COP 14: ONU alerta para o aumento da capacidade de resposta aos desastres climáticos
As Nações Unidas e seus parceiros humanitários alertaram ontem, durante a COP-14, da necessidade do reforço de recursos, em escala global, para aumentar a capacidade de resposta às catástrofes impostas pelo clima.
O Comitê Permanente Inter-Agências, compreendendo cerca de 20 agências da ONU e organizações de ajuda humanitária, e a Estratégia Internacional da ONU para a Redução de Desastres (UN International Strategy for Disaster Reduction ISDR), emitiram o alerta em Poznan, na Polônia, durante os debates da COP 14, sobre as mudanças climáticas.
“A mudança climática não é um cenário futurista”, advertiu John Holmes, Sub-Secretário-Geral para os Assuntos Humanitários. “Está acontecendo hoje e milhões de pessoas já estão sofrendo as conseqüências.”
No ano passado, 2007, inundações devastadoras na África sub-saariana e na China, as ondas de calor no Sudeste da Europa, a seca na África Austral e Oriental e a violenta temporada de furacões no Caribe devem servir como um aviso do futuro, acrescentou.
Nove dos 10 desastres naturais registrados estão relacionados com as mudanças do clima e o número de catástrofes duplicou, para mais de 400 por ano, ao longo das últimas duas décadas.
No decurso dos próximos 20 anos, é esperado que a intensidade, freqüência, duração e extensão dos desastres relacionados ao clima sofram um grande incremento ao redor do mundo.
De acordo com um comunicado divulgado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (UN Office for the Coordination of Humanitarian Affairs OCHA), investindo na redução dos riscos, pode-se reduzir a quantidade de recursos necessários para responder às emergências.
Por exemplo, a China evitou perdas de cerca de US$ 12 bilhões, como resultado do pouco mais de US$ 3 bilhões de investimentos no controle de inundações entre 1960 e 2000.
O Brasil, neste momento, sofre simultaneamente de alguns dos desastres que podem ser ampliados com as mudanças climáticas.
O nordeste sofre com a seca, que já havia superado marcas históricas no norte de Minas Gerais [vejam em Especial: Seca no norte de Minas Gerais http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/11/19/especial-seca-no-norte-de-minas-gerais/ ]
Em Campos, no Rio de Janeiro, já passam de 15 mil desabrigados e desalojados pelas enchentes, agravadas pela construção de diques irregulares, que foram responsáveis pelo represamento de rios e lagoas da região.
Em Santa Catarina, as enchentes e os deslizamentos de encostas instáveis resultaram em 118 mortos, 31 desaparecidos e 78 mil desabrigados e desalojados.
Mas é em Santa Catarina que ocorre uma ótima representação do que alerta a ONU. A cidade de Brusque, no vale do Itajaí, pouco sofreu com as chuvas, em razão da união de preparação para desastres e cuidado ambiental.
Em Brusque, depois de severas enchentes, foi construído um canal extravasor para “administrar” o excesso de vazão do rio Itajaí, reduzindo o risco de enchentes. Ao mesmo tempo, as várzeas do rio e as encostas instáveis não foram ocupadas, respeitando as Áreas de Preservação Permanentes-APPs.
A inércia internacional, na qual estamos incluídos, impedirá os necessários avanços na redução das emissões de gases estufa e, diante disto, devemos nos preparar para severas conseqüências. É o que alerta a ONU e o que Brusque demonstra ser possível.
* Com informações do UN News Centre
Por Henrique Cortez, do EcoDebate.
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