ONU recomenda unificação de esforços contra desertificação

Cidade da Praia, 2 dez (Lusa) – A Rede de Parlamentares da Convenção das Nações Unidas de Luta Contra a Desertificação (UNCCD) recomendou a unificação de esforços em nível parlamentar para conservar a terra e impedir o avanço do fenômeno.

A recomendação surgiu durante uma reunião do Comitê Diretor do 7º Fórum dos Parlamentares da UNCCD, realizada na Cidade da Praia, capital de Cabo Verde, aproveitando a visita do secretário executivo da convenção, Luc Gnacadja.

“É necessário unir esforços mundialmente em nível parlamentar para conservar a terra e impedir o avanço da desertificação, que pode constituir uma ameaça para os seres humanos”, recomendaram os parlamentares.

Luc Gnacadja disse que a desertificação continua “não sendo reconhecida como uma ameaça para os seres humanos”, uma realidade que tem de mudar, pois “as terras secas causadas pelas mudanças climáticas fazem com que haja hoje 20 milhões de terras degradadas”.

“Este fórum permite uma troca de impressões e experiências para que se possa reunir um conjunto de ações, a serem implementadas durante os próximos dez anos”, ressaltou.

O presidente da Assembléia Nacional de Cabo Verde, Aristides Lima, em representação da África, disse que a estratégia traçada pela UNCCD “é o instrumento-quadro mais elaborado para mobilizar a vontade e os recursos de todos os interessados”.

Trata-se de “preparar o mundo para um combate mais determinado contra a desertificação, para a atenuação e redução dos seus efeitos sobre a vida dos povos”, disse Lima.

Esforços

O Comitê Diretor tem como tarefas estudar a organização dos parlamentos no reforço da intervenção na área do ambiente e combate à desertificação e à pobreza, estimular a aprovação de Planos de Ação Nacionais e a sua interligação com as estratégias de redução da pobreza, além da contribuição para aproximar os deputados das instituições que lutam contra a desertificação.

“A globalização não é só internet, é também partilhar as responsabilidades sobre a terra, trocar experiências, transferir conhecimentos e apoiar-nos mutuamente nesta tarefa”, afirmou a eurodeputada espanhola Cristina Cortinez.

Do encontro saiu também a recomendação da prática de mais agricultura, sendo que os agricultores devem ser apoiados na proteção do solo.

Neste sentido, Cristina Cortinez elogiou o trabalho que Cabo Verde está realizando, que no seu entender pode ser um exemplo inspirador no continente africano.

“É importante que os Parlamentos se unam e convençam os eleitores da necessidade de uma política de solo para evitar a destruição da terra e manter em definitivo os cultivos”, referiu.

“Necessitamos de mais agricultura e mais produtos, mas os agricultores não devem ser os únicos a lutar para a proteção da terra, temos de nos envolver todos na defesa da nossa única riqueza”, acrescentou.

* Matéria da Agência Lusa, 02-12-2008 19:05:16

[EcoDebate, 03/12/2008]

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