e o desmatamento.”
“É isso que nós chamamos de sustentabilidade. É a natureza se convertendo em recursos materiais, mas ao mesmo tempo preservando a floresta”, acrescentou o secretário.
A ação faz parte do Programa de Revitalização do Guaraná, que se insere em uma das das cinco linhas de ação da Sepror. No total, 200 mil mudas serão distribuídas ao longo do ano. Cada muda da planta custa R$ 4,50 e, para cada hectare plantado, são necessárias 400 mudas.
O resultado do incentivo governamental à produção de guaraná no Baixo Amazonas deve aparecer em 18 meses. A colheita se dá apenas uma vez por ano, no período de novembro a janeiro. O plantio é realizado no período das chuvas (de dezembro a abril).
Os principais municípios do Amazonas produtores de guaraná são Maués (300 toneladas em 2008) e Urucará (60 toneladas em 2008), seguidos, em menor escala de produção, por Coari, Apuí e Parintins. Em 2008, a produção total do estado chegou a 766 toneladas.
Procura é maior do que oferta de guaraná no Amazonas, defende secretário
O incentivo à produção de guaraná na região do Baixo Amazonas pode representar um novo rumo para a economia local. Esta é a opinião do titular da secretaria de produção do município de Urucará, Pedro Castro da Silva.
Em entrevista à Agência Brasil, ele declarou que a procura pelo guaraná no Amazonas é atualmente maior que a oferta do produto aos mercados nacional e internacional.
“Tem comprador de guaraná por todo lado. Podemos aumentar a produção sem medo porque tem comprador. Com a ajuda do governo, vamos conseguir aumentar as áreas cultivadas e, obviamente, a nossa produção”, disse.
Segundo o secretário de Produção Rural no Amazonas, Eron Bezerra, a instalação de agroindústrias, capazes de fazer a transformação do fruto e gerar novos produtos como o guaraná em pó ou em bastão, é outro resultado esperado pelo governo estadual, a partir do fomento à produção no Amazonas.
“Por que não agregar outros valores que permitam exatamente a verticalização da produção? Ajudar essas comunidades a se estruturarem com agroindústrias capazes de beneficiar o produto de maneira geral também é uma meta nossa. Xaropes e refrigerantes em pequenas escalas também poderão ser feitos nessa região”, avaliou Bezerra.
Matéria de Amanda Mota, da Agência Brasil, publicada no EcoDebate, 25/02/2009.
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