Futuro secretário de energia da administração Obama diz que os EUA precisam de matriz poluente
Termelétrica a carvão nos EUA, em foto da AP
O futuro secretário de Energia dos EUA, Steven Chu, reconheceu ontem que o país não tem condições de abandonar o uso do carvão como uma de suas principais fontes de energia, apesar da sua contribuição para o aquecimento global e do ceticismo que cientistas como ele mesmo têm exibido diante dos esforços feitos para atenuar seu impacto ambiental.
Metade da eletricidade consumida nos EUA é gerada em usinas que usam carvão como combustível, o que contribui para aumentar significativamente as emissões de gás carbônico do país. Laboratórios do governo e do setor privado há anos tentam desenvolver tecnologias para capturar esses gases e evitar que eles cheguem à atmosfera, mas existem dúvidas sobre sua eficácia e sua viabilidade comercial. Matéria de Ricardo Balthazar, do Valor Econômico, 14/01/2009.
Numa audiência realizada ontem pelo Senado para examinar sua indicação para o Departamento de Energia, Chu prometeu manter o financiamento desses projetos e procurou se distanciar de pronunciamentos que fez no ano passado, quando classificou o carvão como seu “pior pesadelo” e expressou dúvidas sobre os resultados das pesquisas em curso nessa área.
“Nossos depósitos de carvão são imensos e estou muito esperançoso e otimista que conseguiremos imaginar meios de usar esse combustível de forma limpa”, afirmou Chu, dobrando-se às pressões que recebeu durante a audiência de senadores ligados a Estados com grandes reservas de carvão. “Precisamos desenvolver essas tecnologias.”
Ele lembrou que outros países com depósitos abundantes de carvão, como a China, a Índia e a Rússia, também não pensam em abrir mão desses recursos, o que complica os esforços internacionais para combater o aquecimento global. “Alguns pensam que talvez possamos parar de usar carvão”, afirmou Chu. “Mesmo se o fizermos, a China e a Índia não o farão.”
Cientistas e ambientalistas receberam com entusiasmo a indicação de Chu para o Departamento de Energia. Ganhador do Prêmio Nobel de Física, ele dirigiu o Laboratório Nacional Lawrence em Berkeley, na Califórnia, um centro de pesquisas do governo que se dedicou ao desenvolvimento de biocombustíveis e outras fontes de energia renovável sob sua liderança.
Mas a audiência de ontem no Senado serviu como uma amostra dos obstáculos que o presidente eleito Barack Obama encontrará se quiser levar adiante os planos ambiciosos que lançou na campanha eleitoral para expandir a produção de energia limpa nos EUA e conter as mudanças no clima do planeta.
Obama defende a adoção de um sistema que criaria limites para emissões de carbono e obrigaria grandes poluidores a adquirir licenças especiais em leilões do governo. Muitos no Congresso não gostam da idéia por causa dos custos impostos a indústrias e consumidores. Chu disse que preferiria um sistema com regras “mais simples”, mas não quis se aprofundar na análise da proposta feita por Obama na campanha.
Nota do EcoDebate: a utilização do carvão na geração de energia elétrica é um dos temas mais complexos nos debates sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas. Como informação adicional sugerimos que leiam o editorial “Termelétricas a carvão continuam reinando absolutas“, de 06/10/2009.
[EcoDebate, 15/01/2009]
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