COP 14, Cúpula de Poznan, termina sem avanços e com conflito entre pobres e ricos
Todos concordam em reduzir emissões. A questão é: como?
Após 12 dias de negociações, nações ricas são criticadas por emergentes e países em desenvolvimento por não aceitarem ampliar o financiamento do Fundo de Adaptação para combater as conseqüências do aquecimento global.
A conferência mundial sobre mudanças climáticas das Nações Unidas chegou ao fim neste sábado (13/12) em Poznan, na Polônia, com um conflito entre países ricos e nações em desenvolvimento.
A União Européia e outros Estados desenvolvidos se negaram a aceitar uma exigência destes últimos de que fosse imposta uma taxa de 2% sobre todas as transações no mercado de emissões de carbono, a fim de ampliar o fundo de ajuda aos mais pobres.
Por mais que tenham finalmente liberado 60 milhões de dólares para o Fundo de Adaptação, destinado a ajudar países em desenvolvimento e emergentes a lidar com as conseqüências da mudança climática, a União Européia admitiu que seriam necessários bilhões para dar conta da tarefa.
Mesmo assim, os países industrializados disseram que é cedo demais para a sugestão, o que gerou fortes críticas. A Índia acusou as nações ricas de “crueldade, estrategismo e ofuscação”, lembrando que as vítimas das mudanças climáticas são freqüentemente os mais pobres.
Para o representante indiano, Prodipto Ghosh, milhões de pessoas sofrem pois os países ricos não estão dispostos a ceder uma parte mínima de seus lucros com a venda de certificados de emissão. “Teremos que investir mais energia em diminuir o crescente fosso entre os dois lados”, disse o representante do Gana. “É um fosso de visão, o que não é um bom sinal para o futuro.”
Esperando Obama
A maratona de quase duas semanas de negociações resultou em pouco progresso nas principais questões, entre elas a redução das emissões de gases-estufa, devido principalmente ao fato de muitos países estarem aguardando até que Barack Obama assuma o governo dos Estados Unidos em 20 de janeiro próximo.
Além disso, a linguagem emocional na sessão de encerramento fez com que a tentativa de redigir uma declaração conjunta falhasse, com muitos representantes ressaltando a dificuldade de se levar adiante a luta contra o aquecimento global em época de crise econômica – tema abordado por diversos palestrantes.
Depois de Kyoto
De modo que não foram definidas metas claras de redução das emissões, nem houve progressos na luta contra o desmatamento florestal. Mesmo assim, os representantes de 189 países aprovaram um plano de ação que define os rumos de negociações até a cúpula de Copenhague em dezembro do ano que vem e confirma o ano de 2009 como prazo para que estas se encerrem.
Os países industrializados cederam também à pressão dos emergentes ao aceitar que o acesso às verbas do fundo de ajuda seja facilitado, sem que nações pobres tenham que passar por longos e burocráticos processos.
A decisão coloca agora os países emergentes sob pressão para que concordem em reduzir suas emissões. O objetivo é que se aprove em Copenhague um tratado global em substituição do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
DW (rr)
Matéria da Agência Deutsche Welle, DW-WORLD.DE, 13/12/2008
[EcoDebate, 15/12/2008]
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