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Artigo

O que fazer com tantos eucaliptos? artigo de Paulo Mendes Filho

[What to do with so many eucalypts? article by Paulo Mendes Filho]

Monocultura de eucalipto
Monocultura de eucalipto

A pressão pelas papeleras mobilizou o governo Yeda desde o início do mandato. Por conta dessa pressão, foi atropelado o Zoneamento Ambiental da Silvicultura, produto bem acabado, de vários cientistas, professores, trabalhadores da Fepam e da Fundação Zoobotânica.

Estivemos presentes em todas as audiências públicas organizadas pela FEPAM, Força Sindical e papeleras. Assistimos, em minoria, a força organizada do monopólio dos eucaliptos, defensores das empresas que repudiavam o zoneamento ambiental e prometiam milhares de empregos a partir da liberação do plantio.

Com fortes argumentações pró-desenvolvimento estes setores organizados defensores manifestavam-se a favor do crescimento do estado. Em seus discursos inflamados de certeza lembravam a perda da Ford, dos empregos e, de maneira taxativa, contabilizavam ao PT e ao Governo Olívio esta derrota. Pois bem, passado quase um ano daquele fervoroso debate assistimos perplexos a desistência destas multinacionais, em especial da Aracruz que prometeu uma super ampliação da Fábrica de Guaíba.

E agora? Depois de terem mudado o zoneamento, depois de plantarem as mudas, depois de incentivar milhares de agricultores dos benefícios de plantar eucaliptos em detrimento da pecuária e da agricultura, depois de prometer milhares de novos empregos, estas poderosas empresas decidem abandonar o barco, não querem mais brincar porque perderam fortunas no cassino financeiro. Ou seja, NÃO vão investir MAIS no Rio Grande do Sul.

Quantas pessoas de bem acreditaram no projeto e se lançaram na expectativa do ouro verde? Quantos empregos sonhados? Quantos prefeitos mobilizados e motivados com a expectativa da geração de empregos? Quanta desgraça ambiental já concedida por conta do argumento destes empregos de papel? Quanta área de plantio de alimento trocada por estes paus de eucaliptos? E aí, vão embora e dizem que NÃO FICAM.

Onde estão os defensores dos empregos, aqueles que acusavam os ambientalistas de mandar embora as papeleras? Como justificar que a Aracruz não vai investir na metade sul. E o povo de Guaíba que chorou a perda da Ford e culpou inocentemente o Governo Olívio, está culpando a Yeda e a sua base política pela perda da Aracruz?

E agora, o que fazer com tantos eucaliptos plantados? Quem sabe algum dos deuses da natureza escreveu certo por linhas tortas. Quem sabe não é a hora de rever a política de silvicultura, voltar no tempo, informar os riscos para que outros não entrem nessa fria. Socorrer os que foram passados para trás pelas multinacionais, disponibilizar uma linha de crédito para arrancar estes tocos da terra e por fim incentivar através da EMATER para que os agricultores voltem para a sua vocação original, produtores de alimentos e não de celulose.

Paulo Mendes Filho é diretor do Semapi (Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento) e Funcionário da Emater-RS.

[EcoDebate, 04/11/2008]

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