Pesquisadores avaliam a poluição causada por pisciculturas instaladas ao longo da costa
Pesquisadores concluem que os resíduos são transportados distâncias maiores que anteriormente calculada
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] A piscicultura, uma forma relativamente barata para fornecer proteína barata para uma crescente população mundial, fornece agora, por algumas estimativas, 30% do peixe consumido pelo homem. E, na exata medida do crescente esgotamento dos ‘estoques” marinhos, a partipação relativa da piscicultura tende a aumentar. Duzentas e vinte espécies de peixes, crustáceos e moluscos são já cultivadas comercialmente.
A piscicultura é um uma atividade comercial crescente, com grandes vantagens em termos de atendimento à demanda por peixes, mas também pode ter impactos ambientais indesejados, principalmente se as áreas de cultura estiverem próximas de áreas costeiras sensíveis.
Em primeiro lugar, há a produção concentrada de resíduos orgânicos de milhares de peixes, ao qual também se acrescentam os resíduos de grandes quantidades de rações. Os resíduos podem transportar doenças aos peixes oceânicos, causando danos indiretos nos estoques marinhos. Os fosfatos e nitratos produzidos também ‘alimentam’ as algas que podem reduzir o oxigenio dissolvido na água, aumentando as zonas mortas marinhas.
Estas foram algumas das considerações feitas pelo pesquisador Jeffrey Koseff, um professor de engenharia civil e ambiental do Woods Institute for the Environment, da Universidade de Stanford. Os resultados da pesquisa foram apresentados durante a palestra “Characteristics of Waste Plumes from Aquaculture Pens in the Marine Environment“, ocorrida durante o simpósio “Aquaculture Impacts, Standards, and Sustainability“, na programação do dia 15/2, da reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (American Association for the Advancement of Science), instituição equivalente à nossa SBPC.
A simulação computacional, realizada pelo pesquisador, e baseada em sofisticadas análises de dinâmica de fluidos, demonstrou que esta poluição da piscicultura pode atingir maiores distâncias da costa e em altas concentrações, fato que ainda não era levado em consideração.
“O que temos basicamente que questionar é o velho ditado que ‘A solução para a poluição é diluição’ “, disse ele. “É muito mais complicado.”
O fluxo das correntes limpa as áreas de cultura, mas pode transferir a poluição para o ecossistema de um maguezal ou, até mesmo, em praias públicas. Caso o fluxo da correntes seja insuficiente, a deposição excessiva de materiais orgânicos pode criar uma nova zona morta.
Em resumo, a piscicultura é uma atividade potencialmente poluente e isto deve ser levado em consideração durante o processo de licenciamento ambiental, que passa a ser mais complexo do que anteriormente se pensava.
[Do EcoDebate, 17/02/2009, com informações de Dan Stober, da Universidade de Stanford]
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