União Européia quer definir divisão dos custos de plano climático em Poznan
Um aerogerador produz energia sem poluir diante da usina de Vattenfall, na Alemanha
Países da União Européia pretendem diminuir 20% suas emissões de gás carbônico até 2020, mas não conseguem chegar a um acordo sobre a divisão dos custos dessa redução. Consenso deverá ser alcançado em Poznan, na Polônia.
A União Européia (UE) chega dividida à cidade polonesa de Poznan, onde a partir desta segunda-feira (01/12) acontecerá mais uma conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Paralelamente às discussões conduzidas pela ONU, os europeus querem fechar um acordo interno que permita a execução do seu ambicioso plano climático.
Acertado em março de 2007, o plano da UE prevê uma redução de 20% nas emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2020 em comparação com 1990. Os 27 países-membros, a Comissão Européia e o Parlamento Europeu se digladiam agora sobre a divisão dos custos de execução desse plano entre os países-membros e os setores industriais.
Até agora, as negociações pouco avançaram, e o cronograma europeu prevê que os chefes de governo e de Estado cheguem a um acordo nos dias 11 e 12 de dezembro, os dois últimos dias da Conferência de Poznan. No dia 17, será a vez do Parlamento Europeu se pronunciar.
Consenso difícil
Na última sexta-feira (28/11) , integrantes da Comissão Européia ressaltaram que não há um plano B para o caso de fracasso nas negociações. Ao todo, a implementação das medidas previstas no pacote deverá custar cerca de 90 bilhões de euros às 27 nações.
O último país a bloquear um consenso foi a Itália, que argumentara que os custos previstos para o governo e a indústria italianos estavam abaixo do valor real. Mas Roma acabou concordando com os valores estimados por Bruxelas.
A Itália, assim como a França, a Alemanha e outros países industrializados, temem que execução do plano diminua a competitividade de sua indústria no mercado mundial. Cálculos feitos pela indústria mostram que, até 2020, esses custos chegariam a 7,2 bilhões de euros apenas para seis setores (aço, outros metais, material de construção, vidro, químico e papel).
Polônia e Alemanha pedem exceções
Países de passado comunista, como a Polônia e a Romênia, defendem que suas economias, menos desenvolvidas, tenham que arcar com custos mais leves que os países industrializados. A Polônia, em especial, quer proteger suas usinas termelétricas, responsáveis por mais de 90% da energia elétrica consumida no país.
A Alemanha também defende que alguns dos seus setores industriais sejam privilegiados. São eles aço, cimento e químico, que consomem muita energia.
Mesmo dentro da Comissão Européia não há consenso. O comissário europeu da Indústria, Günter Verheugen, está entre os que defendem que os objetivos de proteção climática sejam amenizados na atual época de crise. “Faz sentido que a política ameace um setor industrial com multas elevadas e ao mesmo tempo lhe ofereça ajuda financeira?”, argumentou. A União Européia quer obrigar as montadoras a produzir veículos menos poluentes. Quem estiver fora da norma estará sujeito a multas.
Copenhague
O encontro em Poznan é preparatório para a Conferência de Copenhague, em 2009, onde deverá ser definido um documento que sucederá o Protocolo de Kyoto. A UE defende que os países industrializados reduzam suas emissões em 30% até 2020, tomando como base os níveis de 1990. Os europeus querem também convencer os Estados Unidos, a China e a Índia a se unirem aos esforços contra o aquecimento global.
O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, disse não esperar que a Conferência de Poznan produza um projeto pronto para 2009. “Em Poznan deverá ser definida uma base para as negociações. E então vamos utilizar o ano de 2009 para preencher essa base”, afirmou.
DW/Agências (as)
* Matéria da Agência Deutsche Welle, DW-WORLD.DE
[EcoDebate, 02/12/2008]
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