Níveis de metano na atmosfera começam a aumentar novamente, depois de uma década de estabilidade
[Levels of methane in the atmosphere began to rise again, after a decade of stability]
Image:2007 MBARI. Escape de metano no oceano Ártico, a partir do aumento de temperatura e descongelamento do permafrost.
A quantidade de metano na atmosfera da Terra disparou em 2007, pondo fim a estabilidade que durou cerca de uma década. O aumento dos níveis de metano, que potencializam os riscos do aquecimento global, foi identificado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Por Henrique Cortez*, do Ecodebate.
Os níveis de metano na atmosfera mais do que triplicaram desde tempos pré-industriais, representando cerca de um quinto da contribuição humana para o aumento de gases com efeito estufa. Até recentemente, os níveis de metano eram considerados estáveis, com a taxa de emissão, a partir da superfície da Terra, relativamente proporcional com o ritmo da sua destruição na atmosfera.
No entanto, desde início de 2007, este equilíbrio foi alterado, de acordo com um estudo a ser publicado, esta semana, na Geophysical Review Letters. No estudo, os pesquisadores Matthew Rigby e Ronald Prinn, dizem que o desequilíbrio já resultou em vários milhões de toneladas adicionais de metano na atmosfera.
O metano é, essencialmente, produzido pelas zonas úmidas, arrozais, gado, aterros sanitários, indústrias do carvão e gás e, atualmente, no derretimento do permafrost. O metano, na atmosfera, é destruído pela reação com o radical livre hidroxila (OH).
Uma característica surpreendente deste crescimento recente é a de que ela ocorreu quase simultaneamente em todas as medições locais em todo o globo. No entanto, a maior parte das emissões de metano ocorre no hemisfério norte, a partir do qual demora mais de um ano para ser misturado aos gases produzidos no hemisfério sul. Assim, a análise teórica das medições, mostra que, se o aumento das emissões é o único responsável, estas emissões devem ter subido em ambos os hemisférios, ao mesmo tempo.
O aumento de emissões de metano no hemisfério norte pode ter ocorrido ao aquecimento nas regiões mais frias e o derretimento do permafrost, tal como observado na Sibéria ao longo de 2007, o que, possivelmente elevou ao aumento das emissões a partir de bactérias nas zonas úmidas descongeladas. No entanto, o potencial para causar um aumento das emissões no hemisfério sul ainda não é claro.
Uma explicação alternativa para o aumento, pelo menos parcialmente, pode ser uma queda nas concentrações de livre hidroxila (OH), redutor do metano.
Os pesquisadores pretendem continuar o estudo e ampliar as medições, usando uma resolução muito mais alta do modelo de circulação atmosférica medições adicionais de outras redes.” Mas, fazendo isso, os estudos adicionais poderiam demorar mais um ano, o que pode ser um problema, considerando que o aumento dos níveis de metano tem importantes conseqüências para o aquecimento global.
Os pesquisadores reconhecem que é muito cedo para dizer se este aumento representa um retorno ao crescimento sustentado de metano ou o início de uma anomalia relativamente de curta duração. Tendo em conta que o metano é 25 vezes mais potente como um gás com efeito de estufa que o dióxido de carbono, a situação irá requerer um acompanhamento atento, num futuro próximo.
De qualquer forma, é uma informação adicional aos alertas emitidos por diversos pesquisadores quanto ao risco do crescente derretimento dos solos congelados, considerando que o permafrost atua bloqueando o escape do metano para a atmosfera.
Uma versão deste artigo foi publicado no MIT Tech Talk, em 29 de outubro de 2008,
(baixar PDF).
Fontes naturais do metano na atmosfera. Gráfico do IPCC
* Com informações do MIT News Office
[EcoDebate, 31/10/2008]
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