XV Curso de Formação de Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AAFIs)
A Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-AC), em parceria com a Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC), realiza o XV Curso de Formação de Agentes Agroflorestais Indígenas. O curso que acontece de 28 de outubro a 28 de novembro de 2008 na escola Centro de Formação dos Povos da Floresta, da CPI-AC, visa a formação técnica e profissional na área de gestão territorial e ambiental, aliando conhecimento tradicional e acadêmico para a conservação e o manejo dos recursos naturais. Neste módulo, estão presentes representantes das etnias Manchineri, Kaxinawa e Katukina. A formação tem seu currículo em analise pelo Conselho Estadual de Educação – CEE, e desde 1996 vem contando com o apoio de organizações governamentais e não governamentais como o Ministério do Meio Ambiente, pelo projeto do PD/A, a The Nature Conservancy – TNC e a Fundação Rainforest da Noruega.
O projeto de formação de Agentes Agroflorestais Indígenas acontece desde 1996, e tem como objetivo, possibilitar que os povos indígenas da Amazônia, por meio de processos participativos e educacionais culturalmente fundados, façam a identificação, sistematização, valorização e o uso de alguns dos conhecimentos e tecnologias relativos ao ambiente para a gestão de seus territórios. Segundo Renato Gavazzi, responsável pelo programa de gestão territorial e ambiental da entidade, “toda a metodologia de trabalho pedagógico tem como princípio “a autoria”, marca registrada dos processos educativos desenvolvidos pela CPI/AC há 25 anos. Através deste princípio, traduzido numa metodologia, os agentes da aprendizagem são chamados a pensar, produzir e aplicar os conteúdos do programa curricular daquela área, no caso, a questão ambiental, de forma a pôr em relação seus próprios conhecimentos prévios acumulados ao longo da história de sua etnia, com os saberes das demais culturas por eles requisitados para apropriação e incorporação na dinâmica de sua cultura”.
Durante este XV Curso de Formação de AAFI´s, estão sendo trabalhados domínios dos saberes relacionados as áreas de Agrofloresta, Monitoramento Ambiental, Ferramentas de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas, história, cultura e tradição e pesquisa indígena. Dentre as atividades realizadas nestes anos, podemos destacar a implantação de sistemas agroflorestais (SAFs), consorciados com piscicultura e quelonicultura, além de módulos profissionalizantes nas áreas de horta orgânica, produção de mudas, implantação e manejo de SAFs, legislação ambiental, produção de peças em madeira, manejo de animais silvestres e geoprocessamento.
As formações também abrem espaço para disciplinas de formação básica como geografia, matemática, história e línguas, e outras atividades, como levantamentos e pesquisas ao uso e manejo da biodiversidade.
A Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC) vem desde 2001, junto ao governo do estado, tentando que seja reconhecida profissionalmente através da criação de um concurso público. Vale ressaltar que a atuação dos agentes agroflorestais indígenas trabalhando na gestão territorial e ambiental de suas terras indígenas do Acre, acabou criando atores semelhantes em outros estados brasileiros, principalmente na Amazônia legal, como no Parque Indígena do Xingu (Agente de Manejo), no Amapá Oiapoque (Agente Ambiental), Alto Rio Negro – Amazonas (Agente de Manejo), Yanomami (agente agroflorestal) e no Timbira – Tocantins / Maranhão (agente ambiental).
* Informe enviado por Frederico Lobo, Assessoria de Comunicação, Comissão Pró Índio do Acre – CPI – AC
[EcoDebate, 22/11/2008]
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