Carne de porco contaminada da Irlanda pode ter ido para 25 países
Foto de Carlos Lopes, no Publico.PT
DUBLIN/LONDRES (Reuters) – Carne suína irlandesa contaminada com dioxinas tóxicas pode ter sido exportada para cerca de 25 países, afirmou o chefe do departamento de saúde animal do país, neste domingo.
O governo irlandês ordenou o recolhimento de todos os produtos suínos de lojas, restaurantes e fábricas de processamento de alimento no país por conta da contaminação com dioxina, que em algumas formas e concentrações, e com longa exposição, pode causar câncer e outros problemas de saúde.
A vizinha Grã-Bretanha, maior mercado de exportação, alertou aos consumidores a não comer produtos suínos irlandeses depois que os testes revelaram contaminação.
“Acreditamos que esteja na ordem de 20 a 25 países. Certamente menos que 30”, afirmou o chefe do departamento veterinário, Paddy Rogan, em conferência de imprensa, falando sobre quantos países podem ter sido afetados.
Autoridades afirmaram que 10 fazendas na Irlanda e outras 9 na província britânica da Irlanda do Norte usaram ração de porco contaminada que fez Dublin anunciar o recolhimento dos produtos no sábado.
A Autoridade de Padrões Alimentícios britânica, um órgão do governo encarregado de proteger a saúde e os interesses públicos, afirmou que está investigando se qualquer produto suíno foi distribuído no Reino Unido — um grande importador da carne suína irlandesa.
“A Autoridade de Padrões Alimentícios está aconselhando hoje os consumidores a não comerem carne de porco ou produtos suínos, como bacon, salame e presunto, que tenham indicação de serem provenientes da Irlanda ou da Irlanda do Norte”, afirmou o órgão em comunicado.
O grupo de supermercados britânico Asda, controlado pelo gigante norte-americano Wal-Mart, informou que está retirando todos os produtos suínos irlandeses das prateleiras.
BAIXOS RISCOS, CONSUMIDORES PREOCUPADOS
O governo irlandês afirmou no sábado que os testes de laboratório com amostras de ração animal e gordura suína confirmaram a presença das dioxinas, com toxinas em quantidade de 80 a 200 vezes maiores que os limites saudáveis. Evidências preliminares indicaram que o problema provavelmente começou em setembro deste ano, acrescentou.
A Irlanda exportou 368 milhões de euros (467 milhões de dólares) em carne suína em 2007, metade disso para a Grã-Bretanha, mas a APA disse que “não acredita existir risco significativo aos consumidores britânicos.”
A Associação Irlandesa de Processadores de Carne Suína afirmou que a ração contaminada veio de um fornecedor e que a fonte foi isolada. A entidade afirmou que a indústria suína irlandesa movimenta cerca de 500 milhões de euros por ano.
Especialistas também afirmaram que o riscos aos consumidores é pequeno.
“Esses compostos precisam de muito tempo para acumular no corpo, assim um período de tempo relativamente curto de exposição teria um impacto pequeno no corpo”, afirmou o professor Alan Boobis, toxicologista no Imperial College London.
“Alguém precisaria ser exposto a altos níveis por um longo período de tempo antes de existir um risco para a saúde.”
A Comissão Européia afirmou que a Irlanda agiu bem e rapidamente no recolhimento dos produtos suínos locais.
Mas as pessoas em Dublin estão preocupadas. Teresa Moran, 57, dona de casa e mãe de cinco filhos, disse: “Tenho duas peças de porco no freezer e tenho medo de colocar minha vida em risco ao tocá-los. Não sei o que vamos fazer a respeito do presunto de Natal. Vamos esperar e ver.”
O ministro alimentício da Irlanda, Trevor Sargent, afirmou que o problema pode ter origem com os subprodutos de cozimento que são secos para serem usados como ração animal. O combustível usado no processo de secagem deveria ter sido um óleo com graduação alimentícia.
“Temos nossas suspeitas desta vez de que o óleo usado não tinha grau alimentício e assim possa ter causado a contaminação que causou essa crise na indústria, mas que afetou uma quantidade pequena de carne.”
Por Andras Gergely e Kate Kelland, da Agência Reuters, no UOL Notícias, 07/12/2008 – 17h22.
Nota do EcoDebate: assim como aconteceu com a Itália, no caso da contaminação de dioxina no queijo mozarela, a Irlanda agora também enfrenta um escandaloso caso de contaminação de alimentos por dioxinas. E, tal como ocorreu com a Itália, o caso expõe a hipocrisia do protecionismo europeu, tradicional “usuário” do método de dois pesos e duas medidas, porque nem de longe estão fazendo o mesmo “escândalo” que tradicionalmente fazem, diante de qualquer desculpa para denunciar os produtos do terceiro mundo.
Sobre este caso de contaminação sugerimos que leiam, também “Comentário de Henrique Cortez, do Ecodebate, sobre a matéria Carne de porco contaminada da Irlanda pode ter ido para 25 países”
Para maiores informações sobre o caso da contaminação de dioxina no queijo mozarela sugerimos que leiam: “dioxinas: Possível contaminação de mozarela de búfala preocupa Itália” ; e “Ministra italiana ordena retirar lotes contaminados de muçarela de búfala. CE não adotará mais medidas contra muçarela após a resposta da Itália” .
[EcoDebate, 08/12/2008]
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