Projeto Pintadas Solar, que busca melhorar recursos hídricos na Bahia, ganha prêmio internacional
Com as tecnologias a população está conseguindo vender o excedente produzido (Foto: arquivo pessoal)
O projeto Pintadas Solar foi um dos cinco vencedores do SEED Awards de 2008. O projeto busca melhorar os recursos hídricos para a agricultura, por meio de duas tecnologias, diversificando a produção alimentícia e conseqüentemente melhorando a segurança alimentar da população. A pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz Débora Cynamon, do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental, é a coordenadora de adaptação do projeto em Pintadas, cidade a 250 quilômetros de Salvador.
A iniciativa SEED tem como missão promover parcerias em prol do desenvolvimento sustentável em sintonia com as Metas de Desenvolvimento do Milênio da OMS e a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável (Rio+10). O prêmio se traduz em suporte técnico, desenvolvimento de plano de negócios e articulação com redes e financiadores para que as tecnologias se expandam para outros locais.
Ao todo, concorreram ao prêmio cerca de 400 experiências de cem países, com cinco selecionadas. O projeto integra a iniciativa SouthSouthNorth (SSN), envolvendo seis países (Brasil, Tanzânia, Moçambique, África do Sul, Indonésia e Blangadesh), cada um trazendo sua experiências na área de mitigação às mudanças climáticas. Segundo Débora Cynamon, a escolha de Pintadas ocorreu pelo fato de o município estar localizado no semi-árido baiano com longos períodos de seca.
O projeto está ancorado na Rede Pintadas, uma articulação que desde 1999 mobiliza mulheres, jovens, apicultores, agricultores e religiosos, trabalhando com o poder público na execução de ações que promovam o desenvolvimento sustentável. “Nosso trabalho foi otimizar a água reservada em cisternas, por meio de duas formas de irrigação, com sete diferentes famílias. Uma é chamada gotejamento e a outra, organoponia”, explicou a pesquisadora.
Cinco famílias com acesso mais facilitado às cisternas receberam a tecnologia de gotejamento, que consiste em um tubo com pequenos furos que gotejam a dose exata de água sobre as plantações duas vezes ao dia. Duas famílias ficaram com o sistema de organoponia – um tipo de estufa abastecida por calhas elevadas – que contém uma espécie de esponja molhada de onde os brotos vão germinando para o caso de verduras e legumes. “Os resultados foram excelentes, porque essas famílias conseguiram, com a mesma quantidade de água, aumentar e diversificar a produção alimentícia”, afirmou.
As famílias foram selecionadas a partir de critérios pré-estabelecidos, privilegiando pequenos agricultores com acesso restrito à água. É importante ressaltar que aproximadamente 90% dos legumes e verduras vendidos em Pintadas são oriundos de outros municípios. Com essas tecnologias, a população está conseguindo vender na feira da cidade o excedente produzido. Em geral, são produzidos feijão, milho, tomate, alface, coentro e cenoura.
A partir de agora o objetivo é expandir essas tecnologias para outras famílias em Pintadas e para outros 15 municípios da região, chegando até a Paraíba ou o Piauí, de acordo com a pesquisadora. “Recentemente, realizamos também um seminário para criar uma base tecnológica para o semi-árido, ou seja, convocamos fabricantes de placa solares, das tecnologias de gotejamento e organoponia, de energia eólica, para que sejam feitos investimentos na região de forma a barateá-las e expandi-las pelo Nordeste”, concluiu.
* Notícia do Informe Ensp, Escola Nacional de Saúde Pública
[EcoDebate, 11/12/2008]
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